No dia 25 de julho de 1824, na Província de São Pedro, desembarcou a primeira leva de 39 imigrantes alemães na Real Feitoria do Linho Cânhamo (São Leopoldo), totalizando 33 evangélicos e seis católicos. Ao longo do tempo, com o crescimento e a prosperidade da colônia, surgiu a necessidade de uma imprensa voltada àquela comunidade. A referência mais antiga à imprensa alemã, na província gaúcha, está ligada à Revolução Farroupilha (1835-1845).Em 1836, começou a circular O Colono Alemão. Impresso em Porto Alegre devido à inexistência de tipografia na Colônia de São Leopoldo, o jornal de Hermann Von Salisch (1797-1837) incitava os colonos a participarem da guerra. O jornalista Sérgio Dillenburg, em seu livro A Imprensa em Porto Alegre de 1845 a 1870, registra que o primeiro jornal impresso em alemão, na América Latina, foi o Der Colonist (O Colono). Criado, em 1852, na capital gaúcha, sob a responsabilidade de José Cândido Gomes, iniciou bilíngue e visava conquistar eleitores alemães no processo político da província.
No ano de 1854, Teobaldo Jaeger, radicado no Rio de Janeiro, comprou o jornal Deutsche Einwanderer (1853-1861). Ao mudar-se, trouxe a tipografia para Porto Alegre. Em 1861, as instalações foram vendidas a um grupo de comerciantes alemães que fundou o Deutsche Zeitung (1861-1917). Nele, o jornalista Karl Von Koseritz (1830-1890), de pensamento liberal e anticlerical, defendia a integração do colono alemão com a pátria brasileira. No ano de 1881, ele se afastou da redação e fundou o Koseritz Deutsche Zeitung, que, em 1906, alterou seu título para Neue Deutsche Zeitung.
O Der Bote (1867-1878), de Julius Curtius Filho e Wilhelm Rotermund, foi o primeiro jornal evangélico impresso em alemão, em São Leopoldo, cuja missão era combater os privilégios políticos e religiosos dos alemães católicos. O Deutsche Post (1880-1928), também de orientação protestante, circulou na mesma região. Criado pelo pastor Wilhelm Rotermund, tinha caráter eclético com informações sobre literatura, política, produção artesanal, indústria e lazer social.
Em março de 1871, fundou-se, em São Leopoldo, o primeiro jornal católico, o Deutsche Volksblatt (Gazeta Popular Alemã), para responder aos ataques dos evangélicos e dos maçons. O jornalista Jacob Dillenburg foi o seu editor e impressor até 1874. No ano seguinte, o jornal foi vendido para a Companhia de Jesus. Em 1891, passou a ser impresso em Porto Alegre, na Tipografia do Centro Católico. Em setembro de 1895, o jornal publicou um artigo crítico, do seu proprietário, Hugo Metzler, sobre o maçom Giuseppe Garibaldi (1807-1882), que resultou na depredação da tipografia por italianos.
Durante a I Guerra Mundial (1914-1918), o Deutsche Volksblatt foi proibido de circular em alemão, alterando o seu título para Gazeta Popular. Em abril de 1917, a sua sede sofreu outra depredação. Ao término da guerra, o jornal retomou o seu antigo nome e voltou a ser impresso em seu idioma original. Ao final da década de 1930, o jornal passou a ser chamado de A Nação. O livro A Noite do Quebra-Quebra (1993), do jornalista Walter Galvani, registra que, durante a II Guerra Mundial (1939-1945), em 18 de agosto de 1942, a sede do jornal foi, novamente, depredada. Na realidade, o vandalismo ocorrido não se justifica, pois o jornal não apoiava os nazistas, sendo, inclusive, proibida a sua circulação na Alemanha.
Em 17 de março de 1956, A Nação sofreu um incêndio que destruiu a Tipografia do Centro S.A, localizada na Rua Doutor Flores. Embora tenha se recuperado do sinistro, sucumbiu à crise econômica dos anos 1960 e à concorrência de outros jornais da época.
O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, em Porto Alegre, guarda em sua hemeroteca, entre centenas de títulos, importantes jornais representantes da história da imprensa alemã em nosso Estado.
Colaboração de Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite, pesquisador e coordenador do setor de imprensa do Musecom.