Percorrer a Rota Germânica, entre Santa Cruz do Sul e Sinimbu, é compreender a paixão de um povo pelas tradições. Mas é também se deixar levar pelo vento no rosto, pelo barulho de uma queda d'água e contemplar uma natureza de beleza quase intacta.
A partir de Porto Alegre, pegamos a BR-386 e a RS-287 e, passando a entrada principal de Santa Cruz do Sul, acessamos a RS-153. Nossa aventura começou na localidade de Rio Pardinho, distrito do município. No caminho, você vai encontrar um pedaço da herança deixada pelos colonizadores: o capricho nos pátios das casas – é um jardim mais bonito do que o outro.
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A primeira parada foi para pedir proteção, na igreja evangélica Imigrante, considerada a mais antiga do Estado. Construída em pedra grés pela comunidade, tem, no altar, um púlpito de madeira que era utilizado pelo pastor em celebrações especiais. Ela foi toda restaurada para comemorar, neste ano, um século e meio de existência. Elia Schwendler, que mora em frente à igreja, é uma espécie de guardiã do local.
– Enquanto eu tiver aqui, vou poder fazer muito por essa igreja ainda. É um baita patrimônio aí parado, não pode ser esquecido – diz Elia.
Para não esquecer quem ajudou a construir o segundo núcleo de colonização alemã em Santa Cruz, basta olhar para o lado. No cemitério Imigrante estão enterrados alguns dos primeiros imigrantes. Nas lápides, as inscrições são em alemão.
Partimos, então, para a charmosa Basteleihaus, casa do início do século 20 onde o turista recebe uma aula sobre trabalhos manuais herdados dos imigrantes. Como o artesanato feito com palha de milho ou esponja vegetal por Marisia Wathier, dona da residência. Ali, fica também o antiquário do Tio Ênio, em homenagem ao marido falecido de Marisia. É um dos espaços mais recentes da rota, onde se encontram peças interessantes que recontam a história dos imigrantes alemães. Uma delas é um lavabo com mais de cem anos trazido da Alemanha, todo feito em porcelana. Tem também uma bengala que foi da tataravó de Marisia.
– Minha mãe sempre conta que era uma peça que ela usava não por necessidade, mas porque ela era uma madame chique e gostava muito da bengala para fazer pose – diverte-se.
O local também serve café colonial em antigas porcelanas a um custo de R$ 26 por pessoa. Se você preferir um almoço típico, a dica é parar no restaurante Quiosque, já em Sinimbu. A R$ 17,90 (bufê livre) ou R$ 26,90 ao quilo, é possível provar pratos bem germânicos, como chucrute, pernil de porco, cuca e linguiça.
Depois, seguimos o roteiro pelas ruas tranquilas de Sinimbu. Uma das paradas obrigatórias fica no centro da cidade: a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes. Ela foi construída em 1918, depois que um dos primeiros párocos do município afirmou ter recebido uma inspiração divina para que homenageasse a santa. O lugar hoje é bastante frequentado aos fins de semana por gente que busca um momento de paz e reflexão, além de apreciar a natureza.
De volta à localidade de Rio Pardinho, em Santa Cruz do Sul, uma pausa estratégica na casa de cucas Gressler, onde se pode comprar as famosas iguarias alemãs como lembrança da viagem.
Perto dali, no alto de uma colina, em meio ao verde, está o mosteiro da Santíssima Trindade. Ali vivem sete irmãs, que se revezam no atendimento aos visitantes e também na confecção de artesanato, produção de licores e fabricação de bolachas. A entrada no prédio é gratuita, já a hospedagem custa R$ 30 por noite.
– Pessoas que desejam momentos de reflexão, oração e espiritualidade podem vir aqui se hospedar conosco. Também podem participar dos momentos de oração e de convivência com as irmãs – convida Madre Roberta, coordenadora do mosteiro.
Antes do descanso, vale uma passada em outro ponto da Rota Germânica: a cervejaria Heilige, onde o visitante pode conhecer o processo de fabricação da cerveja artesanal e degustar um dos tantos sabores da bebida.
No dia seguinte, o passeio recomeçou com roupas leves. Pegamos novamente a RS-153 para costear o Rio Pardinho, que abastece os dois municípios. O caminho é longo, mas a paisagem compensa. Depois de quase duas horas de estrada, chegamos ao nosso destino: o salto do Rio Pardinho, em Sinimbu, lugar de natureza quase intocada.
A queda d'água faz parte de uma reserva particular de patrimônio natural (RPPN) – ou seja, área que precisa ser permanentemente preservada.
– Cada vez as cidades crescem mais e sobra menos espaço para fauna e flora se refugiarem. Então, aqui é um espaço de 229 hectares de RPPN com fauna e flora riquíssimas, inclusive animais em extinção – explica a engenheira ambiental Andréia Pereira.
#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial no G1. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)