Conhecer um lugar a fundo, viver e respirar a cultura, a história, as características e a arte. O turismo histórico-cultural pode ser a melhor forma de se conectar com o mundo e mergulhar de cabeça nos costumes e tradições de outros locais e regiões, além de ser uma forma de preservar o passado e manter vínculos com diferentes culturas.
Explorar novas realidades que permitam uma experiência mais genuína, ligada às origens, é, inclusive, uma aposta para motivar o crescimento do turismo, um dos setores mais impactados pela pandemia, mas que já começa a vislumbrar um horizonte promissor em 2023.
Associações de agências de turismo e a própria Organização Mundial do Turismo (OMT) apontam o ano que vem como marco da recuperação do setor, com uma contribuição ao Produto Interno Bruto (PIB) mundial na ordem de US$ 9,6 trilhões quando estivermos às portas de 2024.
Esses são dados apresentados pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo em abril deste ano, durante o Summit Global 2022, realizado nas Filipinas.
— As pessoas têm buscado esse resgate — avalia Lenora Horn Schneider, presidente da Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais de Turismo (ABBTur).
No Brasil, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aposta as fichas na demanda reprimida, apesar dos entraves econômicos. Dois anos trancafiados em casa fizeram com que muitos viajantes retomassem seus roteiros com força.
E como a crise econômica não permite cair no risco das "furadas", as agências têm sido muito requisitadas para organizar as viagens, segundo entidades consultadas pela reportagem. Com isso, roteiros personalizados estão ganhando a preferência.
— As pessoas estão saindo do óbvio. Na internet, elas conseguem saber dos pontos turísticos mais conhecidos dos países, mas quando se quer uma conexão maior com a cultura do local, bate a preguiça de pesquisar. Então, as agências fazem esse trabalho e facilitam a organização — ressalta Betinna Pavim, dona do 24h Escritório de Viagens, que há cerca de 15 anos atua no setor em Porto Alegre.
Se a ideia não é circular só pelos lugares-comuns dos cartões-postais, saiba que em cada continente há tesouros a serem explorados pelos turistas que querem trazer na bagagem muito mais do que o óbvio e encantar-se com o diferente. Confira as dicas:
América
Chile - Moais - Ilha de Páscoa
Há muito a descobrir nas Américas, mas se a ideia é desbravar origens e um roteiro pouco convencional, vale se organizar para conhecer a Ilha de Páscoa, no Chile. Ela é conhecida como Umbigo do Mundo por ser uma das ilhas mais isoladas do planeta. Lá estão as misteriosas esculturas gigantes, os moais, que até hoje intrigam pesquisadores de antigas civilizações. Para conhecer, não é necessário pagar ingresso, porque as estruturas estão por toda a parte da ilha. Há visitas guiadas, daí, sim, mediante pagamento.
Antártida
Museu South Georgia
É um dos únicos lugares histórico-culturais do continente que não estão relacionados a suas belezas naturais e à vida selvagem. Leva o visitante a uma viagem para o passado do continente gelado. Um museu especializado na indústria baleeira, incluindo os aspectos da descoberta da ilha, da captura de focas, dos desbravamentos marítimos e de momentos como a Guerra do Atlântico Sul. Não é preciso comprar ingresso, o local só pede contribuições espontâneas.
Europa
Espanha - Andaluzia - Real Alcázar
É uma fortificação que surpreende por conta da variedade de suas instalações e que conta muito a história da região por sua herança islâmica e gótica, com elementos renascentistas, maneiristas e barrocos. O Real Alcázar é um dos palácios mais antigos do mundo e um dos locais mais visitados em Sevilha, capital Andaluzia, e abriga um complexo composto por jardins e arquitetura que conservam a evolução da história da região durante o último milênio. Por tudo isso, em 1987, foi declarada Patrimônio Mundial pela Unesco. O ingresso está em torno de 11,5 euros para adultos.
Ásia
Camboja - Angkor Wat
Pequenos países do sudeste asiático reservam muitos atrativos para quem gosta de história, cultura e religião. Este foi o primeiro templo hindu. Posteriormente, tornou-se budista.
Impressiona pelo seu tamanho (inicialmente ocupava área equivalente ao território de Paris) e pelas belezas das esculturas.
É conhecido por ser um dos maiores templos do mundo e um dos tesouros arqueológicos mais importantes do planeta. Tanta grandiosidade rendeu o título de Patrimônio da Humanidade pela Unesco, em 1992.
Chegou a ser um dos finalistas das novas Sete Maravilhas do Mundo. Para visitar, paga-se ingresso. O valor varia conforme o número de dias visitados. Um dia fica em torno de US$ 37.
Oceania
Nova Zelândia - Cultura Maori
A Maori é uma das culturas mais fascinantes da Terra, com povos que já habitavam a ilha de Nova Zelândia muito antes da chegada dos europeus. E é em Rotorua que você vai conseguir vivenciar tudo isso de perto. Com muitas atrações culturais, é possível se aprofundar um pouco mais nos costumes nativos, com apresentações e contato direto com os moradores das vilas. Também é possível apreciar as atividades vulcânicas e geotérmicas em ação. Não é necessário ingresso, mas recomenda-se contratar um guia para as visitas.
África
Marrocos - Mesquita Hassan II
Esta é a maior mesquita do Marrocos. A riqueza e os detalhes são impressionantes. Foi inspirada em igrejas, sinagogas e até em templos hindus — isso porque foi construída para unir as pessoas de todas as religiões. Foi construída sobre as águas do Oceano Atlântico, parte do piso do seu interior é feito de vidro para que os fiéis possam rezar diretamente sobre o mar. Começou a ser construída em 1986 e só foi finalizada em 1993. Os ingressos custam em torno de US$ 39.