As cuias de chimarrão sobre as mesas e os gritos de "guriaaaa" denunciaram a origem das pessoas que aproveitavam a piscina no parque aquático Acquativo naquela tarde de sábado. Embora seja em Santa Catarina, Gravatal é tomada de gaúchos – do total de visitantes, 70% são do Rio Grande do Sul, segundo a Secretaria Municipal de Turismo. Todos em busca daquilo que tornou esta pequena cidade de cerca de 11 mil habitantes – 58%, moradores da área rural – um destino turístico: as águas termais.
O primeiro hotel a aproveitar esse recurso foi inaugurado em 1958, três anos antes de Gravatal se tornar município – até então, fazia parte de Tubarão. Hoje, seis empreendimentos e um camping recebem os banhistas o ano inteiro, e o turismo reina soberano como principal fonte de renda gravatalense.
Leia também
Nova Prata oferece banho em águas relaxantes
Parque natural e águas termais encantam em Marcelino Ramos
Descubra os encantos naturais da serra catarinense
No início de agosto, passei dois dias onde tudo começou: o Hotel Termas, que neste ano recebeu o Certificado de Excelência do TripAdvisor, concedido aos estabelecimentos que receberam muitas avaliações excelentes dos hóspedes no site de viagens nos últimos 12 meses. Nesses quase 60 anos, muita coisa mudou, a começar pelo tamanho. Atualmente, há cem quartos, cinco vezes mais do que à época da inauguração.
Ao chegar, a primeira impressão foi de tranquilidade, em uma área aberta com muito verde, gazebos e redes para descanso. No check-in, a história mudou um pouco, já que o chá da tarde diário rolava ao som de um animador, que tocava músicas brasileiras antigas, instigando o público: "Vamos lá! Esta vocês conhecem!". Alguns dos presentes prontamente cantavam junto, como resposta. Do lado de fora, a poucos metros dali, uma família jogava vôlei dentro de uma das piscinas ao som de sertanejo universitário, e um casal conversava curtindo os jatos da hidromassagem externa.
Os quartos foram recentemente modernizados. Com acesso para o jardim, o meu tinha uma cama de casal e uma banheira de hidromassagem mais funda do que o habitual (o que achei ótimo). Há uma variedade de acomodações: térreas ou no segundo andar, com camas de solteiro ou casal, com ou sem banheira – e até existe a opção de ter uma piscina para cinco pessoas dentro do dormitório.
Nem todos os hotéis de Gravatal contam com a própria fonte de água termal, e isso é uma grande vantagem do Termas. Em uma área de 900 metros quadrados, o empreendimento oferece duas piscinas externas e uma interna, ambas com opções mais rasas para crianças. Logo ao lado, fica o parque aquático Acquativo, citado no início desta reportagem. Aos hóspedes do Termas, a entrada é gratuita – para os demais, o ingresso custa R$ 30 (adultos) e R$ 23 (crianças entre seis e 10 anos).
Cabelos brancos são onipresentes entre os hóspedes, que curtem a aposentadoria tranquilamente com os amigos. Em uma passagem pelos corredores, encontrei um grupo de senhores jogando damas, e, mais tarde, na noite de sábado, observei muitos se divertindo em um bailão que tomou o restaurante.
Se muitos idosos viajam a Gravatal em busca das propriedades terapêuticas das termas, também são numerosas as famílias com crianças e os casais que procuram diversão em águas mais quentes, que saem da fonte a 36ºC. Dependendo do clima, a temperatura fica um pouco abaixo disso nas piscinas externas, como pude comprovar naquele fim de semana de 19°C.
Há uma programação recreativa todos os dias, incluindo as populares aulas de hidroginástica. Eu preferi terminar minha estadia com uma massagem nos pés (paga à parte). Uma ótima pedida.
*A editora viajou a convite do Hotel Termas