É difícil imaginar que uma cidade como Três Coroas, conhecida por abrigar o primeiro templo budista tibetano da América do Sul, tenha um lado mais “nervoso”. Em contraste com a calmaria do espaço de tradições religiosas, a correnteza do Paranhana dá a trilha sonora para quem busca diversão e contato com a natureza. Além de cortar a cidade e dar nome ao vale na encosta da serra gaúcha, as águas do rio proporcionam uma das atividades esportivas mais emocionantes e desafiadoras: o rafting.
Deixar ser levado pela velocidade de um rio em um bote inflável pode ser assustador de início. Eu sempre me considerei aventureira: fui escoteira quando criança e pratiquei escalada por sete anos na adolescência. Ao receber o convite para passar um dia no Raft Adventure Park, pude estrear no rafting e, de quebra, como repórter, contar para vocês a experiência.
Já digo de partida que não é preciso ser um amante de esportes radicais. O rafting é voltado para quase todos os públicos (não recomendado somente para menores de cinco anos, gestantes e cardíacos). O principal desafio não é encarar a correnteza, mas sim deixar ela te levar e te refrescar, já que o Rio Paranhana também é conhecido por ser gelado. O trabalho em equipe e a união entre os praticantes também são essenciais: afinal, estamos todos no mesmo bote – literalmente.
Desembarcamos em Três Coroas em um domingo ensolarado. Distante cerca de 20 minutos do centro do município, o parque tem diversas atrações, mas rafting é o carro-chefe e a mais procurada. Ao chegar, já sentimos o clima do passeio: muitas áreas verdes, barulho do rio, repelente natural feito com ervas, cravo e canela, ausência de sinal de celular e wi-fi limitado. Praticamente um interruptor para que você se desligue do mundo lá fora e se conecte com a natureza.
Lá fui eu ouvir as instruções, mas, na minha cabeça, só conseguia pensar se faria a descida mais tranquila ou a mais pesada. De uma escala de 1 a 6, o Paranhana está no nível 3 do esporte, só que eu poderia optar por um passeio menos radical. Ao mesmo tempo que queria uma experiência completa, sempre dá aquele friozinho na barriga quando fazemos alguma coisa pela primeira vez.
Decorados os comandos do instrutor, me vesti com todos os equipamentos: colete salva-vidas no corpo, capacete na cabeça e remo na mão. Com um ônibus, vai-se até o ponto de saída do rafting, a desativada barragem das Laranjeiras. Construída na década de 1960, nunca gerou energia, mas seu paredão decora a paisagem ao formar um branco véu com a caída das águas do Paranhana. Além, claro, de dar o aviso aos navegantes de que chegou a hora e um ultimato para mim. Bem, ao pisar no rio, escolhi a descida extrema.
Ao longo dos sete quilômetros de percurso, encarrei correntezas fortes, mas também águas calmas e rasas como as de uma piscina. Respirei o ar puro da natureza, fui contemplada com paisagens de tirar o fôlego e ainda desci do bote para fazer atividades na água, como o emocionante toboágua natural. A tensão deu lugar a ondas de riso.
*A repórter viajou a convite do Raft Adventure Park
"Rio que corre"
A palavra Paranhana tem origem na língua tupi-guarani e significa “rio que corre”. Já no primeiro contato com sua correnteza, entendi o porquê da denominação: empolgados, fomos com muita velocidade e colidimos no rio com tal força a ponto de eu ter ficado submersa na água – mesmo estando dentro do bote. Foi bom para sentir a temperatura do rio e da aventura que recém começava.
Estacionamentos nas margens do rio em vários momentos para descanso, contemplação da paisagem e muita diversão. Três atividades são realizadas ao longo do percurso: o toboágua, o surfe de bote e o pulo da pedra.
Deitada de barriga para cima, assim como em um toboágua artificial, me joguei na água e me deixei levar pela correnteza em uma descida cheia de mergulhos nas ondas formadas pelas pedras do rio. O ideal é ficar sempre com a boca fechada, afinal é um toboágua e não um “toma água”, como orientam os instrutores da aventura. Mas não tem problema também se você aproveitar o momento para se hidratar. Com certeza, foi a atividade mais emocionante.
