A Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce) questiona a intenção do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, de fechar os shoppings da cidade. O presidente da entidade, Glauco Humai, enaltece os protocolos de segurança sanitária seguidos pelos estabelecimentos e reclama da falta de diálogo antes da tomada de decisão. Abrasce e prefeitura têm reunião virtual marcada para este domingo (14). A prefeitura ainda não publicou o decreto com as novas definições sobre o setor.
— O ideal era manter todo mundo em casa e o comércio fechado até encontrarmos uma vacina. Mas isso não existe, infelizmente. O mundo real é partirmos para a vida e correr certos riscos com responsabilidade. Alguns setores no Brasil precisam abrir. Não tem, no país, setor mais preparado para funcionar nestas condições atuais que os shoppings — opina Humai, concluindo: — É uma decisão que punirá um setor que voltou com responsabilidade.
Na sexta-feira (12), Marchezan adiantou que devido ao número de novas internações em UTIs da Capital ele voltaria a restringir o funcionamento de estabelecimentos como academias, restaurantes e shoppings. Um decreto com essas definições deve ser publicado neste domingo.
O representante da associação que reúne 577 shoppings no país afirma que 403 estão abertos de acordo com os protocolos da Abrasce. O conjunto de regras desenvolvido pela consultoria do Hospital Sírio-Libanês exige que todos utilizem máscaras e mantenham a higienização dos ambientes. Além disso, os estabelecimentos devem atender com horário especial de oito horas por dia ao invés das 12 normais (30% menos), permitindo apenas metade da capacidade do fluxo de pessoas (funcionários e clientes).
— Nossa proposta é de equilíbrio. Ninguém quer abrir shopping "tresloucadamente" — reivindica o presidente.
Humai diz entender a pressão sobre Nelson Marchezan, mas acredita que o prefeito tem experiência suficiente para contornar a situação. Na opinião da Abrasce, o gestor poderia até impor a medida do fechamento legalmente, porém, deveria antes "esgotar as possibilidades de entendimento entre as duas partes".
— O diálogo constrói pontos de vista, opiniões e convergência. Afetar, com uma canetada, a vida de milhares de empresas e trabalhadores sem ter dialogado nos deixa chateados — lamenta.