As ilhas Bahamas são aquele tipo de lugar paradisíaco, com céu azul, areia branca e águas cristalinas, que todo mundo admira quando vê imagens na internet e, eventualmente, até comenta em conhecer nas próximas férias, mas que dificilmente torna-se, de fato, o destino escolhido para o período de descanso. Seja pela distância do Brasil (6,7 mil quilômetros se você parte de Porto Alegre), seja pelo fascínio dos vizinhos (Miami e Cuba estão entre as rotas favoritas dos brasileiros), a viagem para o pequeno país costuma ser aquele tipo de sonho sempre deixado para depois. Um grande erro, acredite.
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Tive a oportunidade de corrigir tamanho "deslize" no início de março, quando Zero Hora recebeu o convite para estar a bordo do Disney Wonder, cruzeiro que parte de Porto Canaveral, na Flórida, e leva turistas para conhecer a Castaway Cay, ilha privativa da companhia nas Bahamas. Acostumado a programar minhas próprias viagens, flanando e conhecendo lugares sem a obrigação de seguir um roteiro definido, a ideia de estar em um ambiente artificial, ao lado de princesas e outros personagens de desenho animado, não empolgava muito. Mas, após quatro dias em alto-mar, qualquer desconfiança foi desfeita. A Disney cumpre à risca a máxima de que todo conto deve ter um final feliz.
Dentro do navio, que tem capacidade para 2,5 mil passageiros – suficiente para abrigar a população inteira de 74 municípios gaúchos –, atrações não faltam: shows, cinema, piscina, pubs, spa, academia. Muitas atividades voltadas para as famílias, como não poderia deixar de ser, mas não apenas. Diversão não falta para pais que desejam passar um tempo sozinhos, casais em lua de mel, noivos em despedidas de solteiro e também para adultos desacompanhados.
Diferentemente dos parques, os cruzeiros da Disney não focam em brinquedos, e sim na experiência dos passageiros. Os corredores tocam músicas de desenhos clássicos, personagens passeiam pelos decks, e a decoração remete a cenários de contos de fadas. Mas nada é excessivo ou chega a gerar desconforto àqueles não tão fascinados por Mickey e Minnie.
No andar das piscinas, o nono de 10 pavimentos, há espaços para famílias e também áreas privadas para crianças e adultos. Alguns ambientes do navio são exclusivos para adultos. Crianças não entram nos restaurantes de alta gastronomia, como o italiano Palo, que oferece um jantar intimista e pede trajes mais finos. Os animados encontram divertimento em bares e cafés – um dos espaços traz uma réplica muito convincente de um tradicional pub londrino. Nesses espaços, a decoração sóbria permite ao passageiro esquecer quase completamente de que ele está em um cruzeiro Disney.
Exceto por um aspecto: o atendimento da equipe. Esteja onde estiver no navio, seja malhando na academia, relaxando no spa, bebendo em um pub ou jantando em algum dos restaurantes, o acolhimento oferecido pela tripulação é excelente. Sorrisos gentis e olhares atenciosos fazem qualquer passageiro se sentir rei ou rainha – boa recepção aos hóspedes é condição da companhia para contratação de funcionários, e a regra é, de fato, levada ao pé da letra. A alegria constante lembra aquela aura das festas de final de ano. Não há motivo aparente, mas todos estão felizes o tempo todo.
Para aqueles que não falam inglês, é possível solicitar um funcionário brasileiro dentro do navio. Não é raro encontrar falantes de português na tripulação. Para as crianças, mesmo as menores, a língua não é problema. Nos diversos espaços disponíveis, a interação entre os pequenos acontece mesmo quando o idioma é completamente diferente.
As crianças podem passar horas em ambiente como o Oceanner Lab, equipado com computadores e brinquedos variados, contando com o acompanhamento de orientadores especializados. A segurança é outra prioridade: elas só saem do espaço acompanhadas dos pais. Uma pulseira contendo dados e imagens dos responsáveis garante que não haja nenhum engano.
Os maiores participam de oficinas e jogam videogames de última geração. Quem tem entre 14 e 17 anos acessa o Vibe, um espaço teen que reúne karaokê, aulas de violão, culinária e até "balada" para os adolescentes.
O cruzeiro inclui duas paradas. Uma na cidade de Nassau e outra na Castaway Cay, ilha gerenciada pela Disney. Na capital das Bahamas, perto do porto onde atraca o navio, diversas barraquinhas de artesanato permitem aos passageiros encontrar lembrancinhas locais para amigos. Camisetas, bolsas, pulseiras estão expostos a preços não muito modestos, já que a área é estritamente turística. Caminhando mais para dentro da cidade, é possível conhecer o Straw Market, que tem um pouco mais de produtos locais. O Museu dos Piratas de Nassau e a Catedral Christ Church também são opções para quem quer se aventurar pela cultura local nas poucas horas disponíveis na ilha.
Em Castaway Cay, é possível encontrar atividades para famílias e casais que nãos estão acompanhados de crianças. No espaço infantil, os pequenos podem brincar em toboáguas, sempre supervisionados por salva-vidas, e os pais encontram tempo para sentar na praia e relaxar. O lugar permite também deixar os pequenos aos cuidados de monitores, que ficarão responsáveis por entretê-las e alimentá-las enquanto os pais descansam ao sol.
Os adultos que viajam sem crianças têm uma praia só para eles. Localizada do outro lado da ilha, a Serenity Bay permite ficar afastado do barulho das brincadeiras infantis. Aluguel de snorkel e passeios de bicicleta, barco e jetski são apenas algumas das atividades que podem ser adquiridas.
Quanto custa
No trajeto pelas Bahamas, a cabine mais em conta, para duas pessoas e sem vista para o oceano, custa US$ 1.317 (cerca de US$ 4,2 mil). O preço varia por temporada (há datas no ano inteiro) e chega a US$ 11 mil (R$ 35 mil), a suíte mais cara do navio Disney Dream, em agosto, verão no Hemisfério Norte. Mais informações em disneycruise.disney.go.com.
*O jornalista Cadu Caldas é repórter de Zero Hora. No ano passado, ele escreveu aqui sobre sua jornada pelo Caminho de Santiago de Compostela. Ele viajou a convite da Disney