Foi a percepção de que o crescimento consistente do número de casos e da ocupação de leitos de UTI exigia uma intervenção do Estado que levou o governador Eduardo Leite a alterar, depois de cinco semanas, o modelo de distanciamento controlado. As mudanças são sutis, mas devem produzir impacto já nas bandeiras que serão anunciadas neste sábado, com grandes possibilidades de pelo menos três regiões passarem de laranja para vermelho, o que implica maiores restrições às atividades econômicas.
Na apresentação feita nesta quinta-feira (11) por Leite e pela ex-secretária do Planejamento Leany Lemos, coordenadora do Comitê de Dados, ficou claro que o objetivo foi se antecipar a um possível colapso no sistema de saúde. Mesmo que esse modelo já estivesse valendo na semana passada, nenhuma região estaria com bandeira vermelha nesta semana. O problema é que nos últimos dias os números tiveram mudanças significativas e alguns indicadores cruciais estão com bandeira preta. Entre segunda (8) e quinta-feira, a ocupação de leitos de UTI por pacientes suspeitos ou confirmados de covid-19 subiu de 22,9% para 24,8%. Somado ao crescimento do número de casos, este é um dos principais motivos de ter disparado o sinal de alerta no Piratini.
De um modo geral, é possível dizer que na definição das bandeiras o governo dará mais atenção aos dados recentes e às projeções do que aos números do passado. Será mais fácil passar de uma situação branda para uma mais restritiva e mais difícil retornar ao status anterior. Se uma região atingir a bandeira vermelha ou preta, ficará no mínimo duas semanas nessa situação. Esse é um ponto muito importante. A ideia é evitar a liberação de atividades sem a garantia de que a situação regrediu.
Duas boas notícias foram dadas na entrevista: o credenciamento de mais 314 leitos de UTI e a chegada de 130 novos respiradores.
Leite fez um apelo aos empresários e à sociedade em geral:
— Precisamos da sociedade gaúcha engajada no modelo de distanciamento controlado, respeitando os protocolos. Se não houver respeito aos protocolos, vai haver aumento do número de casos e bandeiras vão migrar para cor de maior restrição.