Belas paisagens, construções e objetos históricos, farta variedade gastronômica e muito chope: esse é um resumo do combo que visitantes podem desfrutar ao conhecer os 14 municípios gaúchos que compõem a Rota Romântica. Iniciando a menos de 40 quilômetros de Porto Alegre, o percurso entre o Vale do Sinos e a Serra representa o trajeto que os imigrantes alemães fizeram quando chegaram ao Rio Grande do Sul, em 1824. Por isso, diversos atrativos ofertados nesses destinos carregam em sua essência a cultura germânica — e há opções para pessoas de todos os perfis e idades.
Com o objetivo de celebrar o bicentenário da imigração alemã no Brasil, comemorado em 25 de julho de 2024, a Associação Rota Romântica lançou no mês passado uma programação especial, que envolve todas as cidades. As atividades planejadas se estendem até o próximo ano, tendo como foco as peculiaridades de cada um dos 14 destinos (veja no mapa).
Nos dias 3 e 4 de agosto, a reportagem de GZH percorreu o trajeto da Rota Romântica para conhecer algumas das atrações disponíveis em seis municípios. Entre as opções de passeios, há parques para se reunir com a família, museus que revelam a história da região, restaurantes com pratos para todos os gostos e locais com um visual único. Confira:
Ivoti
Menos de 60 quilômetros separam Porto Alegre e Ivoti, cidade de quase 23 mil habitantes, que tem como principal atrativo turístico o Núcleo de Casas Enxaimel. A rua com residências alemãs originais, da década de 1820, fica próxima da Ponte do Imperador, que homenageia Dom Pedro II e foi construída anos depois.
Atingido pelo ciclone extratropical em junho deste ano, o complexo está em processo de reconstrução, mas segue aberto aos visitantes. Apesar das fitas de isolamento e do fechamento temporário do museu que expunha objetos antigos da imigração alemã na cidade e na região, as casinhas e outros detalhes do espaço continuam chamando a atenção. O local é ocupado tanto por turistas quanto pelos moradores, principalmente aos finais de semana.
— Enxaimel é uma técnica que os imigrantes utilizavam, que consiste na questão do madeiramento aparente. Eles construíam primeiro a caixaria de madeira e depois iam fazendo o preenchimento. Todas essas casas tinham uma finalidade: serraria, escola, salão de baile. E hoje abrigam espaços como a Secretaria de Turismo, a Casa do Artesão e o Empório Colonial — comenta a secretaria de Turismo, Desporto e Cultura de Ivoti, Raiama Trenkel.
Na rua também ocorrem os eventos do município, como a Feira do Mel, Rosca e Nata, a Feira das Flores e o Festival da Cachaça — os dois últimos serão realizados entre outubro e novembro deste ano. Em outras estruturas menores, todos os finais de semana, são vendidos produtos coloniais. Pracinha para as crianças, bancos e espaços para tomar chimarrão, lancheria, banheiros e uma cachaçaria completam as atrações do local, que recebe até 5 mil pessoas aos domingos e pode ser visitado todos os dias, de forma gratuita.
— Ivoti se difere principalmente pelas cachaçarias, são três no município, e o fato de ter colonização alemã e japonesa. Temos queijarias, padarias que oferecem mini cafés coloniais, restaurantes e a questão do artesanato — acrescenta Raiama.
Presidente Lucena
No caminho entre Ivoti e Picada Café, fica a pequena cidade de Presidente Lucena. O trajeto inclui uma parada quase obrigatória no restaurante de gastronomia alemã, na avenida que leva o nome do município: o Dheinhaus. Instalado em uma casa estilo enxaimel, o local conta com uma grande variedade de comidas, incluindo saladas, pratos quentes e sobremesas.
