Minas Gerais é o único Estado do Sudeste desprovido de litoral, mas engana-se quem pensa que tal característica é sinônimo de decepção para o povo mineiro. Rios, lagos e cachoeiras transformam a paisagem em points de diversão, onde a falta de ondas é substituída por atrativos arrebatadores.
Um dos exemplos fica a 280 quilômetros de Belo Horizonte. Banhada pelo Lago de Furnas – reservatório quatro vezes maior do que a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro – e inserida no Parque Nacional da Serra, Capitólio é conhecida como “Mar de Minas”. A cidadezinha, com cerca de 8,1 mil habitantes, começou a ser desenhada por volta de 1800, quando os portugueses Machado de Faria e Gonçalves de Morais perceberam o potencial das matas praticamente intocadas na época. Os primeiros moradores chegaram 30 anos depois, movimentando o comércio. Em 1923, o local foi elevado à categoria de vila e, em 1948, transformou-se em município.
A principal referência para os viajantes é o Aeroporto Internacional de Confins. De lá, pode-se optar pelo deslocamento de carro, via MG-050, ou de ônibus, saindo do Terminal Rodoviário de Belo Horizonte (com passagem a R$ 93). O trajeto dura aproximadamente quatro horas.
A primeira impressão, logo ao desembarcar, é de um tradicional cenário pacato do interior. No alto da praça central, está a Igreja Matriz São Sebastião, de arquitetura contemporânea e linhas simples, rodeada por restaurantes, lanchonetes, lojinhas de artesanato e outros tipos de comércio. Como a cidade ainda está se adaptado ao número crescente de visitantes, caixas eletrônicos são escassos (alguns estabelecimentos afastados, inclusive, não aceitam cartão, pois o sinal de internet é fraco). Levar dinheiro é a melhor escolha. Para hospedagem, quem deseja comodidade encontra alimentação, piscinas e deques privativos nos resorts e hotéis-fazendas espalhados ao longo da rodovia que corta o município. Aos aventureiros, há campings com preços econômicos. Uma alternativa é ficar nas cidades vizinhas Piumhi e São José da Barra.
A maioria dos passeios tem início na Ponte do Rio Turvo, localizada no quilômetro 306 da MG-050. Ali, tendas de agências dão as boas-vindas próximas ao acostamento da estrada, facilitando os agendamentos. São três as categorias de passeios náuticos: de chalana, de catamarã e de lancha. As duas primeiras duram três horas, param em dois pontos turísticos e contam com lanchonete e banheiros dentro da própria embarcação. A terceira oferece paradas adicionais de 20 minutos cada, tempo suficiente para se refrescar no Lago de Furnas e contemplar os cânions Vale dos Tucanos, Cascata e Cascatinha. Uma quarta opção de passeio é com lancha exclusiva. Todas as modalidades são licenciadas pela Marinha e têm coletes salva-vidas.
Perto dali, no quilômetro 312, em direção ao município de São João Batista do Glória, uma parada obrigatória é o Mirante dos Cânions. Uma trilha de 500 metros separa a entrada do parque até a pedra que permite uma visão panorâmica do Lago de Furnas, serpenteado por paredões gigantescos. Apesar do risco, não há qualquer tipo de segurança na beira do precipício. O ingresso custa R$ 20 – a taxa começou a ser cobrada recentemente, para melhorias estruturais.
O Paraíso Perdido e a Lagoa Azul
Outra atração famosa é o Paraíso Perdido, uma propriedade particular formada por 18 piscinas naturais e oito quedas d’água. As bordas são ornamentadas pela vegetação da Serra da Canastra, um misto de árvores distorcidas com flores de variados tamanhos e cores. Pegadas vermelhas desenhadas no chão guiam os turistas por uma subida não muito íngreme. O acesso fica no km 321 da MG-050, de onde sai uma estrada de terra, com quatro quilômetros. A entrada custa R$ 40 e há banheiros, restaurante, pias, mesas e churrasqueiras.
No quilômetro 316, sentido Passos, encontramos a Lagoa Azul, pedreira desativada há 15 anos. Lá, explorava-se o quartzito, destinado à construção civil. A paisagem peculiar serviu de set para a produção do filme Motorrad, do diretor Vicente Amorim. Chegar é o desafio: uma estrada cheia de pedras e buracos só pode ser vencida por veículos 4x4. Muitas agências oferecem esse passeio com motoristas credenciados e roteiros que conciliam outras paradas estratégicas.
Gastronomia
Com água por todos os lados, as especialidades são à base de peixe. Traíras e tilápias são preparadas até como churrasco, além de recheadas com o tradicional queijo de Minas. Outras iguarias são o tutu à mineira, torresmo, frango com quiabo e o frango caipira. Para acompanhar, as autênticas cachaças artesanais envelhecidas em tonéis de madeira.
Quando ir
O ideal é ficar, no mínimo, três dias na cidade, de preferência entre os meses de maio e setembro. O forte do inverno é em junho e julho, quando as cachoeiras gelam mais do que o habitual. No verão, entre janeiro e fevereiro, o cuidado maior é com as possíveis trombas d’água.