Preocupados com o impacto emocional da pandemia, cientistas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) deram início, nesta semana, a um estudo de abrangência nacional para avaliar como anda a saúde mental dos brasileiros frente ao coronavírus. A pesquisa é totalmente virtual, está aberta a qualquer pessoa acima de 18 anos e terá seis meses de duração.
— A ideia surgiu quando percebemos que as medidas de distanciamento social estavam deixando muita gente ansiosa. Quem já tinha problemas como depressão ou TEPT (transtorno de estresse pós-traumático) poderia ter a situação agravada. Isso nos preocupou. A pandemia, na prática, pode ter o mesmo efeito de um desastre, só que biológico. Isso tem a ver com nossos estudos anteriores, envolvendo a tragédia da boate Kiss. O fato é que estamos diante de uma fonte potencial de trauma coletivo e não podemos deixar de levar isso em conta — afirma Vitor Crestani Calegaro, coordenador do projeto e psiquiatra do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM).
O estudo é encabeçado pelo Departamento de Neuropsiquiatria da universidade e tem a colaboração de 12 alunos do curso de Medicina, além do apoio de pesquisadores de outras instituições, como o Centro Integrado de Atendimento às Vítimas de Acidentes (Ciava) do HUSM, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Franciscana (UFN).
Para traçar os efeitos psicológicos da covid-19 no país, o grupo criou uma série de questionários online. O primeiro deles está aberto até o dia 6 de maio. Quem quiser responder, precisa entrar no link, se inscrever e responder às perguntas (leia os detalhes no fim do texto). Leva em torno de 20 minutos.
Depois disso, haverá mais três etapas (após um mês, três meses e meio ano), com novos inquéritos virtuais, dessa vez restritos às pessoas que preencheram o primeiro interrogatório. A intenção, segundo Calegaro, é obter o apoio de no mínimo 2 mil voluntários em todo o país.
— Até agora (sexta-feira, 24 de abril), temos cerca de 1,2 mil inscritos, mas esperamos que o número ultrapasse os 10 mil. O ideal seria ter pessoas de todas as regiões do Brasil e também brasileiros que vivem fora — ressalta Calegaro.
As respostas serão acompanhadas em tempo real pelos pesquisadores e, a cada fase, serão publicados relatórios e análises com as principais conclusões.
O estudo
Envolve o monitoramento da evolução de sintomas de transtorno de estresse pós-traumático, de depressão e de ansiedade durante a pandemia da covid-19 em brasileiros.
Objetivos
- Saber como as pessoas estão enfrentando a pandemia, quais fatores estão relacionados aos sintomas emocionais, cognitivos e comportamentais, e como os sintomas evoluem ao longo do tempo.
- Isolamento, contágio, problemas financeiros, estigma e tédio são fatores que, segundo os pesquisadores, geram estresse durante a pandemia e podem precipitar transtornos mentais.
- As evidências científicas produzidas servirão como referência para ações de intervenção governamentais e privadas.
Como participar
- Entre no site covidpsiq.org
- Clique em "quero participar" e siga as orientações
- Responda todas as perguntas da forma mais honesta possível e não se preocupe: todos os dados fornecidos serão mantidos em sigilo
Quanto tempo
- A pesquisa tem duração de seis meses, divididos em quatro etapas.
- Você preencherá os questionários agora, após um mês, após três meses e em seis meses.
- Para não esquecer, receberá um novo e-mail a cada fase.
Mais detalhes
Para tirar dúvidas, entre em contato com os pesquisadores pelo e-mail covid19psiqufsm@gmail.com