*Filha da escritora Martha Medeiros, Julia é formada em Produção Audiovisual e acaba de lançar o blog Pixel Viajante
Não é de hoje que Londres apavora os viajantes com preços impiedosos. Agora, então, com a libra flutuando em torno de dolorosos R$ 5, é mais do que compreensível ver a charmosa terra da rainha ser trocada por outros destinos.
Felizmente, muito do que a capital britânica tem a oferecer se encontra ao ar livre, à disposição do público e sem etiqueta de preço - parques e jardins reais, construções e monumentos carregados de história, arquitetura marcada pela variedade de estilos e ruelas aconchegantes.
Uma longa caminhada pode ser a melhor forma de conhecer a cidade. Além disso, a maioria dos grandes museus e galerias dá acesso livre a suas exposições permanentes. Ainda assim, alguns podem argumentar que a viagem não estaria completa sem cumprir itinerários mais específicos. Quem sabe observar a vista do topo da London Eye, ir a uma festa, assistir a um musical, conhecer a fauna do zoológico ou fazer um tour guiado?
As opções são infinitas, e o viajante desavisado pode acabar engolido por esse turbilhão de possibilidades e encerrar a temporada londrina em tragédia financeira. Acontece. Por sorte, estamos falando de uma metrópole tão viva e diversificada que, para tudo, existe uma alternativa a custo zero. Esse é, talvez, o maior dos atrativos de Londres: seja com muito, pouco ou nenhum dinheiro, sempre haverá uma solução para curtir o melhor da cidade.
1. Southbank Centre
São três prédios multiuso que formam um dos mais importantes complexos artísticos da Europa. À beira do Tâmisa e muito próximo da London Eye, o Southbank Centre abriga festivais, cursos, exposições, performances, debates, palestras e os mais variados tipos de demonstrações de dança, música, artes plásticas, literatura, teatro e cinema. Em resumo, espere encontrar todo e qualquer tipo de manifestação artístico-cultural por lá.
Southbank Centre e a London Eye. Foto: Julia Medeiros Ramos, arquivo pessoal
Mais ou menos a metade de sua extensa programação é gratuita, o que inclui milhares (sim, milhares!) de eventos todos os anos. Em maio, por exemplo, rola o Alchemy Festival, dedicado às artes do Reino Unido e do sul da Ásia e quase inteiramente grátis.
No prédio Queen Elizabeth Hall, em uma espécie de deque embaixo da estrutura principal, há uma das mais populares pistas de skate de Londres, com paredes totalmente grafitadas. Há também restaurantes, cafés, bares e lojas espalhados dentro e fora dos prédios. E já que gastar dinheiro com alimentação é inevitável, vale a pena ir entre sexta e domingo e conferir a feira de comida de rua.
2. Tours guiados a pé
Abrir um mapa e sair desbravando o espaço é fundamental em uma viagem e sempre rende agradáveis surpresas. Porém, às vezes, seguir os passos de quem nasceu ali e conhece todos os segredos da região não tem preço.
Com a ajuda de um guia do Free Tours by Foot, você escolhe entre ver monumentos históricos, arte de rua, centros de entretenimento ou os cenários dos macabros assassinatos de Jack, o Estripador. Há tours noturnos, gastronômicos e pub crawls.
No site, o visitante estuda o calendário e reserva o programa de preferência. Além dos trajetos guiados, o site mostra opções de itinerários a se fazer por conta própria, com mapa e instruções detalhadas, e dá dicas de como reduzir gastos em Londres sem deixar de se divertir.
Um detalhe: tecnicamente, o tour é grátis, mas espera-se uma contribuição voluntária em troca do serviço prestado pelo guia. O valor é definido pelo cliente, de acordo com sua opinião sobre a qualidade do passeio e seu orçamento. Claro, ninguém é impedido de guardar suas moedas para si, mas, exatamente por proporcionarem tal liberdade, oferecer alguma retribuição parece mais do que justo.
