(Crédito das fotos: Paulo Meira/ Arquivo Pessoal)
Magens Bay é uma exceção por localizar-se no lado norte da St. Thomas, quando todas as demais atrações estão ao sul ou leste da ilha. De carro, entretanto, chega-se a ela em menos de 30 minutos de estrada, a partir do centro da ilha, e o passeio vale a pena para conhecer esta que foi consagrada pela National Geographic uma das praias mais bonitas do mundo. Uma enseada tranquila, com altas palmeiras, rodeada por verdes morros e com muitos pelicanos ao entardecer.
Fizemos uma aposta. Ao viajar para o Caribe em pleno setembro, época de furacões que assolam o chamado hurricane belt - o cinturão de ilhas pelas quais costumam passar as tormentas no hemisfério norte -, apostávamos em uma água mais quente e menos turistas nas ilhas, contra a probabilidade de ficarmos sitiados no hotel caso viesse a fúria da natureza.
Ganhamos a aposta: foram 10 dias de bons mergulhos nas Ilhas Virgens americanas, em plena baixa temporada, com a água mais morna, visibilidade de até 30 metros em alguns locais e praias menos cheias de ávidos turistas como nós.
As Ilhas Virgens americanas são um arquipélago localizado ao lado de Porto Rico e formado por St. Croix, St. Thomas, St. John e pela pequena Water Island. São 100 mil habitantes concentrados, sobretudo, em St. Croix e St. Thomas. Se estamos falando de Ilhas Virgens "americanas" é porque há outras, as "britânicas", mais à direita no mapa do Caribe, acessíveis aos brasileiros e norte-americanos por avião ou ferry boat.
Na Rota dos navios, um ponto de mergulho
Guias de viagem e revistas nacionais e internacionais como Sport Diver, Skin Diver e Mergulho já elencaram as Ilhas Virgens como um dos melhores pontos de mergulho no mundo, não apenas pela temperatura, pela visibilidade da água e pelo visual diferenciado de um Caribe rodeado de montanhas verdes, mas também pela quantidade de naufrágios, uma vez que é uma rota consagrada de barcos e navios desde os tempos em que os piratas dominavam os mares.
Com exceção de seu rum Cruze, dos quais os virginianos se orgulham a ponto de oferecê-lo a quem está desembarcando dos voos de chegada a St. Thomas, as Ilhas Virgens americanas não produzem muito mais do que artesanato local. Entretanto, são o mais famoso ponto de compra de relógios e joias deste lado do planeta, por aliarem as mais sofisticadas lojas a imbatíveis preços isentos de impostos.
Dessa forma, o turismo é amplamente favorecido, mas a atração principal para os turistas que vêm de avião (poucos) ou de navio (muitos) são as belezas naturais das ilhas, às quais o apelo exótico de seu nome faz jus ao que se encontra: praias e praias do mais alto nível "cartão-postal". Megans Bays, por exemplo, no lado norte da ilha, é considerada por muitas publicações especializadas em turismo uma das 10 praias mais bonitas do mundo.
Vida marinha abundante e um visual instigante
Se o visitante for passar mais de uma semana na ilha (nós ficamos 10 dias), recomendamos a mesma estratégia: iniciar por um hotel um pouco mais econômico e familiar, como o Bunker Hill, mas muito bem localizado para todos os passeios para o Centro Histórico e centro comercial de St. Thomas, e terminar a estadia em um resort com mais luxo e atrações visuais, como o Marriott, localizado no alto de um morro com vista inacreditável para o mar.
A vida marinha que cerca essas ilhas é abundante devido à grande quantidade de nutrientes trazidos pelas correntes marítimas que cruzam o Caribe. Encontros com arraias, golfinhos e tartarugas não são raros, e os turistas que optarem por mergulhar nas ilhas podem ser brindados com essas surpresas. Os mergulhos são espetaculares, oferecendo alguns dos melhores visuais em recifes de corais do Mar do Caribe. Nossa viagem permitiu conhecer duas das ilhas, St. Thomas e St. John.
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Coki beach
Um dos melhores locais para mergulho de praia nas Ilhas Virgens americanas, Coki Beach conta com a comodidade de uma operadora de mergulho à beira-mar. O staff da Coki Beach Dive Center, junto ao Coral World Ocean Park, é de extrema paciência, didático, e tem na sua porta o melhor mergulho de reef de praia de St. Thomas (sem necessidade de se sair de barco), o que torna a atividade mais tranquila para iniciantes, com menos apreensão, por já se entrar equipado desde a praia. Isso também barateia o custo.
O mergulhador certificado pode, tal como nas praias de Bonaire, alugar só o equipamento e realizar a atividade ali mesmo, no Coral World Reef, em frente ao centro de mergulho. Um destaque especial ao guia - muito didático e simpático - Matthew Kammann, biólogo marinho de Nova York, que fez de St. Thomas o seu novo lar. Aliás, não há melhor morada para um biólogo, pois a quantidade de peixes em Coki beira o inacreditável.
Magens Bay
Secret Harbor
Uma praia que representa tudo o que se imagina de uma paisagem caribenha: longas palmeiras e um mar que parece uma piscina em um dia sem vento. Alugue equipamento - se não tiver levado o seu - na loja local e desfrute de um snorkeling tranquilo e protegido. Para relaxar após o mergulho, há bar e restaurante na própria praia.
Morning Star beach
É praticamente a praia particular do Marriott Frenchmen, excelente para banho, pedalinho, stand up paddle, jet ski ou windsurfe, mas não muito boa para snorkeling. Se quiser relaxar, este é o lugar, com um bar, o Sandbar, à beira-mar. Mas, se o objetivo é mergulho, não esquente muito a cadeira ali.
