Nem só de praia vive o turismo de Santa Catarina. Quem procura atrações de aventura e contato com a natureza tem uma lista cada vez maior de opções, especialmente na Serra. Trilhas e brinquedos radicais premiam quem percorre algumas belas estradas por entre os vales. A região tem recebido investimentos em infraestrutura e vai, paulatinamente, ampliando a oferta de hospedagem, de gastronomia e de atrações variadas.
É preciso estar preparado para altas aventuras. Altas, mesmo, porque atrações como o pêndulo e a tirolesa chegam a uma distância que pode ultrapassar os 150 metros em relação ao solo. Tudo isso emoldurado por montanhas, cachoeiras e muita mata nativa.
— As pessoas comparam muito as serras gaúcha e catarinense. Inevitavelmente, fazem conexão com Gramado. Acham que um dia vai ser semelhante, mas não é a proposta. A grande atração é a natureza. Há muitas áreas dentro do Parque Nacional de São Joaquim, outras em propriedades privadas, que estão se potencializando estruturalmente — conta o diretor da Serrasul Ecoturismo, José Marcos Hack Barreto.
O cardápio de fontes de adrenalina inclui pêndulo, balanço à beira de penhasco, tirolesa que é percorrida de bicicleta, piquenique nas alturas, arvorismo, teia de redes suspensas e muitas outras atividades. Em breve, chegam novidades como bungee jump, rapel e via ferrata — montanhismo feito com uso de pontos fixos de sustentação.
A região conta com 18 municípios, mas no turismo de aventura os destaques são cidades como Urubici, Lages, Urupema e Rio Rufino. A procura maior ainda é no inverno, para curtir o frio com o clima serrano. Mas Barreto ressalta que, aos poucos, os turistas estão descobrindo que na primavera e no verão as temperaturas ficam amenas e propícias para momentos de lazer e aventura.
É assim que a serra catarinense vai se consolidando como destino o ano todo – e não apenas para nativos e moradores do sul do Brasil. A personal trainer Margherita Santos, 40 anos, de Natal (RN), descobriu o salto do pêndulo e resolveu passar por essa experiência.
— Sou apaixonada por esportes de aventura e atividades na natureza. Passei a acompanhar a atividade pelas redes sociais, o que me fez despertar o interesse de conhecer a região e o que mais ela oferecia — conta.
Adrenalina
Ela resolveu ficar por três dias, assim, além da adrenalina do pêndulo, conheceu outros lugares, trilhas e aproveitou para fazer fotos em cenários deslumbrantes. O salto ocorreu ao lado da Cascata do Avencal, de uma altura de cem metros e com duração de três segundos.
— A experiência foi incrível! Uma sensação de liberdade e coragem, juntamente com a adrenalina e a emoção que o momento proporciona, tornaram o momento inesquecível — garante.
A viagem foi planejada com antecedência. Margherita escolheu e reservou os passeios, incluindo dois roteiros: um que passava por lugares altos, com a vista como destaque, e outro que percorreu cachoeiras da região. O serviço dos guias locais, segundo ela, foi fator determinante para o sucesso do passeio.
Para fomentar o turismo na região, foi criada a Associação dos Guias da Serra Catarinense. José Marcos, da Serrasul, faz parte da entidade — assim como Julia Monteiro, da Monteiro Ecoexperiências. Ela vai ao encontro do que Margherita relata, destacando a importância de se contar com a orientação de quem conhece muito bem a região.
— Alguns lugares privados só podem ser acessados com acompanhamento de um guia. Em outros, não é possível chegar com um carro convencional, precisa-se de tração 4x4. Além do acesso, o guia sabe a história do lugar e conhece as atrações — sustenta Julia.
A associação tem 23 guias, dedicados a diferentes segmentos. Em Urubici, pontua Julia, há mais condições de se fazer turismo sozinho. Nas demais cidades é recomendado estar na companhia de especialistas.
— Os locais visitados, em sua maioria, possuem infraestrutura de qualidade, com acessibilidade, excelência no atendimento e fácil localização. Acredito que o único contraponto seja não ter transporte rodoviário da capital, Florianópolis, até a cidade de Urubici, restando ao turista contratar um serviço de transfer ou optar por locação de um automóvel — aponta Margherita.
Entre os gaúchos, é pequena a percentagem de visitantes que chegam de avião. As opções terrestres, além de práticas, oferecem belas vistas já no caminho. O acesso pode ser feito via BR-101, passando pela Serra do Rio do Rastro, ou pela BR-116, passando por Lages. Quem optar mesmo pela via aérea pode contratar uma das agências da região que elas se encarregam do transporte até lá.