Praia do Sonho
Em uma segunda-feira pela manhã, uma menina pedalava de biquíni em uma bicicleta enferrujada, com freio de pé. Enquanto isso, um rapaz implicava com três cachorros. Um pouco mais adiante, um senhor pescava tranquilamente. Esse era o cenário sossegado que a reportagem encontrou na Praia do Sonho, em Palhoça.
– Sempre foi muito tranquilo, mas tenho notado recentemente que a praia está enchendo mais, que estão vindo mais turistas. Tem muita gente aqui que está estranhando, mas eu acho legal – comenta Julia Losankas, 15 anos, que veraneia ali desde a infância.
A areia é muito fofa, e as águas, calmas. Raramente há correntes de retorno, o que atrai famílias com crianças pequenas. Quem olha em direção ao mar vê o extremo sul de Florianópolis. E quem quiser ver de perto pode fazer um passeio de barco saindo do Sonho. Por R$ 20, José Júlio da Silveira Filho, o Zezinho, leva você para observar as ruínas da fortaleza na Ilha de Araçatuba, o farol construído em 1861 e a praia de Naufragados. O trajeto dura cerca de 40 minutos.
Por R$ 40, é possível ficar em Naufragados para passar o dia e combinar o horário da volta. Vale o passeio! Agendamentos e informações pelos telefones (48) 99619-4046 e 98486-6980.
O australiano Jason, que brincava com os cachorros, só reclamou da infraestrutura da praia. Os restaurantes próximos estavam fechados – um deles tinha uma placa indicando que os dias de abertura são de sexta a domingo. Na vizinha Ponta do Papagaio, encontramos mais opções.
Acessibilidade
Há lixeiras em toda a orla e saquinhos plásticos. Há também banheiros químicos espalhados pela orla. Pessoas com deficiência ou com dificuldade de locomoção podem usar a cadeira anfíbia para aproveitar o banho de mar – basta solicitar no posto dos salva-vidas. Para estacionar, os visitantes devem deixar o carro na rua ou em pequenas entradas próximas à praia.
Pântano do Sul
Quem vê no mapa onde está localizado o Pântano do Sul pode até pensar duas vezes se vale a pena encarar a distância de 26 quilômetros a partir do centro de Florianópolis para aproveitar a praia no sul da Ilha. Quem já chegou lá garante que os 40 minutos gastos no trânsito compensam.
Por não ser badalada como as praias da região Norte, tem espaço na areia, mar calmo perfeito para as crianças brincarem e para a prática de atividades náuticas, como caiaque, stand-up paddle e banana boat. Além disso, claro, oferece tradicionais restaurantes de frutos do mar. O Pântano do Sul é uma das principais comunidades pesqueiras da cidade.
Ótima para quem curte trilhas
A praia do Pântano se conecta à praia dos Açores e da Solidão, à direita, o que dá a sensação de ser uma praia só. A distância é de aproximadamente 3,5 quilômetros. Mas não se iluda, porque são diferentes: enquanto que no Pântano o mar é calmo, na Solidão tem boas ondas para surfistas. Ao final da praia da Solidão, começa a trilha para a praia do Saquinho.
Vale a pena ficar mais do que um dia
Há quem não se importe em encarar 40 minutos de carro (tempo estimado com trânsito fluido) para curtir o Pântano por apenas um dia. Se esse não é o seu caso, o bairro já conta com pousadas a preço acessível. A vantagem de passar mais do que um dia é a possibilidade de curtir tudo o que o lugar pode oferecer: atividades no mar, passeio de barco, trilhas, caminhada na areia e comidinhas nos restaurantes de frutos do mar.
Alguns moradores também preparam as casas e alugam durante a temporada. É só conversar na vizinhança, e logo se descobre quem aluga quartos ou a casa inteira.
– Aqui tem uma cultura muito enraizada. As pessoas ficam encantadas em ver o dia a dia do pescador, de comer peixe fresco, curtir a natureza – diz Alex Luiz Mariano, nativo do bairro que há 10 anos mudou-se para São Bento do Sul.
Saída para a Lagoinha do Leste
Para aqueles que preferem um barquinho a encarar as subidas íngremes da trilha para a Lagoinha do Leste, cuja entrada fica pouco antes do acesso à praia, há barcos que fazem o serviço de leva e traz. O trajeto dura aproximadamente 30 minutos e custa R$ 30 por trecho. Se o tempo está ruim, não tem jeito, tem que voltar por trilha.
Os barcos partem de um estande localizado à esquerda da entrada principal. Não há mínimo de pessoas e, durante a temporada, os horários de saída dependem da demanda.
