Com a saída de cena de Barack Obama no vizinho Estados Unidos e o carisma do seu primeiro-ministro Justin Trudeau, o Canadá atrai cada vez mais as simpatias do mundo. Em 2017, a jovem nação que completa 150 anos arrebatou o primeiro lugar na lista 52 Places of a Year, do The New York Times, e foi eleita o melhor país para viajar em 2017 pelo Lonely Planet.
O dólar canadense – mais barato que o americano (R$ 2,33, comparado com R$ 3,14) – ainda ajuda os turistas que quiserem conferir as festividades de aniversário, marcadas para 1º de julho, o Canada Day (veja a programação aqui). Além disso, a partir de 1º de maio, alguns brasileiros não precisarão mais de visto para visitar o país.
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A maior cidade e o coração financeiro do país é Toronto, onde moram 2,8 milhões de pessoas. Lá, é fácil confirmar a reputação de país aberto a imigrantes. Toronto é famosa por ser a cidade mais multicultural do mundo, pois 51% de seus habitantes são estrangeiros e falam mais de 140 línguas e dialetos. Antes de ver um restaurante de comida canadense, o turista enxerga italianos, mexicanos, japoneses e por aí vai.
Extremamente limpa e segura (as mortes noticiadas não são por tiros, mas por avalanche), Toronto é assídua nos rankings de melhor cidade para morar. Ela não é apenas desenvolvida, é hiperdesenvolvida, e uma amostra disso é o valor dado à sustentabilidade e à arte pública. O governo municipal aprovou recentemente uma lei que obriga novos edifícios com mais de 2 mil m2 tenham telhados verdes – atualmente, há mais de 500 por lá. E para ter o projeto aprovado no Centro, um novo arranha-céu precisa incluir uma obra de arte em sua fachada. Aliás, uma das primeiras coisas que os turistas enxergam ao desembarcar, pelo terminal 1 do aeroporto Toronto Pearson, é a enorme escultura Tilted Spheres, do artista Richard Serra, espécie de portal saudando os visitantes.
Famosos pela cordialidade, os canadenses são um povo tão legal que a sua boa educação é motivo frequente de piada entre os americanos. Vivi isso na prática: a cada vez que parava alguém para pedir informações, ganhava um novo amigo. Aliás, a hospitalidade é tanta que está lhe causando problemas. A grande questão hoje, no Canadá, é como lidar com os refugiados que cruzam suas fronteiras ilegalmente. Até agora, eles estão sendo bem recebidos.
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KENSINGTON MARKET
Um bom retrato da multiculturalidade de Toronto é o Kensington Market. Entre 1890 e 1950, o local era um grande mercado ao ar livre com comidas para imigrantes. Hoje, é um bairro com ar riponga repleto de brechós, lojas de artigos místicos e de maconha (sim, é legal lá), além de cenas aleatórias como dentistas funcionando ao lado de peixarias. O principal atrativo é a culinária, que faz jus à histórica variedade étnica do local, com padaria jamaicana, café sueco, lanchonete mexicana, loja de conveniência caribenha e muito mais.
Dica: 10% dos imigrantes que vivem em Toronto são chineses, portanto, a Chinatown tem muito a oferecer. Ela fica ao lado de Kensington Market.
BATA SHOE MUSEUM
Quando me recomendaram um museu sobre calçados, eu, que não dou muita atenção a eles, fiquei cética. Mas foi assim que o Bata Shoe Museum e seu prédio em formato de caixa de sapato transformou-se na maior surpresa da viagem. A mostra permanente é uma jornada pela história do comportamento humano por meio de itens gregos, indianos, africanos... Uma lição de como os padrões de beleza mudam está nos infames sapatinhos de 7cm que deformavam os pés das mulheres chinesas até serem proibidos no século 20 e os calçados masculinos do século 16, quando o salto era sinônimo de status para homens.
Dica: nas quintas-feiras, o museu fica aberto até mais tarde, 20h. O ingresso custa 14 dólares canadenses.
CASA LOMA
Esta atração vale mais pelo aspecto inusitado: trata-se de um castelo em estilo eduardiano em plena América do Norte. Começou a ser construído pelo magnata Sir Henry Pellatt em 1911, no topo de uma colina com vista para Toronto. Foram precisos 300 homens e três anos para concluir a obra que, com 200 mil m2, tornou-se a maior residência do Canadá naquela época. Prepare-se para caminhar bastante, percorrendo as dezenas de quartos e salas decorados, além de estábulo, jardim, torre, biblioteca etc. A ausência de castelos na América do Norte fez deste local um set comum para filmes, como Chicago e X-Men.
Dica: faça a visita com um áudio-guia (incluso no preço) para conhecer a história do excêntrico proprietário. O ingresso custa 24 dólares canadenses.
PATINAÇÃO NO GELO
Nos dias frios, as ruas tendem a estar vazias, mas pode ter certeza que os rinques de patinação estarão bombando. Um ponto famoso é a pista diante do luminoso colorido de “Toronto” e em frente ao imponente prédio da prefeitura, concluído em 1964 a partir do projeto do arquiteto finlandês Viljo Revell. No Harbourfront Center, DJs geralmente animam a pista.
Dica: as pistas costumam funcionar até o final de março. No entanto, o inverno tem ficado mais ameno, o que antecipa o fechamento.
ART GALLERY OF ONTARIO
O prédio em si vale a visita: projetado pelo canadense Frank Gehry, parece um navio de velas prateadas. Comece explorando o acervo prestigiando os mestres canadenses e europeus. A chocante pintura O Massacre dos Inocentes, de Peter Paul Rubens (1577-1640), fica exposta numa sala só sua, onde é possível conferir os estudos anatômicos e sentar num banco para demorar-se apreciando o quadro. O ponto alto talvez seja o pavilhão dedicado ao escultor Henry Moore, com exemplares de suas famosas “figuras reclinadas”. A AGO também recebe mostras temporárias de nomes de primeira linha, como Francis Alÿs e Georgia O’Keefe.
Dica: o ingresso custa 19,50 dólares canadenses, mas, nas quartas-feiras, o museu fica aberto até as 21h, e a entrada é gratuita a partir das 18h. Mas prepare-se para filas.
*A repórter viajou a convite do Departamento de Turismo de Ontário