Nossa temporada de inverno do #PartiuRS não poderia deixar de passar pela Serra. Só que escolhemos um destino que não é tão convencional, e que por isso mesmo é surpreendente. Você conhece a cidade que é considerada a mais italiana do Brasil? A região tem muita coisa boa junta: belos lugares, tradição, mesas fartas. Nosso passeio foi a um lugar assim, cheio de história, que mais parece cenário de novela de época: Antônio Prado. Para quem sai de Porto Alegre, o trajeto é pela BR-116 e pela RS-122. Dá mais ou menos 180 quilômetros, pouco menos de três horas.
A nossa sugestão é para que você vá direto para o centro histórico, onde há 48 casas tombadas pelo patrimônio histórico nacional. Construídas entre 1890 e 1940, para os imigrantes italianos morarem, elas viraram relíquias que trazem gente de toda parte para cá. A cidade tem o maior acervo arquitetônico da imigração italiana no brasil. Quando a gente dá uma volta pelo centro, as casas coloridas de madeira já atraem o nosso olhar. Todas são mantidas com as características originais e, em cada, descobre-se um pouquinho mais da história do lugar, como a data de construção e a quais famílias pertenceram.
No centro cultural (entrada a R$ 3), a maquete mostra como a cidade foi formada. As visitas são agendadas. No Museu Casa da Neni (entrada gratuita), os objetos e móveis lembram o tempo em que os primeiros imigrantes chegaram.
Na cidade, cerca de 80% da população fala o "talian", uma mistura de dialetos do norte da Itália com o português. Nelsa Ferri, regente de um coral local, afirma:
– A gente se sente muito feliz, muito orgulhoso de manter essa raiz, algo que foi deixado pelos nossos antepassados.
A reportagem também esteve no interior do município. Há lugares incríveis. A menos de cinco quilômetros do centro, encontramos o centenário Moinho Francescatto (visita a R$ 5), em pleno funcionamento e comandado por uma típica nona italiana. Aos 74 anos, Catarina Francescatto toca o moinho sozinha. Ela recebe os turistas e também mói milho para fazer farinha (o quilo é vendido a R$ 5).
Antônio Prado é um local tão histórico que se pode encontrar profissionais raros, como Luiz Marsilio, habilidoso ferreiro. A profissão é herança de família. Ele já trabalhou muito fazendo ferramentas para o campo, como arados, roda de carroça, ferraduras. Agora, trabalha só para o turista ver. Para entrar na Ferraria Marsílio, o ingresso sai por R$ 5.
No sítio Canto do Encantador (ingresso a R$ 20), o proprietário, Pedro Anghinoni, divide com os visitantes o amor que tem pela natureza e pelos animais. Ele cria mais de cem aves: tem avestruz, periquito, cisne... E, aos domingos, Pedro abre as porteiras para visitação. O que arrecada vai para pagar a comida dos bichos.
– Vem cá com o papai, Tuco! – diz o proprietário para um tucano.
Tem também o Fred, um faisão dourado que tem a China como país de origem.
– Ele gosta é de ficar no ombro – indica Pedro para a repórter, que acolhe o animal. – Está há 11 anos comigo.
Só de estar nesse lugar, curtindo a tranquilidade e a proximidade com a natureza, já é demais. E ainda dá para dar uma volta de pedalinho no lago (grátis) e andar de quadriciclo (R$ 20).
Mesa farta e hospedagem em meio à natureza
E que tal uma paradinha para descansar e se reabastecer? No restaurante Nostra Cantina, há uma mesa cheia de delícias (almoço sai por R$ 56).
– Tem a tábua de frios de entrada, com salame, copa, queijo, morcilha de porco, e depois a sopa de capeletti. Temos nosso tradicional galeto ao primo canto, que é feito e temperado aqui, com tempero especial nosso. As massas à carbonara, aos quatro queijos e à bolonhesa, o tortéi, o nhoque. E o radite com bacon, que também não pode faltar – enumera o chef de cozinha Marcelo Donazzolo.
No armazém que fica junto do restaurante, dá pra escolher e levar para casa o que o visitante mais gostou de comer.
Uma dica para aproveitar bem tudo o que a cidade oferece é dormir por lá. A Pousada De Rossi tem cabanas (diária a R$ 240) no meio da natureza. Para quem ainda estiver com energia, dá para fazer trilhas a pé. Quem ficar com a carga baixa pode passear em um carrinho (R$ 20) pela propriedade.