Em fins de 1943, o desaparecimento de uma obra rara da Biblioteca Pública de Pelotas intrigou toda a cidade. Como alguém iria subtrair um volume pesando cerca de 10 quilos, com 64 centímetros de altura por 50 de largura? Tratava-se do álbum Brazil Pitoresco, do francês Charles Ribeyrolles, impresso em Paris, em 1861. Os jornais da época trataram do assunto como "um caso estranho, de aspectos misteriosos".
O autor do furto, apresentado como um "ladrão original", identificado como Manoel Vilanova Santos, levou a obra para o Rio de Janeiro, onde a confiou a um amigo, depois de arrancar-lhe a capa e separar cada uma das 50 lâminas com vistas e imagens curiosas do Brasil, além de relato e fotos do imperador Dom Pedro IIe sua família. O objetivo do ladrão era posteriormente vender as peças ao preço de mil cruzeiros a unidade. Mas ele acabou preso quando viajava, via aérea, para Buenos Aires.
O livro, remetido de volta a Pelotas, teve o auto de apreensão lavrado, em 2 de fevereiro de 1944, pelo delegado Galvão Xavier de Castro. Segundo a polícia, Vilanova justificou o furto dizendo que o álbum estava em "péssimas mãos e que havia retirado o documento para levá-lo a quem dele cuidasse com dedicação".
O Brazil Pitoresco, restaurado, encontra-se hoje na Biblioteca Pública de Pelotas, protegido numa caixa especial, como uma das mais valiosas raridades da casa.