O Ministério da Saúde confirmou, na tarde desta quarta-feira (25), 57 mortes e pelo menos 2.433 casos confirmados de coronavírus no Brasil até as 16h. O dado pode apresentar defasagem em relação aos levantamentos de prefeituras e Estados.
A pasta também confirmou que, pela primeira vez, aconteceram óbitos em decorrência da covid-19 fora do Sudeste. As mortes foram registradas Estados de Pernambuco, Amazonas e também no Rio Grande do Sul. A letalidade da doença é de 2,4%, segundo o ministério. A coletiva conta com a presença do ministro Luiz Henrique Mandetta.
— Com o inverno que aí vem, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina continuam nos preocupando. Quando chegarem os testes rápidos, o número de casos confirmados vai lá para cima, mas o número de óbitos será absoluto. Então, o percentual de letalidade deve diminuir — afirmou o ministro.
Na coletiva,o ministro da Saúde também confirmou que a cloroquina será utilizada de maneira experimental em pacientes com sintomas graves da doença, reforçando que a medida só ocorrerá com acompanhamento médico em ambiente controlado.
Assista à coletiva
Uso de Cloroquina em pacientes
Pacientes da covid-19 internados e considerados graves começarão a ser tratados, em ambientes hospitalares com cloroquina. O secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Denizar Vianna, alertou para os perigos do uso dessa medicação sem acompanhamento médico. A medicação só pode ser adquirida nas farmácias com receita, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
— Não usem esse medicamento fora do ambiente hospitalar, porque isso não é seguro. Esse medicamento tem de ser feito em condições de segurança, com acompanhamento médico, porque durante o uso desse medicamento a gente pode ter algumas alterações no ritmo do coração e isso tem de acontecer dentro do ambiente hospitalar — explicou.
O ministro da Saúde lembrou que os estudos no entorno da eficiência dessa medicação, utilizada normalmente em casos de malária, no combate efetivo aos sintomas do coronavírus são escassos, mas destacou que essa opção será colocada na mão dos profissionais da saúde.
— O que o Ministério da Saúde está fazendo é deixar no arsenal. Deixar a mão do profissional médico assistente. Se ele entender que aquele paciente grave pode se beneficiar desse remédio, que nós vamos fazer é deixar esse remédio ao alcance dele.
EPI’s e equipamentos
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, disse que, das 15 milhões de máscaras compradas pela pasta, até o momento, 30% já foram encaminhadas aos Estados. Gabbardo destacou que apenas os Estados das regiões Norte e Nordeste não receberam esse tipo de equipamento de proteção individual (EPI) em razão de voos cancelados ou lotados, forçando o transporte rodoviário.
— Em função desse atraso, enviamos uma segunda remessa que vai de avião e deve sair amanhã (quinta-feira) para as regiões Norte e Nordeste. Estamos solicitando apoio da Força Aérea Brasileira.
Gabbardo salientou que, a partir de agora, os Estados serão abastecidos semanalmente com remessas de máscaras.
Em relação aos respiradores, o secretário-executivo reforçou que diversas fábricas estão reforçando a produção para acelerar a distribuição dos equipamentos. Gabbardo estima que os primeiras ferramentas dessa fabricação excepcional deverão ser entregues em um mês. Respiradores comprados diretamente da China devem chegar antes, em no máximo 10 dias, projetou o secretário.
Fake news
Mandetta disse que não existe nenhum pedido de dinheiro ou doações em nome do Ministério da Saúde, solicitando que as pessoas não acreditem em notícias falsas nesse sentido e que usam a imagem ou o nome dele por dar tons de credibilidade.
Crítica a medidas mais restritivas
O ministro da Saúde também criticou, novamente, as medidas que decretam quarentena por prazo indeterminado. Na terça-feira (24), ele afirmou que o "travamento absoluto é péssimo para o país", e horas depois o presidente Jair Bolsonaro também atacou as medidas, o que gerou reação de governadores e prefeitos.
— Quarentena sem prazo determinado por terminar vira uma parede na frente das necessidade das pessoas, que precisam comer, precisam abastecer suas casas, ir ao supermercado, que precisam dos gêneros, que precisam ir e vir, porque isso faz parte da própria sobrevivência.
Destacando que o foco seguirá sendo a proteção da vida das pessoas, Mandetta diz que as questões econômicas são “importantíssimas”, citando pontos defendidos por Bolsonaro.
— (As questões econômicas) fizeram parte da linha, da fala do presidente, onde ele coloca que, se não tivermos um cuidado com a atividade econômica, essa onda de dificuldade que a saúde vai trazer vai virar uma onda de dificuldade maior ainda em relação à crise econômica.
O "fico"
Em relação às especulações sobre uma possível saída do comando do ministério, Mandetta garantiu que continua no cargo e só sai do posto por decisão de Bolsonaro, motivos de saúde ou após o enfrentamento da crise, dependendo do cenário.
— Eu saio daqui na hora em que acharem que eu não devo trabalhar, que o presidente achar, foi ele que me nomeou, ou se eu estiver doente, o que é possível, eu ter uma doença, ou em um momento que esse momento todo de turbulência já tenha passado eu eu possa não ser mais útil.
Mandetta disse que seguirá com “força máxima” no combate à crise sanitária junto de seu colegas, que estão focados e trabalhando com critérios técnicos “sempre”.
Primeira morte em Porto Alegre
A prefeitura confirmou, na madrugada desta quarta, a primeira morte na cidade em decorrência da doença. A vítima, uma mulher de 91 anos, estava internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Moinhos de Vento. Ela deu entrada na segunda-feira (23), já em estado grave, e morreu na noite de terça (24).
O Rio Grande do Sul tinha, até o fechamento desta reportagem, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, 112 casos confirmados da doença. Já são 35 municípios com registro da doença no Estado.