Nas buscas por voos, o viajante a passeio valoriza o preço acima de todas as outras variáveis, incluindo horários, rotas e conforto do assento oferecido pela companhia, pelo menos de acordo com o grupo Airlines for America – e sistemas de busca como Skyscanner, Kayak e Google Flights são ótimos pontos de partida para encontrar essas passagens a preços baixos.
Só que muitos não incluem as aéreas de baixo custo nem relacionam voos transoceânicos às empresas de localização regional, que podem oferecer opções menos custosas. Para isso, você precisa de um kit de ferramentas maior, incluindo consolidadoras e alternativas para descobrir as companhias que não estão listadas no Kayak ou similares. (Dica: procure pelo aeroporto de destino no FlightsFrom.com ou no site de código aberto OpenFlights.org.)
Para achar passagens baratas em rotas meio complicadas, passei uma semana este mês fuçando para organizar as quatro viagens abaixo. As tarifas, obviamente, são um retrato momentâneo e sujeitas a todo tipo de modificação. Leve em consideração também que os preços que aparecem aqui são os mais baixos e podem não incluir malas despachadas e, no caso de muitas empresas de baixo custo, refeições.
África: peça ajuda a uma consolidadora
Dada a distância, um voo de US$ 783 da Lufthansa para Nairóbi saindo de Newark, Nova Jersey, via Frankfurt, na Alemanha, e voltando com duas conexões – em Adis Abeba, na Etiópia, e em Frankfurt, para embarque no fim de junho, não é nada mau.
Crucial para achar esse preço em meio a um mar de opções de US$ 1.200 a US$ 1.400 foi indicar que minhas datas eram flexíveis, o que muitos sistemas de buscas permitem. Nesse caso, a página do Kayak me direcionou para o Priceline, sua agência de viagem on-line "irmã", para completar a reserva.
A própria página de busca do Kayak oferece comparações com outros mecanismos com apenas um clique. As melhores tarifas listadas ali eram de consolidadoras, empresas que compram blocos de passagens a preços baixos para revender.
Se eu poderia ter me saído melhor? A própria página de busca do Kayak oferece comparações com outros mecanismos com apenas um clique. As melhores tarifas listadas ali eram de consolidadoras, empresas que compram blocos de passagens a preços baixos para revender. A Wowfare, por exemplo, oferecia opções a partir de US$ 587, mas, quando falei com um de seus representantes por telefone (procedimento obrigatório para a efetivação da reserva), descobri que esse valor era promocional e válido somente para datas em novembro (só para comparar, o Google Flights tinha tarifas a partir de US$ 707 para o mesmo mês). Para junho, a Wowfare oferecia um itinerário da Delta Air Lines por US$ 1.033, incluindo refeições e uma mala despachada, ou seja, nada parecido com a pechincha que eu estava esperando.
Nesse caso o Priceline foi o grande campeão, mas as consolidadoras também podem oferecer ótimas ofertas, principalmente se suas datas são flexíveis e você não tem preferência por determinada empresa. Não se esqueça de que alguns bilhetes não são reembolsáveis nem transferíveis, o que significa que, se perder o voo, você fica preso a ela para comprar outro.
Sudeste Asiático: faça buscas de trás para a frente, planeje com antecedência
Sair de Nova York rumo à Ásia é uma viagem longa, mas, procurando passagens para Luang Prabang, cidade no norte do Laos considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco por causa dos templos budistas, descobri que a China Eastern Airlines a deixa mais longa ainda. O bilhete mais barato no Kayak, US$ 952 ida e volta com a China Eastern, saindo do Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em junho, exige três paradas – Xangai, Changsha e Kunmin – até chegar depois de 59 horas e 30 minutos (corresponde a cinco dias de viagem, ida e volta, para um norte-americano que tira, em média, 17 dias de férias por ano, de acordo com a Associação de Viagens dos EUA). Já a rota mais rápida saía por US$ 2.490, uma viagem de quase 24 horas com a Aeroflot do JFK para Moscou e com a Bangkok Airways de lá para Luang Prabang.
Para obter melhores resultados, pesquisei de trás para a frente. Tendo voado com a Air Asia X, "irmã" da Air Asia fora da Malásia, de Bancoc para Yangon, em Mianmar, eu sabia que a aérea de baixo custo era popular na Ásia (você também encontra procurando na lista do SkyTrax World Airline Awards de melhores empresas de baixo custo no worldairlineawards.com). Ela faz a conexão de seus principais centros – Bancoc e Kuala Lumpur, na Malásia – com 31 cidades, incluindo Honolulu. Procurando no airasia.com, achei voos só de ida, de 90 minutos de duração, de Bancoc para Luang Prabang com a Air Asia X, a partir de US$ 44.
Chegar a Bancoc a partir de Nova York é mais complicado; voos com uma parada só, em junho, saem, no mínimo, por US$ 991. Sabendo que o aplicativo de previsão de passagens Hopper descobriu que os bilhetes internacionais mais baratos se encontram na janela de dois a três meses de antecedência de reserva, joguei as datas para meados de agosto, ou seja, dali a três meses, e achei o período ideal. Os valores caíam para US$ 528 no voo da United para Bancoc, com escala em Tóquio, usando o calendário do Google Flights para me mostrar a promoção de quarta a quarta, que também trazia a dica que eu vira no FareCompare.com, ou seja, viajar no meio da semana é mais barato que no fim dela.
