A necessidade de distanciamento social e as incertezas decorrentes da pandemia de coronavírus têm aumentado os níveis de estresse e ansiedade da população. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), uma das consequências dessa situação é o relato de aparecimento ou piora de quadros cutâneos — são as chamadas doenças psicodermatológicas, definidas pela relação dos problemas de pele com a saúde mental dos pacientes.
Márcia Senra, médica dermatologista e coordenadora do Departamento de Psicodermatologia da SBD, explica que os estressores internos e externos podem fazer com que uma doença apareça ou se agrave, porque há uma ligação entre a pele, o sistema nervoso e o psiquismo. Segundo ela, os casos dependem e variam de acordo com a forma como a pessoa reage aos problemas emocionais:
— Você pode ter uma possibilidade genética de ter a doença, como no diabetes, e ela só se manifestar quando em um período de estresse. Muitos pacientes relatam, por exemplo, que começaram a ter vitiligo ou psoríase após a morte de um familiar.
A médica afirma que um terço dos atendimentos dermatológicos são para tratar doenças do tipo. Por isso, é importante que os profissionais também saibam abordar questões emocionais no momento da consulta.
— Às vezes só o diagnóstico e o tratamento do problema cutâneo não são suficientes, é preciso saber quais fatores estão contribuindo para aquela doença, ter uma visão global do indivíduo — reforça a dermatologista.
Márcia também ressalta que a sensibilidade é um ponto chave nesse processo:
— O médico tem que saber perguntar, saber quem é a pessoa que está recebendo o atendimento. Tem que ter sensibilidade, não tem uma receita de bolo, cada paciente é diferente.
Ao perceber sintomas de ansiedade e estresse, o dermatologista pode dar dicas para a melhora da saúde mental do paciente ou encaminhá-lo para um psicólogo ou psiquiatra. Dependendo da formação do médico, ele mesmo pode prescrever algumas medicações básicas.
— Muitas vezes o paciente não quer ir ao psiquiatra e se nega a tomar os remédios. Por isso, é preciso explicar que a doença cutânea está ligada a um quadro emocional e que somente o remédio para a pele não vai funcionar — orienta Márcia.
Doenças que podem ser afetadas por fatores psicológicos
Entre as doenças que podem ser acentuados por fatores psicológicos, estão a queda de cabelos, a piora da dermatite atópica, o agravamento da psoríase e a volta das manchas brancas de vitiligo que já estavam pigmentadas.
- A psoríase é uma doença inflamatória crônica, que se manifesta em forma de manchas vermelhas com escamas secas e pode aparecer no couro cabeludo e em diversas áreas do corpo.
- O vitiligo é a perda de pigmento da pele, em que a pessoa pode ficar com manchas pequenas no rosto ou pelo corpo todo.
- A dermatite atópica é uma doença genética e crônica, que provoca lesões avermelhadas que coçam.
Dicas antiestresse
- Manter uma rotina
- Praticar atividades físicas
- Fazer coisas que goste, como cozinhar ou escutar música
- Meditar
- Ter boas noites de sono
Produção: Jhully Costa