O piloto nem precisaria informar quais eram as condições do tempo em Recife, a capital pernambucana, quando avisa que o pouso está autorizado. Da pequena janela do avião, é possível perceber que o sol brilha e que o dia vai ser lindo, como são quase todos por lá. Do alto, também já dá para encher os olhos com o que há de mais bonito no litoral nordestino. E, em uma combinação impensável, as colunas altas dos prédios dão um charme ao verde impressionante do mar. Lá embaixo, muita gente aproveita as areias quentes da praia de Boa Viagem, o cartão-postal da cidade.
Tomar água de coco na orla só não é tão delicioso quanto entrar no mar, uma piscina rasa protegida pelos recifes, a poucos metros da areia. Mas, antes do mergulho, é importante bater um papo com os salva-vidas. Apesar de raros, os ataques de tubarões acontecem e, por isso, há placas de alerta ao longo da costa. Um das regras mais importantes é não permanecer por muito tempo em locais onde a água fique acima da linha da cintura. Aventurar-se mar adentro, então, nem pensar.
Recife tem a primeira sinagoga da América Latina, do século 17. Foto: Fernando Ramos, Agência RBS
Para quem não é muito chegado em sal e sol, Recife oferece um centro histórico para nunca mais esquecer. A arquitetura dos prédios antigos impressiona, em especial o da primeira sinagoga da América Latina, a Kahal Zul Israel (na Rua Bom Jesus), do século 17. O passeio fica ainda mais legal aos domingos, quando são fechadas as ruas entre edifícios de órgãos públicos, e o trânsito dá espaço à prática de esportes e atividades culturais, como desfile do maracatu, feiras de artesanato, teatro de bonecos e cantigas nordestinas. Depois disso tudo, a melhor pedida é descansar na Praça do Marco Zero.
Com o fôlego recuperado, uma boa pedida é visitar a Embaixada dos Bonecos Gigantes de Olinda. Basta entrar pela porta para ficar hipnotizado pelo colorido que toma cada canto de um grande salão. Entre os personagens gigantes, estão ídolos do rock, do futebol e da literatura, além de políticos, cantores e o papa Francisco.
Embaixada dos Bonecos Gigantes. Foto: Fernando Ramos, Agência RBS
Quem se aventurar em Recife ainda vai ter a chance de visitar o museu Cais do Sertão, que está sendo reformado. Ali, o antigo e o moderno se misturam, e a tecnologia interativa é o guia para a história da cultura sertaneja. Entre um aprendizado e outro, é possível observar cardumes inteiros de peixes que percorrem um rio que passa no interior do prédio. O edifício é cercado por paredes rústicas que servem de tela para projeções de imagens de figuras e temas do folclore local, especialmente Luiz Gonzaga, o Gonzagão.
Espaço do Museu Cais do Sertão. Foto: Fernando Ramos, Agência RBS
No espaço reservado a um dos maiores ídolos da música nordestina, o visitante pode assistir a filmes, acompanhar a discografia do cantor, conhecer a sanfona e as roupas que ele usava e ouvir depoimentos de pessoas próximas a ele. Em cabines especiais, é possível ouvir músicas do artista e arriscar uma palhinha em um karaokê.
Oh, minha linda!
"Oh linda situação para a criação de uma vila!" Segundo a lenda, foi isso o que disse o português Duarte Coelho, responsável pela capitania de Pernambuco, quando chegou a uma terra cheia de encantos e muito promissora. O ano era 1535 e, assim, nasceu o nome da bela Olinda.
A terra que tem a beleza no nome não esteve sempre sob o domínio dos portugueses. Depois de muitos conflitos, no século 16 os holandeses tomaram e incendiaram a cidade. Pouco depois, os colonizadores do Brasil recuperaram o território.
Ladeiras de Olinda. Foto: Fernando Ramos, Agência RBS
Andar pelas ladeiras de Olinda é fazer um passeio pela história do Brasil. O município está entre os primeiros a serem tombados pela Unesco e se tornou patrimônio histórico e cultural da humanidade.
Quem visita essa terra não pode deixar de passar pelo Alto da Sé, onde fica a Catedral da Sé, principal igreja de Olinda, cujo prédio também sofreu com invasões e incêndios. Foi preciso um grande trabalho de restauração para que o edifício recuperasse e preservasse os estilos renascentista e barroco e um terraço de onde se pode ver parte da Mata Atlântica, o mar e, ao fundo, a cidade de Recife. Com uma vista dessa, não é difícil entender por quais motivos a expressão "Oh, linda" deu origem ao nome da cidade.
Vista do Alto da Sé. Foto: Fernando Ramos, Agência RBS
Seguindo o passeio pelas ladeiras coloridas, passando por sobrados antigos, chega-se ao caminho do Carnaval de Olinda. No trajeto, cuidadosamente enfeitado e colorido, há casas com obras de arte expostas nas janelas, pousadas, botecos tradicionais e um restaurante escondido atrás de um lindo corredor decorado com sombrinhas de frevo e outros adereços típicos.
Entrada do restaurante Oficina do Sabor. Foto: Fernando Ramos, Agência RBS
Por trás da entrada inusitada da Oficina do Sabor, o cardápio é de dar água na boca. Para a entrada, siri desfiado, com farofa e cheiro verde. Como prato principal, camarão com jerimum ao molho de manga. Para a sobremesa, um prato completo com bolo de macaxeira, bolo de rolo, doce de coco verde e sorvete de coco e cartola.
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Após o almoço, a incerteza sobre o que você mais gostou o acompanha em cada uma das muitas esquinas dos caminhos de Olinda. Para finalizar a visita, é fundamental dar uma paradinha em uma das feiras da cidade e comprar alguns dos muitos suvenires do variado artesanato pernambucano.
*O fotógrafo viajou a convite do Marriott Hotéis, que inaugurou o Courtyard by Marriott Recife na praia de Boa Viagem
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