Com banda típica alemã tocando em frente à entrada nos domingos, o restaurante oferece um mini café colonial aos finais de semana, do meio-dia às 18h. A tenda ao lado vende produtos como cucas e vinhos, e o pátio possui mesas ao ar livre, bancos para descanso e pracinha para as crianças. O Dheinhaus atende de segunda a sexta-feira das 11h30min às 13h30min, aos sábados das 11h30min às 14h e, aos domingos, das 11h30min às 14h30min.
Picada Café
Cerca de 10 quilômetros depois do restaurante de Presidente Lucena, está o Parque Histórico Jorge Kuhn, de Picada Café. O espaço tem quatro hectares e se divide em dois eixos: o que guarda parte importante da história do município e o que serve para o lazer. O local sedia eventos como a Festa do Café, Cuca e Linguiça - que tem programação neste final de semana -, e possui um núcleo de prédios históricos que retratam o período de colonização a partir da imigração alemã.
Logo na entrada do parque, uma construção amarela com um moinho com roda de ferro dá boas-vindas aos visitantes. No local, está instalada a sede da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio de Picada Café. Em outro prédio, fica o primeiro museu do açougue do Brasil, que foi restaurado em 2005 e, desde o ano seguinte, é aberto ao público aos finais de semana.
Ao lado do museu, está a Casa Comercial Christian Kuhn, que além de vender diversos produtos orgânicos e naturais, tem cômodos montados com itens antigos originais, como telefones, máquinas de escrever, móveis e até roupas. O espaço construído a partir de 1880 com a técnica enxaimel também pode ser visitado aos sábados e domingos.
O parque fica aberto diariamente, até as 22h, e possui ainda pracinha, academia ao ar livre, pista de caminhada e um riacho com pontes.
— Nós fazemos eventos aqui todos os meses. Mas, mesmo quando não tem evento, está sempre lotado. As pessoas vêm com cadeira de praia para aproveitar, fazer piquenique. De forma geral, a cidade tem como principal atrativo gastronômico os cafés coloniais — afirma Ivete Galhardo, secretária de Turismo, Indústria e Comércio de Picada Café.
Nova Petrópolis
Todos os mínimos detalhes do Parque Aldeia do Imigrante, no Centro de Nova Petrópolis, são pensados para proporcionar ao visitante uma imersão na cultura alemã. Logo na entrada, fica a Aldeia Bávara, que é composta por restaurantes de comida típica, um coreto para apresentações artísticas - onde grupos dançam músicas germânicas e bandinhas tocam aos finais de semana -, casas comerciais que são uma releitura de vilarejos do sul da Alemanha e vendem produtos variados, e pracinha para as crianças.
— Todo o parque visa a preservar a cultura alemã, então tudo que é pensado aqui dentro precisa contemplar ou estar relacionado a algo da cultura germânica. Tem o caminho das orquídeas, o caminho das ideias, uma ciclovia, o Lago das Flores, o Lago dos Pedalinhos, que estamos revitalizando, o espaço dos namorados e a Aldeia Histórica, que é o grande ponto alto do parque — conta o gestor do local, Cláudio Weber.
Essa segunda aldeia é a reprodução de uma vila alemã, na época da imigração, com casas originais que foram retiradas de outras localidades e remontadas no parque. As construções no estilo enxaimel formam um núcleo que retrata comunidades da época. Há uma escola, a casa do professor, um local que oferece o serviço de foto à moda antiga, a capela e o cemitério. Também integram o núcleo uma casa de festas, que vende cucas e outras receitas, e a casa das maquetes, oferecendo diversas reproduções que mostram o estilo de prédios da época. Já o museu municipal disponibiliza centenas de objetos históricos que pertenceram aos imigrantes.
O parque funciona diariamente, das 9h às 18h, com venda de ingressos até as 17h30min. O custo para entrar no local é de R$ 28 por pessoa, sendo que crianças até seis anos não pagam. O benefício da meia-entrada é oferecido a quem tem entre sete e 17 anos, além de idosos e estudantes. Alimentação, fotos temáticas e os passeios de pedalinho, bicicleta e carro elétrico são pagos a parte. Para visitas em grupo, é necessário agendamento pelo número (55) 99663-3004. Recepção e bilheteria podem ser acionadas pelos contatos (55) 99931-1639 e (54) 3281-1490. Os ingressos também podem ser adquiridos antecipadamente neste site.
