A partir de quarta-feira (1º), a prefeitura de Bagé vai desinfetar os veículos que entram e saem da cidade. Com a confirmação do 15º caso de coronavírus, o município anunciou a instalação de uma barreira sanitária em todos os acessos. Exército, Brigada Militar e técnicos de saúde farão monitoramento 24 horas por dia. Segundo município com maior número de testes positivos para covid-19 no Rio Grande do Sul, Bagé já possui transmissão comunitária de coronavírus.
Segundo o prefeito Divaldo Lara, quem estiver dentro do veículo receberá orientações sobre a situação da cidade e a necessidade de isolamento. Se a pessoa estiver com sintomas da doença, será convidada a fazer um teste de temperatura.
A desinfecção dos veículos será feita pelo Exército, com uso de macacões químicos e pulverizador. Enquanto isso, a equipe de saúde fará a abordagem a motoristas e caronas.
— Vamos pulverizar tudo, inclusive as rodas dos veículos. Dói dizer isso, mas Bagé, hoje, é mais contaminante do que contaminada. Fazendo isso, vamos estar protegendo a saúde da região também — considera o prefeito.
O objetivo da ação, reforça Lara, é executar um controle sanitário mais efetivo no município de 120 mil habitantes. Em cada via de acesso, será instalado um posto com a presença dos órgãos que participam da barreira.
— Ninguém será impedido de entrar e sair. Mas será uma campanha de orientação e uma desinfecção para minimizar a possibilidade de agentes contagiantes virem de outras cidades por intermédio dos carros. Estamos trabalhando, em várias ações paralelas, para mitigar a ameaça desses agentes em nossa cidade. Esta é uma crise complexa que exige muitas pequenas tarefas, e esta é uma delas, para que se contribua para o resultado final desejado — explica o general Julio Cesar Palú Baltieri, comandante da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada de Bagé.
Na cidade, o Exército também atua no controle da fronteira, na triagem de pacientes em frente à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e à Santa Casa de Caridade e na oferta de estruturas.
Testes rápidos
A partir de 10 de abril, a prefeitura terá testes rápidos para aplicar na população: 660 obtidos pelo Judiciário e cem por compra direta. De acordo com Lara, o Estado autorizou que o município contrate um laboratório para executar os testes na cidade.
— Isso vai nos permitir que façamos de dois a três testes por dia. O Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) não tem condições de dar suporte a todo o Estado. Em 10 dias, todos os testes serão feitos em Bagé com contratação de laboratório daqui — diz o prefeito.
A prefeitura espera que com isso se agilize os diagnósticos para que as intervenções e o isolamento sejam feitos mais rapidamente:
— Se temos 15 confirmados, temos 15 linhas diretas de contaminação e provavelmente tenhamos outros casos. Bagé deve alcançar o pico da contaminação antes de qualquer cidade gaúcha, mas será a primeira cidade a sair dela, por tudo que está sendo feito — espera o prefeito.
Comunidade médica
Na maior cidade da Campanha, o vírus começou a ser disseminado pela comunidade médica. O provedor da Santa Casa, o ortopedista Jorge Moussa, contraiu a doença no Rio de Janeiro. Ele está internado em Porto Alegre, na UTI. Ao retornar a Bagé e atuar na força-tarefa criada para enfrentar o coronavírus, teria contaminado outras pessoas. Dos 15 casos, pelo menos nove estariam ligados aos profissionais de saúde.
Há duas semanas, a cidade impôs um isolamento social rígido. Há toque de recolher, entre 22h e 6h, com possibilidade de multa de R$ 900 por descumprimento, e isolamento de todos os moradores com mais de 60 anos - eles são liberados somente para deslocamentos considerados essenciais. Há proibição de ingresso de ônibus interestaduais na cidade e fechamento de comércio, bancos e construção civil. A prefeitura segue focada na vacinação domiciliar: com novo lote, espera imunizar mais 4 mil idosos. Outra meta é aplicar doses em trabalhadores de supermercados.