3. Sky Garden
Quase às margens do Tâmisa, perto da inconfundível Tower Bridge, há um prédio peculiar, meio tortinho, cujo formato lembra o de um walkie-talkie. Aliás, é assim mesmo que ficou conhecido o 20 Fenchurch Street: The Walkie Talkie Tower. Tem 35 andares, o que já o faz consideravelmente mais alto que a maioria dos prédios de Londres.
Sky Garden. Foto: Julia Medeiros Ramos, arquivo pessoal
No topo da torre, as paredes e a cobertura de vidro e aço exibem a vista da cidade em 360 graus. O ambiente abriga um jardim interno, três restaurantes (para passar bem longe se não estiver disposto a esbanjar) e um deque de observação a céu aberto.
Para ter acesso a esse oásis dos ares, não é preciso desembolsar um centavo, mas há regras a serem seguidas. Visitas são permitidas apenas com data e hora marcadas pelo site. Chegando lá, com o passe recebido por e-mail em mãos (no papel ou no smartphone), é necessário apresentar identidade e enfrentar uma segurança de aeroporto: nada de objetos cortantes ou líquidos acima de 100ml. Como o número de visitantes em cada horário é limitado, não há risco de ter que enfrentar filas e multidões.
4. Festa no museu
Quem der a sorte de estar em Londres na última semana do mês tem a oportunidade de viver uma experiência única: fazer festa em um museu centenário. Um, não: dois. O Victoria & Albert e o Science Museum, ambos na região de South Kensington, realizam um evento que mescla palestras, atividades interativas, instalações e mostras especiais com música dançante, drinks e luz baixa. Tudo isso em meio ao seus acervos permanentes.
Festa no Victoria & Albert e o Science Museum. Foto: Julia Medeiros Ramos, arquivo pessoal
No V&A, o Friday Late é realizado, como indica o nome, na última sexta-feira de todo mês, exceto dezembro.
A temática frequentemente se relaciona com a exposição temporária em destaque no momento. No Science, o evento é na última quarta do mês, também excluindo dezembro, e sempre tem relação com tecnologia. Nesse museu, a parte "balada" da noite sempre é no formato silent disco; quem quiser dançar ganha um fone de ouvido e escolhe entre três "estações", cada uma com um estilo de música diferente, enquanto a pista fica em silêncio.
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Nos dois museus, comida, bebida e algumas atividades específicas são pagas - o resto, é só chegar e aproveitar.
5. Parques de vida selvagem
Talvez seja difícil encontrar leões e girafas nos arredores de Londres, mas definitivamente não é preciso se desfazer de 22,50 libras (R$ 101,50) no zoológico para ver alguns animais interessantes. No Richmond Park, há centenas de veados que habitam a área livremente, além de esquilos, coelhos e aves.
Mudchute Farm. Foto: Julia Medeiros Ramos, arquivo pessoal
O parque foi criado no século 17 para ser um campo de caça da família real. Fica bem afastado do centro, na região sudoeste, mas é acessível pelo transporte público. Para quem cansou do agito londrino, é um ótimo local para passar o dia: além da fauna, é possível ver os incríveis casarões da realeza, passear por um jardim de flores exóticas, andar a cavalo, alugar bicicletas, tomar um chá e admirar o Tâmisa de um observatório na colina King Henry's Mound.
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Quem preferir explorar o lado sudeste da cidade, nos arredores de Greenwich, vai encontrar animais menos selvagens e mais familiares aos brasileiros. A Mudchute Farm é uma fazenda sem fins lucrativos e aberta ao público, um respiro verde bem próximo dos arranha-céus do centro comercial Canary Wharf. Lá, pode-se ver, tocar e brincar com ovelhas, cabras, cavalos, furões, perus e até lhamas. Depois, a sugestão é atravessar o túnel de pedestres que passa por baixo do Tâmisa e aproveitar os parques e museus de Greenwich.
Julia fala sobre o blog Pixel Viajante
Julia e a mãe, Martha Medeiros. Foto: arquivo pessoal
Mesmo antes de começar a faculdade de Produção Audiovisual, já estava certa de que sairia da cerimônia de formatura e entraria direto em um avião, com passagem só de ida. Há um mês e meio na estrada, começo a contar minhas experiências no blog Pixel Viajante, principalmente escrevendo sobre viajar com orçamento apertado.