Os representantes empresariais do sul do Estado não gostaram das decisões dos prefeitos de Pelotas e Rio Grande de não reivindicarem a revisão da bandeira vermelha do modelo de distanciamento controlado. Representantes da Aliança Pelotas anunciaram a saída do comitê de crise formado pela prefeita Paula Mascarenhas durante a pandemia.
O presidente do Centro das Industrias de Pelotas (Cipel), Amadeu Fernandes, foi um dos representantes do grupo que deixou o comitê. Segundo Fernandes, as ultimas decisões foram tomadas pela prefeitura sem ouvir o lado empresarial. O dirigente argumenta que a medida de acatar sem recursos a bandeira vermelha pode aumentar o desemprego na cidade.
— Com certeza teremos um prejuízo enorme, teremos muito desemprego. Em março, quando tudo fechou, tivemos 9 mil pessoas demitidas. Estamos contrariados porque esperávamos sendo ouvidos. Não estamos em choque com a prefeita, em hipótese alguma não é contra a prefeita, e sim com a gestão durante a pandemia.
Paula afirma que lamenta a saída dos empresários e que sempre ouviu o setor na tomada de decisões. Na sua avaliação, a decisão de ingressar na bandeira vermelha foi necessária devido ao crescimento dos casos de coronavírus na cidade e na região:
— Respeito os empresários, lamento que estão irritados comigo, mas tenho que tomar decisões. Tivemos um aumento de internações de quase 30% em uma semana em Pelotas e a ocupação de todos os leitos de UTI em Rio Grande. Por isso, foi necessário ingressarmos na bandeira vermelha e aumentar as restrições na região para diminuir os casos.
O grupo de empresários da Aliança Rio Grande também se posicionou contra a decisão do prefeito Alexandre Lindemayer de anunciar a bandeira preta no modelo de distanciamento controlado criado pela própria prefeitura. As medidas mais restritivas que a bandeira vermelha começaram nesta segunda-feira (6) e proíbem, além das atividades comerciais não essenciais, as atividades industriais não essenciais.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Rio Grande (CDL Rio Grande), Igor Klinger, criticou o modelo próprio de distanciamento controlado da prefeitura e também a decisão de não ouvir os empresários sobre as tomadas de decisões:
— Não fomos sequer consultados sobre a nova decisão de parar as atividades. E ainda gastamos tempo e energia para um novo plano que nada mais é o que o governo do Estado já vem fazendo. Temos em Rio Grande um grande problema de falta de gestão pública.
GaúchaZH tentou contato com Lindemayer, mas por meio de sua assessoria ele informou que irá se manifestar pontualmente sobre o tema nos canais oficiais da prefeitura.
Segundo dados das prefeituras, Pelotas contabiliza 327 casos confirmados e seis pessoas morreram por covid-19 até as 13h desta terça-feira (7). Em Rio Grande, o número é de 396 casos e 10 mortes. A taxa de ocupação nos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) exclusivos para coronavírus em Rio Grande supera os 90%, já em Pelotas é de 30%.