Depois de 28 horas viajando por terra, desde a Índia, eu chegava a Katmandu em fevereiro de 2011. Ninguém entendia a razão de eu querer visitar aquele local tão remoto, sozinha, com uma mochila nas costas. Mas, apaixonada pela espiritualidade oriental, sonhava em um dia conhecer o país, berço de Siddharta Gautama. Queria vivenciar a cultura daquela civilização que tanto acredita no "despertar" da consciência humana.
A imponência da cordilheira do Himalaia, com seus 2,5 mil quilômetros de extensão, fez-me lembrar do quão pequenos somos. Sua forma sinuosa me fez lembrar da vida - com seus altos, baixos, cenários lindos ou inóspitos, e a incessante busca pela felicidade.
Falando em felicidade, locais são vistos com sorrisos no rosto e cajal nos olhos frequentando templos e stupas. Primeiramente, veneravam-se relíquias do Buda - e estas eram guardadas em montes de terra, as Stupas. Aos poucos, elas foram se transformando em construções em forma de domo - a mais famosa delas chama-se Boudhanath.
Nas stupas, as pessoas circulam em torno de rodas de oração. Dentro delas, há milhões de mantras impressos, que supostamente espalham bênçãos em todas as direções. Do lado de fora, é comum vermos bandeiras de oração - no tecido, orações que são irradiadas ao serem tocadas pelo vento. Outra visita mandatória em Katmandu é o templo Swayambhunath - ou Templo dos Macacos (eles estão por toda parte). Localiza-se no alto de uma colina, após subirmos 365 degraus.
Mesmo cansada, a cada noite em que eu voltava para o hotel forrava os lençóis com pashminas e apagava minha vela (afinal, às 22h, a cidade ficava sem luz). Permanecia lembrando das mandalas, dos aventureiros partindo, daquela cidade pequena, simpática, em aparente processo de expansão. E hoje, o sentimento que ficou? Uma enorme gratidão.
PERFIL
Aline de Antoni Moreira Néglia, 32 anos, consultora especialista de marketing
Lugares que conhece: Paraguai, Argentina, EUA, Inglaterra, Holanda, França, Itália, Espanha, Portugal, Uruguai, República Dominicana, Colômbia, Emirados Árabes, Índia
Ainda quer fazer: ano sabático para dar uma volta ao mundo