O que vem a sua cabeça quando pensa em Panamá? O chapéu? À minha, o Canal do Panamá. Talvez por isso, ver de perto a imponente obra que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, imagem que eu só tinha dos livros de Geografia do tempo de escola, foi tão impactante.
Mais surpreendente foi descobrir que o Panamá não é somente o canal. E não é também apenas um local de passagem para quem faz escala. Eu mesma já havia feito conexão no Aeroporto Internacional Tocumen para ir ao México. Descobri que a Cidade do Panamá pode e deve estar nos planos de férias de qualquer viajante.
Há possibilidades de roteiros para os mais diferentes perfis de turistas: os que gostam de história, os que gostam de boa gastronomia, os que gostam de vida noturna, os que gostam de ir às compras e os que gostam de sombra e água fresca — praias do Pacífico estão a uma hora e meia da capital, e as do Caribe, a duas horas e meia de carro. São 74.177 quilômetros quadrados de área (para termos de comparação, o Rio Grande do Sul tem 281.748 quilômetros quadrados), o que facilita o deslocamento para moradores e turistas.
Além disso, o Panamá tem o que de melhor um país pode oferecer: um povo gentil e hospitaleiro. Há aproximadamente 4 milhões de habitantes no país, mais da metade deles vivendo na Cidade do Panamá: cerca de 2,5 milhões. É o principal centro financeiro, corporativo, cultural e econômico da nação. A importância da capital se deve, claro, ao Canal do Panamá, intervenção humana que liga dois oceanos e possibilita a passagem de embarcações do mundo inteiro, encurtando distâncias.
Visitar o canal, aliás, é essencial para entender a grandiosidade desse pequeno país da América Central, vizinho da Costa Rica e da Colômbia. Muitos turistas de passagem pela Cidade do Panamá costumam conhecer apenas o canal. Mas digo que vale a pena reservar mais dias para desbravar a capital e seus arredores.
O setor financeiro, região onde fiquei hospedada com um grupo de jornalistas, é rico e justifica o apelido da Cidade do Panamá: Dubai das Américas. Os edifícios se destacam não só pela altura, mas pela arquitetura.
O F&F Tower é o mais chamativo, sem dúvida, por sua forma, que lembra um parafuso — por isso também conhecido como tornillo, nome em espanhol.
Histórico e encantador Casco Viejo
A cerca de meia hora da área moderna da cidade, uma nova capital surge. O Casco Viejo revela uma Cidade do Panamá que preserva sua história. Parte da região, também chamada de Casco Antiguo, foi revitalizada e exibe casarões lindíssimos. É possível passar horas caminhando pelas ruas do centro histórico e conversar com os indígenas que vendem seu artesanato nas praças. "Parece Cartagena", alguém do grupo comentou quando chegamos por lá, em referência à cidade colombiana. O fato de o Panamá ter sido território da Colômbia até novembro de 1903 explica a semelhança. São construções antigas, bem diferentes dos edifícios do outro lado da cidade, que chamam a atenção de quem caminha pelas ruas estreitas da região histórica.
Como é preciso dividir espaço com os carros — o trânsito, aliás, é complicadíssimo na Cidade do Panamá —, o melhor é andar pelas peatonais, como o Paseo Esteban Huertas, um caminho sobre a muralha defensiva da capital.
O espaço, com arcos cobertos por flores que formam um túnel, é também conhecido como Passeio dos Apaixonados.
É nesse caminho que os Kuna, índios das Ilhas San Blas, vendem as tradicionais molas, tecidos de algodão com desenhos coloridos. Os motivos variam: há pássaros, peixes e outros animais. As molas são feitas pelas mulheres da tribo e podem virar quadros ou estampar uma camiseta, por exemplo. Depende da criatividade do comprador. Cada uma custa, em média, US$ 15. Mas, levando mais de uma, consegue-se um desconto. Eu consegui.
O que ver no Casco Viejo
- Arco Chato: é um grande arco de pedras de 15 metros de largura e 10 de altura. Sustentava o coro de madeira da igreja de Santo Domingo. Converteu-se em uma atração turística no século 19, apesar de ter acabado em ruínas. Foi declarado monumento nacional em 1941. O Arco Chato se manteve em pé até 2003, quando caiu repentinamente. O arco atual é uma reconstrução revestida com as pedras originais. Ao lado, fica o Museu de Arte Religiosa.
- Pracinha Carlos V: homenagem ao poderoso monarca europeu do século 16. Seus domínios alcançaram 4 milhões de quilômetros quadrados. Em 1534, Carlos V avaliou a possibilidade de unir os oceanos Atlântico e Pacífico por meio do istmo panamenho, uma façanha que só se alcançaria quatro séculos mais tarde com a construção do canal.
- Casa do Soldado: o edifício, no Passeio dos Apaixonados, foi a primeira sede do Museu Nacional. Foi revitalizado já no século 21 e hoje abriga um centro cultura.
- Conjunto de São Francisco: o templo e o convento de São Francisco pegaram fogo em 1737 e 1756, mas foram reconstruídos. Em 1918, ocorreu a remodelação da igreja colonial, que mudou fachada e interior e agregou seu alto campanário. O templo foi restaurado em 2016. Hoje, na área do convento, está o Palácio Bolívar, sede da diplomacia panamenha.
* A jornalista viajou a convite do IHG – InterContinental Hotels Group.