Foram 19 horas e 16 minutos no ar, atravessando 15 fusos horários e 16,2 mil quilômetros. Ao pousar em Sydney na manhã do último domingo (20), o Boeing 787 da companhia australiana Qantas procedente de Nova York havia feito história ao completar o voo comercial mais longo do mundo.
A bordo, 49 pessoas, entre passageiros e tripulantes, passaram por diversos testes a fim de examinar os efeitos de uma jornada tão longa no organismo humano.
O voo foi o primeiro experimento da Qantas para implementar o Projeto Sunrise de voos sem escalas ligando três cidades da costa leste australiana – Sydney, Melbourne e Brisbane – a Nova York e Londres. A previsão é iniciar as operações no mais tardar em 2022.
Para este voo experimental, os pilotos tiveram a atividade cerebral monitorada, enquanto os passageiros foram submetidos a uma rotina de exercícios, testes mentais e alimentação balanceada.
A Qantas não divulgou resultados detalhados dos testes, mas relatos de passageiros mostram que aqueles que desejarem se aventurar a passar quase 20 horas dentro de um avião precisam de disciplina para vencer o jet lag.
O avião decolou de Nova York por volta das 21h (horário local). Em um voo noturno tradicional, o jantar seria servido pouco após a decolagem, seguido do desligamento das luzes na cabine.
Neste caso, porém, era preciso começar a ajustar o relógio biológico dos passageiros ao fuso de Sydney, onde, na hora da decolagem, passavam poucos minutos do meio-dia.
As luzes se mantiveram acesas, a primeira refeição servida trazia bacalhau com molho picante – feito para manter o passageiro desperto – e sessões de alongamentos por toda a aeronave mantinham o grupo de olhos bem abertos.
O estímulo ao sono na hora certa, ou seja, quando em Sydney anoitecia, veio na segunda metade do voo, com um jantar rico em carboidratos antes de as luzes se apagarem.
Horas antes do pouso, o café da manhã trazia mix de grãos, purê de abacate, queijo quente e salada de ervas. Segundo estudos utilizados pela Qantas, a alimentação a bordo é parte essencial do combate aos efeitos do jet lag.
O número reduzido de passageiros neste voo experimental permitiu que todos a bordo ocupassem as poltronas da classe executiva. Para os futuros voos comerciais do projeto, o presidente da Qantas, Alan Joyce, promete assentos da classe econômica com mais espaço para as pernas e uma área no fundo do avião para que os ocupantes possam se alongar.
Joyce, que esteve a bordo do voo teste, destacou a economia de tempo em relação ao voo regular Nova York-Sydney, com escala em Los Angeles.
— Nosso voo regular com uma parada decolou três horas antes do nosso voo direto, mas chegamos alguns minutos antes. Economizamos um tempo significativo ao não pararmos.
Até o fim deste ano, a Qantas deve decidir qual aeronave será a escolhida para os voos ultralongos – a companhia analisa as opções apresentadas por Airbus e Boeing, que precisam de modificações para ter maior alcance e maior peso máximo de decolagem.
Outros dois voos teste estão previstos para este ano: um segundo entre a cidade americana e Sydney e o primeiro para Londres, com duração estimada de 20 horas e 30 minutos.