Estacionamento, só na rua!
Até o final de 2015, era comum o estacionamento de carros na faixa de areia. O hábito, além de deixar o local feio, era um risco à segurança de crianças e pedestres e gerava brigas por causa de som alto, além de poluir. Desde a proibição, o bairro só teve a ganhar. Há pouco espaço na rua, por isso a opção é procurar um lugar privado. Estacionamentos em terrenos próximos à praia custam R$ 10 a diária.
Informações importantes
6 banheiros móveis
1 posto salva-vidas
Restaurantes de frutos do mar: há diversas opções, desde o famoso Arante ao tradicional Vadinho
Preços
Caiaque: R$ 20/30 min
Stand-up: R$ 25/30 min
Banana Boat: R$ 30/15 min
Água: R$ 2,50
Água de coco: R$ 7
Caldo de cana: R$ 5
Cerveja: a partir de R$ 4
ou três por R$ 10
Refrigerante: R$ 3
Balneário dos Açores
No sul da Ilha de Santa Catarina, entre o Pântano do Sul e a Solidão, fica o Balneário dos Açores, com uma praia tranquila com cerca de três quilômetros de faixa de areia, entre a preservada restinga e o mar.
Apesar de ter muito espaço na areia, havia bastante gente para uma quarta-feira, e o movimento aumenta ainda mais nos fins de semana. Para a empresária Dulce Pereira, que curtia o sol com a enteada Maria Luísa, de três anos, o balneário começou a bombar mais nos últimos dois anos.
– É uma praia especial, porque tem uma cor do mar linda, uma energia boa. Quando dá um mergulho, tu sai outra pessoa. Tem um visual lindo. Quando eu chego aqui eu esqueço de tudo e fico só curtindo as coisas boas – diz Dulce, que trocou o Campeche, onde morava antes, pelos Açores.
Apesar de uma crítica ou outra à falta de estrutura e segurança (na praia não há duchas, por exemplo, e há poucos banheiros químicos), não encontramos ninguém que não fosse apaixonado por aquele canto de areia.
– Isso aqui é o paraíso. Quando você levanta pela manhã, e a maré está lá embaixo, não pode olhar nem pra esquerda nem direita, só para o mar. Talvez não seja a mais bonita, mas é a mais encantadora. E não interessa a ela estar em primeiro lugar – recita o aposentado João Batista Cardoso, que mora no bairro há cinco anos.
Naquela quarta-feira, ele curtia uma sombra empolgado com outros quatro amigos, ao lado da Tenda Açoriana, tradicional barraquinha da praia comandada pelo nativo Sidnei. Entre as especialidades da casa estão o salgadinho de bacon, por R$ 5 o pacote, e a cachacinha de butiá, que custa R$ 3 a concha (cerca de duas doses).
– Aqui é cheio de pessoas amigas. Chamamos de “hospício do bem”. Tem lugares bons pra comer e muito papo pra bater – celebra um empolgado Cardoso entre um gole de cerveja e outro.
Mar
Ao longo da faixa de areia, era possível encontrar pontos de bandeira vermelha e outros, de verde. A praia geralmente tem correntes fortes e fundo irregular, o que causa buracos, mas há alguns pontos mais seguros. Vale sempre consultar a orientação dos salva-vidas.
Estacionamento
Há muitas vagas nas ruas para estacionar os carros, mas moradores do bairro contam que há assaltos de vez em quando.
Acesso
O acesso à praia é feito por escadas de madeira ao longo da extensão de areia. Há também algumas trilhas entre a vegetação de restinga.
Bônus: Mirante do Encanto, em Itapema
Com 26 metros de altura e uma base a 130 metros acima do nível do mar, o Mirante do Encanto, no Canto da Praia, em Itapema, tem uma vista incrível da Costa Esmeralda. No ponto mais alto, é possível ver de um lado toda a orla da cidade e de Porto Belo, município vizinho. Do outro, dá para avistar a região da Praia da Mata de Camboriú, perto da divisa com Balneário Camboriú. Para ficar melhor, poderia ser 360º – por causa do elevador panorâmico, o mirante acaba ficando “de costas” para o horizonte do Oceano Atlântico.
A entrada é gratuita, e cerca de 1,2 mil pessoas visitam o local diariamente durante a alta temporada, das 8h às 18h. No segundo nível, há uma pequena sala com venda de artesanato local. No dia da visita da reportagem, o elevador estava interditado por conta de um problema técnico. O jeito foi subir os quase cem degraus até o topo. Animais são proibidos, assim como alimentos e bebidas (exceto água).