Apresentado em detalhes pelo governador Eduardo Leite neste sábado (9), o novo modelo de distanciamento social do Rio Grande do Sul é bastante complexo e, por isso, suscita muitas dúvidas. A meta da iniciativa, que deverá entrar em vigor a partir de segunda-feira (11) por meio de um decreto, é conciliar a proteção à saúde com a preservação da economia.
Confira perguntas e respostas sobre o que já se sabe a respeito das medidas.
1) Quais regiões têm a situação mais preocupante no Estado?
No dia 30 de abril, quando o governo do Estado divulgou a divisão em 20 regiões para o distanciamento controlado, duas regiões se encaixaram na bandeira vermelha: Passo Fundo e Lajeado. Durante a semana, porém, o Estado observou a evolução da doença em cada uma das regiões e, neste sábado (9), a região de Passo Fundo saiu da bandeira vermelha e se encontra, agora, na laranja. No entanto, a região de Lajeado permanece na bandeira vermelha, a única neste momento.
A movimentação se deu, conforme o governo do Estado, porque na região de Passo Fundo a capacidade de resposta hospitalar estadual permitiu um reforço de 10 leitos e a velocidade do avanço da doença estabilizou.
2) Minha cidade tem bandeira amarela. Posso sair na rua tranquilamente?
Não: enquanto a pandemia existir e o coronavírus for um risco, será preciso atenção às recomendações dos órgãos de saúde. Embora o Rio Grande do Sul apresente uma situação menos preocupante quando comparada à de Estados como Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo ou Pernambuco, a recomendação é não afrouxar os cuidados.
— Damos grande ênfase à prevenção e ao controle da evolução da covid-19. Nossas equipes conseguiram construir um modelo que, certamente, dará à sociedade um espelho daquilo que vivemos e daquilo que queremos viver no futuro, reunindo a priorização da saúde sem deixar de lado as questões econômicas — pondera a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann.
3) Há previsão para o retorno das aulas nas redes públicas e privada?
As aulas da rede pública, em escolas estaduais e municipais, permanecem suspensas no Estado pelo menos até junho. Ao longo do mês de maio, serão estabelecidos protocolos para que alunos, professores e servidores retomem as aulas com segurança. Isso pode exigir a compra de materiais ou equipamentos de proteção e reforço de recursos humanos, cujos processos de aquisição e contratação podem levar mais tempo.
Na rede particular, as aulas poderão voltar ainda em maio, caso as escolas consigam cumprir todas as determinações do Estado. A expectativa era de que, quando da apresentação do distanciamento controlado, houvesse a definição de regras para o retorno das aulas da rede particular. No entanto, Leite explicou que a discussão dos protocolos para a retomada das atividades da educação ainda está ocorrendo e que o Estado analisa a questão.
4) E se alguma região receber bandeira preta?
Essa indicação servirá para designar áreas de altíssimo risco, em situação grave. Não significa que deverá ser imposto o lockdown, isto é, fechamento geral e confinamento obrigatório, mas haverá a adoção de medidas bastante restritivas ao comércio e à circulação de pessoas. Em um primeiro momento, nenhuma região do Estado tem a bandeira preta.
5) Como o governo define qual a cor da bandeira de cada região?
Com base, principalmente, em dois critérios, com pesos iguais: propagação da doença e capacidade de atendimento. Esses indicadores incluem, por exemplo, número de novos casos de covid-19, óbitos e leitos de UTI disponíveis em cada região. Conforme o resultado desse cruzamento de dados e de cálculos matemáticos, os técnicos definem a cor da bandeira.
6) Como sei qual seria a classificação de risco da minha região hoje?
Confira no mapa interativo a seguir:
7) Por que não há bandeira verde?
Inicialmente, a intenção do governo era adotar as cores verde, amarelo, laranja e vermelho, mas os técnicos chegaram a duas conclusões: 1) como hoje não há nenhuma região blindada ao coronavírus e também não há a perspectiva de retorno integral à normalidade, a cor verde, por enquanto, é considerada desnecessária; e 2) os técnicos entenderam que fazia mais sentido criar uma categoria para definir a situação crítica.
8) Há garantias de que esse modelo vai funcionar?
Isso dependerá do rigor dos dados e da qualidade do monitoramento feito pelo Estado, do apoio dos diferentes setores econômicos e da conscientização da população. O governo argumenta que será possível adotar o modelo com segurança porque já há um histórico do comportamento do vírus no Estado, uma base de dados confiáveis (incluindo a pesquisa sobre a prevalência do vírus liderada pela Universidade Federal de Pelotas) e um novo sistema de controle de leitos, envolvendo cerca de 300 hospitais.
9) Os clubes esportivos poderão voltar às atividades normais agora?
Com a definição das 20 regiões, as atividades dos clubes de futebol poderão funcionar, desde que obedecendo aos protocolos e colocando em prática as restrições determinadas pelas bandeiras vigentes. No entanto, como a retomada dessas atividades envolve a circulação de pessoas, inclusive entre regiões, a decisão sobre a realização de campeonatos, como o Gauchão, dependerá de decisão da Federação Gaúcha de Futebol.
Há restrições às atividades dos clubes, porém. Em Porto Alegre, por exemplo, região com bandeira laranja, os trabalhos nos centros de treinamento de Grêmio e Inter deverão ser suspensos com a entrada em vigor do novo decreto do governo do Rio Grande do Sul.
— A rigor, com o novo decreto, os treinos também deverão estar restritos. Porque o decreto sobre funcionamento do clube esportivo estará vedado nessas condições. Então, na bandeira laranja, a nossa determinação é para que se suspenda as atividades em clubes esportivos, somente podendo funcionar na bandeira amarela, o que deverá acarretar a suspensão também das atividades dos treinos nos clubes esportivos — disse o governador Eduardo Leite durante a apresentação do modelo de distanciamento controlado.