A Secretaria Estadual da Saúde (SES) projetou dois cenários para se preparar para internações decorrentes da pandemia de coronavírus, e em nenhum deles teria risco de falta de leitos de UTI no Rio Grande do Sul. As projeções envolvem comparações com Hubei, região do epicentro do vírus na China, e com Itália e Espanha.
O Rio Grande do Sul tem hoje, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 1.001 leitos de UTI distribuídos em 76 hospitais. Outros 290 devem estar aptos para serem usados até o final de abril. Para maio, mais 236 vagas de UTI podem ser disponibilizadas, desde que haja respiradores hospitalares suficientes. Com isso, o Estado somaria, até maio, 1.527 leitos apenas no SUS. Existem ainda 624 vagas na rede privada gaúcha.
No primeiro cenário analisado nas projeções, o de Hubei, o Estado chegaria, até maio, com um número de internados em UTIs por conta do coronavírus variando entre 1 mil e 1,5 mil. Na outra projeção, levando em conta a situação na Itália e na Espanha, o cenário gaúcho teria entre 2 mil e 2,5 mil internações. Ainda assim, o diretor de regulação da SES, Eduardo Elsade, não vê risco de falta de leitos.
— Vamos ter 30% dos leitos já existentes e mais os ampliados destinados a tratar a covid-19. Cada leito servirá para atender três, até quatro pacientes a cada dois meses. Calculamos que a média de internação fique entre duas e três semanas — explica Elsade.
O Plano de Contingência Estadual detalha a situação da pandemia por fases. O Estado já passou a fase 1, que é quando se teve até 100 infectados. O momento agora é o da fase 2, que considera o número de infectados acima 100 e menor do que 500. A expectativa é que se chegue à fase 3, com entre 500 e 1 mil infectados, em abril.
— Para nosso sistema começar a ter dificuldade, teríamos que ter um cenário pior do que o italiano e o espanhol. Confiamos no nosso Sistema de Saúde e nas nossas Centrais de Regulação. Além disso, contamos com medidas graduais de isolamento — destacou Elsade.
Ainda para fazer frente à pandemia e garantir espaço em leitos de UTI, o governo do Estado já orientou médicos, inclusive de convênios, a desmarcarem cirurgias não emergenciais a fim de liberar vagas. O segundo movimento foi o decreto de calamidade, que permite pegar leitos de UTI de hospitais privados para tratar pacientes do SUS.
Até a tarde desta segunda-feira (30), o Estado tinha 241 casos com testes positivos e quatro mortes por coronavírus.