O governador Eduardo Leite afirmou, nesta sexta-feira (12), que enxerga a possibilidade de algumas regiões serem classificadas com nível vermelho de risco para coronavírus, neste sábado (13), quando ocorrerá atualização das bandeiras. Na quinta (11), o governo anunciou o endurecimento no modelo de distanciamento controlado em vigor há cinco semanas no Estado.
— É prematuro ainda dizer o que pode vir a acontecer, mas projetamos que, com essas mudanças no distanciamento, é possível que tenhamos regiões com bandeira vermelha no próximo sábado, por conta dessa alteração (nas regras) — disse Leite, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Com a nova fórmula de cálculo, mais rapidamente uma região que tenha piora de indicadores passará de bandeira amarela e laranja para vermelha e preta. Conforme Leite, a decisão foi tomada após o governo analisar a deterioração de indicadores em regiões como Porto Alegre, Novo Hamburgo e Caxias do Sul.
— Isso é feito para que a gente tenha um modelo mais sensível a mudanças, neste momento em que observamos, na última semana, aumento de internações em algumas regiões do Estado, especialmente em Porto Alegre, Novo Hamburgo, serra gaúcha. Entendemos que o novo modelo vai ser mais sensível para evitar o colapso do sistema de saúde — afirmou.
Diferentemente de entrevistas anteriores, Leite evitou projetar o pico da covid-19 no Estado. O governador destacou, no entanto, que "vamos conviver com essa situação por mais alguns meses".
— Há uma série de análises, é importante trabalhar com projeções, mas há uma dinâmica que ainda não nos permite ter absoluta segurança. Entendo apenas que, por todas as projeções que já vi, que vamos conviver com essa situação por mais alguns meses. Projeto aí, certamente, durante o inverno todo e o início da primavera (...) vamos ter que conviver com algum nível de restrição. Vamos ter um longo período pela frente, mas não me arrisco a dizer quando voltaremos a alguma normalidade como a conhecemos — afirmou.
Dados divergentes
Leite também disse ter “preocupação” com a divergência nos números de casos ativos de coronavírus contabilizados pelas prefeituras e apresentados pelo governo do Estado. O problema foi detalhado em reportagem de GaúchaZH, nesta quinta-feira (11), mostrando que o número de casos ativos de covid-19 em 10 cidades gaúchas é até 154% maior do que indica a contagem estadual.
Conforme Leite, há um atraso para que os dados municipais sejam incluídos no sistema, o que “dificulta” a gestão estadual sobre coronavírus. Segundo o governador, a Secretaria Estadual da Saúde notifica os municípios para que informem os dados exigidos.
— Agora, de fato, essa informação defasada dos municípios é uma preocupação, tanto é que nossa Secretaria da Saúde vem notificando e atuando para que haja maior sintonia dos dados entre municípios e o Estado. Não compromete a nossa gestão, mas, de certa forma dificulta quando tem essa disparidade — disse.
Na mesma entrevista, Leite também garantiu que não há subnotificação de óbitos por coronavírus no Rio Grande do Sul pois, segundo ele, todos as mortes suspeitas são testadas. Leite disse ainda que o aumento de mortes, em 2020, registradas como síndrome respiratória aguda grave (srag) e não classificadas com coronavírus se deve à maior análise desse tema, por conta da pandemia.
— Tenho cobrado muito da nossa equipe essa questão de uma argumentação sobre as síndromes respiratórias (agudas graves), de subnotificação nos óbitos, e acho que é interessante acessar o portal da transparência do registro civil dos óbitos. Eles mostram que no ano passado tivemos um número muito maior de óbitos por pneumonia e insuficiência respiratória do que agora. (Por outro lado), há um lançamento muito maior de síndrome respiratória aguda grave neste ano do que no ano passado. O que não significa necessariamente subnotificação de coronavírus, mas, talvez, maior apuração dos dados, melhor análise, neste ano, até por conta da pandemia. Porque nossa equipe da Secretaria da Saúde assegura que toda a morte é investigada e são feitos os testes, em muitos casos refeitos, para assegurar a notificação correta — disse Leite.