
As longas filas registradas em Porto Alegre se repetem em outros municípios da Região Metropolitana. Em Viamão, na manhã desta quarta-feira (24), mais de 30 pessoas com suspeita de covid-19 aguardavam do lado de fora da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, na parada 36 da Avenida Senador Salgado Filho.
A maioria apresentava quadro leve da doença, o que faz a espera ser maior. Quem tem sintomas considerados graves é passado na frente.
Em frente à UPA, foram colocadas cadeiras sob uma cobertura — que tem pé direito alto e é bem arejada. As pessoas que aguardavam conseguiam manter o distanciamento. No entanto, era perceptível o desconforto devido aos sintomas: o barulho de tosse constante, o olhar abatido e as mãos em frente ao rosto em claro sinal de cansaço.
Dentro da unidade, 14 pacientes estão sendo acompanhados, em um espaço adaptado, enquanto aguardam a abertura de vagas em algum hospital da região. Desses, três precisam de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Parte do grupo está desde a última sexta-feira esperando, segundo a diretora da unidade, Izana Machado:
— A gente não tem UTI. Adaptamos a sala amarela para todos os (casos de) covid. Então, estão todos com máscara de hudson (com suporte de oxigênio) aguardando um leito.
Segundo ela, jamais havia ocorrido situação semelhante durante a pandemia. Por outro lado, a diretora afirma que não há nenhuma restrição no atendimento e não há falta de respiradores, oxigênio, equipamentos ou pessoal — a UPA recebeu reforço na equipe médica.
Para o diretor de regulação da Secretaria Estadual da Saúde, Eduardo Elsade, a situação reflete o momento atual da pandemia com a proximidade de esgotamento de leitos de UTI. Ele explica que, antes do agravamento do contágio, não havia necessidade de manejar pacientes por tanto tempo em prontos-atendimentos, mas a realidade agora é outra e "isso está acontecendo em todo o Estado".
— Não é a situação ideal. A ideal era janeiro. Algumas unidades até manejavam em casos leves, mas poderia ir direto para o hospital — comentou.
O diretor pondera que a Central de Regulação mantém contato com as unidades para verificar se algum dos pacientes que aguarda leito está apresentando piora no quadro. Se isso ocorrer, o paciente passa a ter prioridade na lista.