No surfe de bote, somos colocados frente à frente com uma queda de água que, de fato, faz o bote deslizar na correnteza. É aqui que o pessoal grita e se molha bastante. A outra atividade consiste em pular de uma pedra para um ponto do Paranhana onde as águas são mais fundas. Sem perigo: o nível normal do rio nesse ponto é de 30 centímetros a um metro de profundidade.
Além de muita adrenalina, notei como o rafting mexe com a nossa capacidade de trabalho em equipe e empatia com os companheiros. No bote, são no mínimo quatro pessoas e, no máximo, sete. Estar atento aos comandos do instrutor é essencial: enquanto nós, visitantes, somos o motor do bote, ele dá a direção. Se vocês conseguirem gravar só um comando, sugiro o “piso”. É quando paramos de remar e nos abrigamos dentro do bote. Segura que vem emoção por aí.
- Percurso: 7 quilômetros pelo Rio Paranhana
- Duração: 2h40min (contados a partir da equipagem)
- R$ 70 por pessoa (o rafting noturno custa R$ 80)
- Uniforme: traje de banho (calção e maiô, por exemplo) e tênis fechado. Há opção de aluguel de roupas e botas de neoprene no parque
- Não recomendado para menores de cinco anos, gestantes e cardíacos
Arvorismo
Outra atividade que despertou minha adrenalina foi o arvorismo. Atravessar um percurso suspenso feito com cabos de aço, cordas e pedaços de madeira, de uma árvore a outra, é um teste de resistência e de superação. O percurso, nas margens do Rio Paranhana, tem vários níveis de dificuldade e 10 estações, montadas na copa das árvores para descanso.
No início, é fácil: basta manter o equilíbrio, segurar nos cabos de aço e passar pela trilha de tocos retangulares de madeira instalados na horizontal. No trajeto, porém, esses tocos vão mudando de formato e de posição: alguns são colocados na vertical, outros são redondos. E por aí vai.
Mais do que um exercício físico, o arvorismo é uma batalha mental contra seus medos. Em muitos momentos, olhei para o percurso e pensei: “Não vou conseguir”. Mas foquei no objetivo e, com calma e no meu tempo, passei pelos obstáculos. Demorei cerca de 20 minutos para fazer toda a trilha, com paradas para fotografias, para respirar o ar puro, olhar a paisagem e também acenar para o povo que passava pelo rio com os botes de rafting. Não precisei usá-los, mas todos os participantes levam consigo equipamentos básicos de segurança (cadeirinha, mosquetão e corda) em caso de algum incidente. Crianças e adultos podem participar da atividade.
- Percurso: 12 obstáculos e 10 estações
- R$ 30 por pessoa
- Uniforme: roupas confortáveis e tênis fechado
Tirolesa
Dois pontos ligados por um cabo de aço a uma distância de mais de um quilômetro e com uma vista privilegiada do Vale do Paranhana. A tirolesa te convida a tirar os pés do chão, sentir o vento no rosto e fazer um rasante pela vegetação nativa da região. Pode-se descer uma pessoa por vez ou um adulto e uma criança juntos, no chamado sistema “canguru”.
- Percurso: 1,2 mil metros
- R$ 35 por pessoa (R$ 45 na modalidade “canguru”)
- Uniforme: roupas confortáveis e tênis fechado
- Não recomendado para gestantes, cardíacos e pessoas acima de 120kg
Outras atividades
Paintball
- Uma hora de jogo com 100 tiros inclusos
- R$ 40 por pessoa
- Mínimo de seis pessoas
- (acima de 10 anos)
Stand up no lago
- 20 minutos de atividade
- R$ 20 por pessoa
Arco e flecha
- 15 minutos de atividade
- R$ 15 por pessoa
- Proibido para menores de sete anos
Rapel
- Altura: 25 metros
- R$ 40
- Não recomendado para menores de 10 anos, gestantes, cardíacos e pessoas com problemas de coluna. Peso máximo de 120kg
- Uso de roupas leves e tênis fechado
Aquaball no lago
- Até 10 minutos de atividade
- R$ 15 por pessoa
Tiro ao alvo
- R$ 15 por pessoa
O Raft Adventure Park
- Estrada Barro Preto, 3.155, em Três Coroas (RS)
- WhatsApp: (051) 99613-9232
- Funcionamento: todos os dias
- Entrada: R$ 10 por pessoa
- Recomenda-se fazer reserva antecipada
- Site: raft.com.br