Como fortalecer o desenvolvimento do turismo após a tragédia climática que assolou o Rio Grande do Sul? Quais os caminhos para superar as principais dificuldades do setor? Essas e outras perguntas guiaram a primeira edição da série especial do Painel RBS, promovida pelo Grupo RBS como parte do movimento “Pra cima, Rio Grande” para dar voz e visibilidade aos desafios e soluções para a retomada de setores-chave na economia gaúcha.
Mediado pelo jornalista Elói Zorzetto, o evento foi realizado nesta quinta-feira (27) e teve transmissão ao vivo pelo canal de GZH no YouTube. Quem não pôde acompanhar, consegue recuperar a discussão no vídeo acima.
O encontro de estreia contou com a participação de Luiz Fernando Rodriguez Júnior, secretário de Turismo do RS em exercício; Amanda Bonotto Paim, coordenadora de Turismo do Sebrae RS; Rodrigo Machado, sócio-diretor da Opinião Produtora e um dos fundadores do Instituto RSNASCE; Daniel Hillebrand, presidente do Contur Hortênsias e gerente de relacionamento institucional da Sicredi Pioneira; e Daniel Panizzi, presidente da União Brasileira de Vitivinicultores (Uvibra) e vice-presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura (Consevitis-RS).
Estímulo ao turismo
No início do evento, Amanda afirmou que o setor foi impactado indiretamente pela tragédia, com 95% das empresas deixando de faturar no período, mas permanece de pé. Então, considerou que o primeiro desafio é estimular que as pessoas de dentro e de fora do Estado consumam o turismo gaúcho:
A resposta é viajar para o Rio Grande do Sul, mobilizar as pessoas, mostrar que essa cadeia do restaurante ao hotel, ao parque e a uma vinícola, se sustenta recebendo pessoas. Além de outras medidas de apoio aos negócios. Sabemos que é um setor que vem de uma recuperação da pandemia e precisa de crédito para ter um oxigênio e uma sustentação no curto, médio e longo prazo.
Acessos rodoviários
Na Região das Hortênsias, onde ficam cidades como Gramado e Canela, a principal preocupação era com os acessos rodoviários. Por isso, a sociedade se engajou muito para viabilizar a restruturação das estradas, comentou Hillebrand, acrescentando que também houve bastante diálogo com as prefeituras e governos estadual e federal.
Na visão do presidente do Contur Hortênsias, diante do fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, é preciso enfatizar a possibilidade de fazer turismo por meio dos acessos rodoviários. Com esse objetivo, um grupo deve ir para Santa Catarina na próxima semana para fazer uma apresentação do destino turístico Região das Hortênsias.
Um estudo que o Sebrae contratou no ano passado demonstra que 80% dos turistas que vêm para o RS é proveniente do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná. Por isso estamos indo para lá na próxima semana apresentar o destino turístico por meio do turismo rodoviário, convencendo as pessoas e as agências para que vendam nos destinos de forma imediata.
Manutenção dos eventos
O presidente da Uvibra concordou que é necessário destacar que existe acessibilidade, que os eventos seguem ocorrendo e que as empresas estão conseguindo fazer um turismo 99% igual ao que era antes das enchentes. Panizzi enfatizou que o enoturismo está de portas abertas e que 80% das vinícolas são diretamente dependentes do fluxo turístico:
É muito importante essa retomada, que ela aconteça o mais breve possível e que esse luto mão seja maior pela falta de turismo. Nós estamos, sim, falando de sobrevivência. Mais de 200 famílias perderam diretamente seu sustento e como revertemos isso, como conseguimos ajudar esse agricultor? É visitando, é recuperando o faturamento que essas vinícolas perderam.
Para o secretário em exercício, a promoção de um grande calendário de eventos no segundo semestre deste ano será vital para a retomada do setor — o início deve ser em 25 de julho, com os 200 anos da colonização alemã no Estado.
Reabertura do aeroporto
Mesmo que haja possibilidade de acesso pelas rodovias, os cinco participantes destacaram a importância do Aeroporto Salgado Filho para o setor de turismo e, portanto, a urgência de sua reabertura. Em sua fala, Rodriguez garantiu que proximamente o local terá uma operação reaberta, mesmo que seja de forma parcial:
Nós precisamos partir de uma conta de necessidade e fazer todo o possível para isso chegar. Vamos preservar a segurança de voo, mas qualquer esforço é importante, porque hoje nós estamos perdendo, com o aeroporto de Porto Alegre fechado, de R$ 10 a R$ 15 milhões por dia só nessa economia próxima da nossa região e nos prestadores de serviço que utilizam esse importante equipamento turístico.
União do setor
O sócio-diretor da Opinião Produtora também ressaltou a relevância dos eventos nesse momento, já que movimenta outros 70 setores da economia. Machado aproveitou para lembrar que não existia união entre os setores de eventos e turismo antes da pandemia, mas que, ambos aprenderam que juntos são mais fortes.
Como fruto dessa união, nasce o Instituto RSNASCE, que é uma organização com esse objetivo de olhar para dentro do nosso setor de turismo e eventos, reerguer, cuidar de CPFs e CNPJs também. Essa é a nossa principal função: agregar e distribuir.