O Canadá tornou-se tão popular entre os viajantes brasileiros que as principais atrações turísticas do país já dispensam apresentações. Mas ainda há muito por descobrir.
Little Portugal
Toronto tem atrativos que são conhecidos no mundo todo, mas também oferece alguns recantos imperdíveis que sequer constam dos guias turísticos. Um deles pode ser de especial interesse para o brasileiro: um bairro onde o português é usado amplamente. Trata-se de Little Portugal, uma área de 20 quarteirões que concentra muitos dos cerca de 200 mil moradores de origem lusitana da cidade.
O bairro fica na região central de Toronto, ao longo de uma das suas principais avenidas, a Dundas Street. A melhor maneira de chegar lá é usando o pitoresco bonde 501, conhecido como Foguete Vermelho. O nome do bairro descreve à perfeição o que o visitante vai encontrar: os bares anunciam a transmissão de jogos do Benfica, e a língua portuguesa predomina nas placas dos estabelecimentos comerciais, nas conversas de calçada e nos jornais da comunidade vendidos em lojas repletas de artigos lusitanos. Até as ruas mudam de nome. A Dundas Street, por exemplo, transforma-se em Rua Açores ao longo de alguns quarteirões, o que é devidamente assinalado nas placas de identificação.
A colônia portuguesa, que soma 430 mil pessoas no Canadá, formou-se a partir dos anos 1950, originária principalmente do Arquipélago dos Açores. Nos últimos anos, Little Portugal tornou-se o bairro preferido também de muitos imigrantes brasileiros.
Cataratas de helicóptero
A cada ano, 14 milhões de visitantes apreciam as cataratas do Niágara a partir de mirantes, barcos, torres ou até mesmo de quartos de hotel. Parte dos turistas opta por uma alternativa mais radical: o helicóptero. Das 9h ao pôr do sol, a empresa que opera o serviço realiza uma sucessão ininterrupta de decolagens e pousos com sua frota de quatro aparelhos Bell 407, para seis passageiros, que operam simultaneamente nos dias de maior movimento.
Funciona como uma acelerada linha de montagem. O helicóptero desce na pista e os passageiros que recém terminaram o passeio são retirados do aparelho em questão de segundos. Enquanto isso, os próximos da fila são empurrados em direção a ele. Um fotógrafo registra o momento. Em um minuto, o helicóptero está no ar de novo. Quando o passeio termina, 12 minutos depois, as fotos já estão impressas e à venda.
Os instantes passados no ar, porém, compensam o esquema industrial. A aeronave faz uma volta completa sobre as quedas d'água, o rio, as pontes e a barragem. É um espetáculo, colorido pelos arco-íris que se formam a cada instante.
O passeio custa 137 dólares canadenses. Saiba mais em www.niagarahelicopters.com
Maratona turística e gastronômica
Uma das melhores coisas para fazer em Vancouver é um city tour que vai agradar até quem odeia city tours. Trata-se de um roteiro a pé por ponto interessantes da cidade, com cinco paradas para comer. O programa dura três horas. São 45 minutos percorrendo 2,3 quilômetros e o resto do tempo à mesa de alguns dos melhores restaurantes. No final, por US$ 69, o participante terá experimentado 14 pratos diferentes e conhecido histórias curiosas da cidade.
Os grupos, com no máximo 12 pessoas, encontram-se às 14h diante do Kirin, premiado restaurante chinês no centro de Vancouver. Os trabalhos são abertos com um chá de jasmim, seguido de iguarias orientais. Terminada a refeição, o guia conduz o grupo até o restaurante seguinte, fazendo paradas no meio do caminho para apresentar pontos da cidade. Novas experiências gastronômicas são desfrutadas no Market By Jean-Georges, um restaurante francês descolado, no Italian Kitchen, célebre italiano local, e na Urban Fare, uma ampla delicatessen com queijos, salames, vinhos e chocolates de primeira.
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Cidades subterrâneas
Um dos aspectos mais curiosos das grandes metrópoles canadenses, especialmente para quem chega de um país tropical e carente de infraestrutura, é a rede de túneis que forma espécies de cidades subterrâneas. Em Montreal, o chamado Réso soma 32 quilômetros. O Path, de Toronto, chega a 28 quilômetros, com um total de 1,2 mil lojas e 5 mil trabalhadores. Nos dias chuvosos ou no inverno, quando a temperatura pode cair a -40°C, a vida migra da superfície inóspita para o subsolo climatizado.
Os túneis, repletos de estabelecimentos comerciais e de serviços, ligam os prédios que estão na superfície - incluindo shopping centers, hospitais, hotéis, bancos, museus, supermercados, universidades, garagens, prédios de escritórios e condomínios residenciais. Também se conectam a estações de metrô, de trem e de ônibus. Isso significa que uma pessoa pode sair de seu apartamento pela manhã, pegar o elevador até o subsolo, caminhar pela cidade subterrânea até o trem e entrar no trabalho pelo acesso do subsolo. Na hora do almoço, pode comer em uma das praças de alimentação cortadas pelo túneis. Se quiser, voltará para casa no fim do dia sem colocar o pé na rua.
A rede de túneis é tão extensa que localizar-se vira um desafio. Para ajudar, foram criados sistemas de sinalização. O de Toronto, por exemplo, indica com letras e cores em que direção corre cada túnel. Uma pessoa pode visitar a cidade sem nem desconfiar da existência desse mundo à parte. A dica para encontrar uma porta de acesso a ele é prestar atenção na fachada dos edifícios. Os locais com entrada para subterrâneo trazem uma placa com a palavra Path.
*O repórter viajou a convite do Consulado do Canadá em São Paulo