Sapphire beach
Em Sapphire, há de tudo um pouco: aulas de windsurfe, bom snorkeling em rasos reefs, cadeiras de praia em frente a um mar muito tranquilo, bem típico na ilha de St. Thomas.
Trunk Bay
Trunk Bay, em St. John, é a praia mais indicada, pelos habitantes do arquipélago, para quem visita as Ilhas Virgens. Isso se deve ao visual espetacular da enseada, aliada a um snorkeling com direito a trilha subaquática (a Trunk Bay Underwater Snorkel Trail), onde a cada poucos metros o snorkeler encontrará uma placa de identificação das atrações, tais como espécies de peixes e corais. Há uma pequena taxa de entrada, usada para conservação da praia.
Cinnamon Bay
Localizada na ilha de St. John, com quase dois quilômetros de extensão, oferece um prazeroso snorkeling, passeios de caiaque e outras atrações aquáticas, e razoável estrutura de bares, restaurantes e banheiros.
Havensight
Este charmoso centro comercial aberto está localizado no meio do lado sul da ilha, em Yacht Haven Grande. Oferece diferentes lojas em relação ao centro, com mais luxo e especialidades e um ambiente aberto muito agradável para um passeio, tais como H. Stern, Pandora, Ray Ban, Gucci, Bvlgari, Chanel, Lancôme, Nikon, Perfumania, Louis Vuitton e um restaurante divertido e descontraído, o Señor Frog. Sua vista dá direto para a enseada, na qual se concentram os iates, os catamarãs e os transatlânticos internacionais.
Car ferry
Na ponta leste de St. Thomas, em Red Hook, se dão as saídas de ferry boat e car ferry (balsas nas quais você vai com seu carro junto, estacionadas em filas indianas paralelas, e com dois níveis de observatório do passeio, que dura uns 40 minutos, entre St. Thomas e St. John). Por US$ 45, você compra a ida e a volta em um pequeno cardápio de horários disponíveis de retorno. Esse passeio vale a pena porque St. John, por ser menos populosa e desenvolvida, é considerada "mais virgem" que as demais Ilhas Virgens. Há um visual de densa floresta no melhor estilo Parque Jurássico, que impressiona pelo estado impecável de vias asfaltadas. Muito cuidado, entretanto, com as curvas fechadas em ângulos de aclive e declive acentuados. Se você não tiver alugado carro, o passeio ainda assim vale a pena, pela disponibilidade de táxis que levam até as numerosas e escondidas praias de St. John.
Coral world ocean park
Quase o cartão-postal de St. Thomas, apesar de já não ser tão novo assim, o Coral World foi eleito como a principal atração da ilha (embora hoje concorra com o recém-inaugurado bar temático Magic Ice Bar and Museum, todo em gelo). Atualmente, já nem tanto, mas nos anos 1990, o Undersea Observatory do Coral World chamava a atenção por seu formato diferenciado, no melhor estilo da nave espacial do seriado Perdidos no Espaço. Esse gigante branco ainda é muito visitado, e um local de encantamento para quem deseja ver o fundo do mar sem se molhar. Grandes janelas no observatório subaquático permitem que se vejam moreias, trombetas, peixes-papagaio, peixes-borboleta, diferentes tipos de corais e muito mais. Além disso, outras áreas do Coral World, em terra, permitem contato com estrelas do mar, arraias, tubarões, iguanas, leões-marinhos, tartarugas e pássaros exóticos. Snuba, uma divertida mistura de snorkeling com scuba, também é realizada no Coral World.
Dicas de viajante
- O idioma por lá é o inglês, com sotaque mais carregado, uma herança da colonização dinamarquesa, que durou até 1917. Também fala-se, em muitos lugares, patois, francês e espanhol.
- As Ilhas Virgens americanas são duty free, então as compras podem sair mais em conta do que nos Estados Unidos continental, onde há incidência de impostos estaduais. Uma parada obrigatória é nas lojas da Main Street, no centro da capital.
- É preciso ter visto americano e passaporte válido até a data de saída do voo de volta (não são necessários os tradicionais seis meses de validade mínima).
- Para ir até lá, a melhor maneira é pegar um avião em Miami, de onde o voo é de pouco menos de três horas. A maioria dos turistas, entretanto, faz escala em viagens de transatlântico, e há um verdadeiro frenesi por causa da movimentação nas lojas e nas praias.
- As revistas de informação chegam a publicar o calendário de chegada de navios, para que as lojas possam se preparar melhor para a "invasão" nesses dias. Mas esse é até o motivo para se hospedar na própria ilha e dela desfrutar nos dias em que não há navio no porto.
Atenção ao dirigir
- Um legado europeu nas Ilhas Virgens é a mão inglesa. Portanto, os motoristas brasileiros precisam ter máxima atenção para trafegar sempre pelo lado esquerdo (embora o volante seja ao estilo brasileiro e norte-americano, no mesmo lado esquerdo), cuidando ainda a inversão nas rotatórias. Como forma de avisar também outros desavisados turistas de sua presença no lado esquerdo, use sempre o farol ligado.
- Não saia sem um GPS, mas não confie demais nele. Em quase metade das vezes, o sistema levará você a um local sem saída no interior da ilha. A dica é: vá sempre pelo litoral, usando sim o GPS, mas sem desviar-se do sentido lógico da costa marítima.
* Leitores do Viagem, Paulo Ricardo é doutor em marketing e Gisele é pedagoga e advogada