Juntando os dois, cheguei a uma viagem ida e volta de US$ 616, US$ 336 a menos que o voo da China Eastern (e muito menos horas de viagem), e quase US$ 1.300 mais em conta que o da Aeroflot.
Europa: aproveite as férias em dois países
Aéreas tradicionais como Lufthansa e British Airways podem oferecer mais mordomias, incluindo refeições, mas outras empresas estão investindo para valer em suas rotas: a JetBlue, por exemplo, anunciou recentemente que abrirá um serviço para Londres em 2021; a Norwegian Air inaugurará as rotas Nova York-Atenas e Chicago-Barcelona em meados deste ano.
Uma vez na Europa, você pode utilizar as aéreas de baixo custo de grande cobertura, como a irlandesa Ryanair e as inglesas easyJet e Flybe, que geralmente não aparecem nas buscas.
Para testar essa estratégia, escolhi como destino Zadar, cidadezinha costeira na Croácia que tem um centro histórico lindinho, belas praias no Adriático e uma fração da multidão que invade Dubrovnik. Uma busca parâmetro no Expedia me deu um voo de US$ 1.284 com duas escalas – em Amsterdã e Zagreb – em agosto, e US$ 1.612 com uma escala em Viena.
De Londres, a easyJet tem viagens ida e volta de US$ 220 em agosto, com duração de 2,5 horas, para Zadar com saída do Aeroporto Luton. O Google Flights me deu uma opção sem escala de US$ 543 de Newark a Heathrow com a United, colocando o bilhete comparativo a US$ 743. Colocando o preço da passagem de ônibus entre os aeroportos (a da National Express sai por quinze libras só ida, ou US$ 20), a viagem ida e volta fica em US$ 783, ou uma economia de pelo menos US$ 500. Só que os horários não batem na viagem de ida, ou seja, você teria de passar a noite na capital inglesa, o que muito provavelmente comeria grande parte das economias.
Seguindo a rota de Dublin, a Norwegian Air tinha uma passagem de US$ 467, ida e volta, saindo do Aeroporto Internacional Stewart em uma terça de agosto, chegando às 8h20 da quarta. Fazer a conexão para o voo de início da manhã da Ryanair para Zadar por US$ 259, ida e volta, implicaria passar a noite em Dublin, com problema de sincronia de horários semelhante na volta, exigindo outra noite na cidade. Sem transfers nem hotéis, a tarifa sai por US$ 726, uma economia de pelo menos US$ 562. Ambas as opções exigem pernoites a custos adicionais, mas talvez sejam atraentes para aqueles que querem esticar em uma cidade ou na outra.
Sul do Pacífico: apele para as novas aéreas de baixo custo
As novidades não têm sido muito boas para as aéreas de baixo custo como a Wow Air, que quebrou no fim de março, mas isso não impediu o surgimento de outras startups. Na Ásia, a Japan Airlines, por exemplo, anunciou sua primeira "cria", a Zipair, que deve ser lançada a tempo para a Olímpíada de Tóquio, em meados de 2020.
Viajar para o Sul do Pacífico, uma região relativamente remota, nunca vai ser barato, mas pelo menos uma empresa nova, a French Bee, com sede em Paris, está investindo no setor: no ano passado, lançou voos para Papeete, no Taiti, a partir de San Francisco.
Para uma viagem em meados de agosto, a Orbitz oferece a passagem mais barata, de Newark a Papeete por US$ 1.600 com a United, parando em San Francisco.
Para usar a French Bee você teria de achar um voo para San Francisco de Nova York, tendo a certeza de que os horários das conexões se encaixam com folga, permitindo tempo suficiente para passar pela alfândega e pela imigração antes da conexão para o voo doméstico de volta para casa. O Google Flights me deu um direto, a US$ 282, entre Newark e San Francisco com a United, com os horários bons; com a French Bee sai por US$ 831, ida e volta. No total, a viagem custaria US$ 1.113, uma economia de quase US$ 500 em relação ao itinerário da Orbitz.
Voos em companhias menores têm lá seus riscos únicos. Por exemplo, o viajante pode ficar preso a empresas que não tenham aeronaves de apoio para lidar com os excessos ocorridos em caso de mau tempo ou falha mecânica. Além disso, uma vez que os voos não estão relacionados um com o outro, a segunda companhia pode não garantir seu bilhete se você perder o voo por causa de um atraso do primeiro, e não vai poder despachar malas até o destino final. Nesse caso, é um risco de US$ 487.
Conclusão
– Quando for procurar passagens internacionais, comece com antecedência e efetive a compra três meses antes do embarque.
– Não há um único sistema de busca que tenha sempre os preços mais baixos. Para conseguir a melhor compra, pesquise em vários.
– Organize as buscas de trás para a frente, a partir de seu destino, para saber quais aéreas de baixo custo voam para lá, e só então compre a passagem.
– Seja flexível em relação às datas para obter os melhores preços.
– Cuidado ao usar companhias diferentes para voos internacionais; lembre-se de que você precisa de tempo para passar pela alfândega e pela imigração antes de fazer a conexão – geralmente não menos de três horas, e mais se tiver de mudar de aeroporto.
Por Elaine Glusac