Enquanto o governo britânico lida com as consequências políticas e econômicas da saída do Reino Unido da União Europeia, decidida em referendo meses atrás, turistas podem dedicar um olhar mais simpático à antes pouco acessível terra da rainha. Isso porque, após o resultado, a libra esterlina entrou em queda livre: atingiu a menor cotação em relação ao dólar dos últimos 31 anos. Em relação ao real, a diferença já alcança 30% de outubro do ano passado para cá. De R$ 6,36, em 23 de setembro de 2015, a moeda britânica chegou a R$ 3,91 na semana passada, e pode seguir caindo nas próximas semanas.
– A libra deve se manter em queda até que o governo britânico mostre números consistentes fora da zona do euro. A Inglaterra é um país forte, organizado, e as coisas devem se acalmar nos próximos meses, quando a moeda tende a se estabilizar. O que não significa necessariamente uma recuperação – diz Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro.
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Para o administrador, o momento é bom para quem quer comprar a moeda visando futuras viagens, mas exige planejamento. Segundo Calil, em casos como esse, o ideal é orçar os gastos de viagem com antecedência e "fatiar" a compra da moeda estrangeira em, no máximo, três etapas. Como a transação acarreta taxas, realizá-la a conta gotas vai promover mais gastos em vez de ajudar a economizar.
Presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grande do Sul (Abav-RS), João Augusto Machado conta que a baixa da moeda britânica observada nos últimos meses ainda não se refletiu em maior procura pelo destino. Ele explica que muito se deve ao fato de que o país dos Beatles e dos Rolling Stones sempre foi um destino caro para os turistas brasileiros – e deve continuar sendo, mesmo com a cotação mais favorável.
– As pessoas que procuram viagens para o Reino Unido, em geral, já fizeram outras pela Europa. Esses países sempre tiveram um alto custo, ainda mais para uma viagem em família. Mas, sem dúvida, é um bom momento para inclui-los no roteiro – avalia.
Conforme os especialistas, é impossível prever até quando a libra esterlina deve continuar caindo. O velho continente atravessa um momento de incertezas: a cada novo anúncio, como o da data de ruptura com a UE, no início do mês, o mercado reage, causando ainda mais turbulência. A situação em casos como esse pode favorecer quem planeja visitar o país em curto ou médio prazos, mas pode prejudicar quem tem planos mais distantes e duradouros. Cursos e intercâmbios, que exigem um planejamento com muita antecedência, podem ser afetados negativamente pelas mudanças na Inglaterra. E, nesses casos, o problema pode ir além do fator econômico.
– Há uma tendência de que, com as mudanças, fique mais difícil o acesso para quem é de fora do país. Pode ser que comecem a exigir coisas que hoje não são necessárias, como o visto – projeta Ana Flora Bestetti, supervisora da regional da CI no sul do Brasil.