Gramado
Na famosa cidade de Gramado, um pequeno espaço temático faz referência à cultura germânica. O chamado Parque Alemanha Encantada fica em frente ao Lago Negro, na Rua Vinte e Cinco de Julho, número 713, e abriga lojas de produtos coloniais, um restaurante e atrações como cabine para fotos na neve e a torre da Rapunzel. O espaço funciona das 8h às 18h e a entrada é gratuita.
O restaurante oferece diferentes opções gastronômicas, tendo a culinária alemã como especialidade, e possui um deck com vista panorâmica para o Lago Negro. O funcionamento é das 9h30min às 17h30min. Já no topo da torre, os visitantes encontram a Rapunzel, a casa da personagem e um mirante para o lago. Para subir de elevador até o local, cada pessoa paga o valor de R$ 20 — a descida é pelas escadas, que contam com cenários para tirar fotos. Essa atração fica aberta das 8h30min às 18h.
Além de conhecer o parque e curtir o Lago Negro, é possível passear pela Praça das Etnias, no Centro de Gramado. No local, o turista pode visitar a Casa do Colono, o Memorial Italiano e as casas alemã e portuguesa, bem como comprar cucas e outras comidas típicas.
Morro Reuter
A cerca de 40 quilômetros de Gramado, Morro Reuter conta com opções de passeios que oferecem paisagens de encher os olhos. Um deles é no Lavandário Lavandas do Morro, que possui um campo com quase 15 mil pés da planta símbolo da cidade. No local, os visitantes podem caminhar entre a plantação, apreciar a vista e fazer fotos entre as lavandas.
Celso Norberto Schuck, proprietário do lavandário, revela que iniciou a plantação no terreno de 1,5 hectare em março de 2022. Desde então, vem recebendo turistas quase que diariamente — para visitas durante a semana ou em grupos é necessário agendamento prévio pelos telefones (51) 98055-1552 e (51) 99261-1128 ou pelo e-mail lavandasdomorro@gmail.com.
— Nós acompanhamos e explicamos. A maioria dos visitantes é de Porto Alegre ou Região Metropolitana, mas já recebemos pessoas de São Paulo, Mato Grosso, Bahia e Ceará. Queremos futuramente oferecer piquenique aqui, mas algumas pessoas trazem suas coisas para fazer — afirma.
No local, a família de Schuck também vende os produtos feitos a partir da lavanda, como óleos, florais, sabonetes e velas aromáticas. Não há cobrança de ingresso para visitar a plantação.
A menos de 10 minutos de carro dali, está o Caminho das Serpentes Encantadas, uma espécie de museu a céu aberto, repleto de mosaicos de azulejos — no chão, nas paredes e em todos os detalhes. A proprietária do espaço é a artista Claudia Sperb, que mora e tem galeria e ateliê no local.
De acordo com ela, as obras que colorem o espaço foram feitas por diferentes artistas. No final do caminho de entrada, há um Fusca de mosaico e uma casa na árvore para as crianças. Em outra parte do terreno, há um mirante com bancos e o terraço “Senhora dos Sonhos”, que homenageia a avó de Claudia.
— Recebo bastante gente aqui, de todos os lugares, até de fora do país. Durante a semana, não conseguimos abrir, mas aos sábados e domingos têm funcionários trabalhando para atender os visitantes — conta.
A propriedade conta com dois quartos com banheiro para alugar. É necessário fazer agendamento prévio pelo telefone (51) 99811-4432. O espaço abre para visitação aos sábados, domingos e feriados, das 10h30min às 18h30min. O ingresso custa R$ 25 por pessoa, sendo que crianças de quatro a 10 anos pagam R$ 10 e maiores de 60 anos têm direito a meia-entrada.