Se você procura um destino pouco convencional, gosta de montanhas e diferentes tipos de clima, além de paisagens de cartão-postal, coloque o Arizona na sua lista e prepare-se para se arrepiar várias vezes durante a viagem. É um destino inesquecível.
O ponto de partida da minha viagem foi Phoenix, a capital de 1,5 milhão de habitantes e clima árido. Faz mais de 30°C em pleno fim do inverno. A cidade é ainda mais bonita do alto, e as boas-vindas foram a bordo de um balão. Esqueci o medo assim que o balão subiu rapidamente e fiquei anestesiada pelas belas paisagens.
Phoenix chama a atenção por ser plana, mas com montanhas encravadas e muito bem preservadas. É uma cidade horizontal, quase não há prédios.
A vegetação verdinha e rasteira contrasta com os imensos cactos por todos os lados.
O passeio dura cerca de duas horas e custa R$ 200 por pessoa, com direito a café da manhã no meio do deserto.
De Phoenix em direção ao Norte, fomos ao Parque Nacional Monument Valley, território dos índios Navajo, divisa com o Estado de Utah. A viagem de 429 quilômetros é feita em cerca de quatro horas, de carro. Ao longo do caminho, a paisagem é outra. O verde dá lugar às montanhas rochosas e avermelhadas com neve no pico. É quente durante o dia e muito frio à noite.
Monument Valley
Foto: Luciane Bemfica, Agência RBS
A reserva dos índios Navajo é majestosa, com seus platôs de 300 metros de altura, e tem regras próprias. É proibido consumir bebida alcoólica, e o fuso horário é diferente. Quando não há horário de verão no Arizona, eles o mantêm, ficando com uma hora a mais do restante do Estado. É permitido dirigir pelas estradas, mas há pontos onde só se pode ir em um tour guiado - a melhor forma de conhecer o parque, já que os guias explicam os significados das formações rochosas e falam bastante sobre a cultura navajo.
Ao entrar no parque, percebi que estava no cenário real dos filmes de faroeste. Monument Valley foi locação de diversas produções ao longo de décadas. Inclusive, algumas de suas torres mantêm nomes dados por celebridades, como o cianeasta John Ford, que, em 1939, dirigiu ali No Tempo das Diligências, com John Wayne, um clássico dos faroestes. O local também aparece em Forrest Gump, De Volta para o Futuro 3 e Thelma & Louise.
Grand Canyon (claro)
Formado há 5 milhões de anos, o Grand Canyon é a mais famosa atração do Arizona, por isso o Estado se autodenomina "The Grand Canyon State". Com quase 450 quilômetros de extensão e uma largura que varia de seis a 29 quilômetros nos trechos mais largos e mais 1,6 quilômetro de profundidade, o local oferece atividades para quem quer conhecê-lo por terra, água e ar. Há trilhas a pé e em cima de mulas, de helicóptero e rafting pelo Rio Colorado. O passeio mais popular entre os brasileiros tem sido o de helicóptero, saindo de Las Vegas. Mas conhecer o parque a pé, por uma de suas bordas, é incrível, ainda mais se você assistir ao pôr do sol.
Se você for pela borda sul (South Rim), aproveite para ir até o Canyon View Information Plaza e peça para carimbar seu passaporte. A entrada no parque custa US$ 25 por veículo, ou US$ 12 por pessoa.
Foto: Luciane Bemfica, Agência RBS
Badrock City
Yabbadabbadoo! Na estrada, no caminho entre as cidades de Valle e Williams, pertinho de uma das saídas do Grand Canyon, um camping chama a atenção: é o Flintstones Bedrock City, uma área inspirada na cidade dos personagens da Hanna-Barbera.
Entrar e dormir no local só é possível se você estiver em um trailer e pagar a taxa de entrada, mas, para dar uma espiadinha no cenário, basta estacionar o carro. O camping existe desde a década de 1970.
Dentro do terreno, um cinema passa desenhos dos Flintstones o tempo todo. A área conta também com mercadinho, lanchonete, lavanderia e outros itens de cenário que ajudam a dar ao turista a sensação de estar perto da família mais famosa da Idade da Pedra.
Lake Powell
A barragem do reservatório artificial do Rio Colorado é ponto turístico e balneário superfrequentado pelos moradores do norte do Arizona nos meses de verão. É o segundo maior lago artificial dos Estados Unidos (o maior é o Lake Mead, também do Rio Colorado), na divisa com o Estado de Nevada.
As belas formações de rochas claras combinando com o azul-turquesa da água chamam a atenção dos turistas, que podem fazer um passeio de barco entre as pedras.
Sedona
Foto: Luciane Bemfica, Agência RBS
Sedona
Cento e sessenta quilômetros ao norte de Phoenix, fica a cidade bicho-grilo do Arizona. Eu chamaria de cidade-energia porque é um reduto das pessoas que buscam tratamentos holísticos. Ao subir as Red Rocks a bordo de um jipe 4x4, tirei os sapatos, andei descalça pelas montanhas e meditei sentada numa pedra. Minha única vontade era tocar as rochas vermelhas com mãos e pés e sentir a energia impressionante do lugar. Há quem considere Sedona o umbigo do mundo por causa dos vortex, que são correntes invisíveis de energia que emanam de picos das montanhas e que sobem ao céu em forma de espiral.
Em abril, Gisele Bündchen publicou fotos em seu Instagram meditando nas Red Rocks de Sedona.
Williams
Foto: Luciane Bemfica, Agência RBS
Williams
É uma cidade de 3 mil habitantes que parou por volta de 1950. Distante uma hora do Grand Canyon, o local remete aos anos dourados em que a Rota 66 era parte da veia que cortava os EUA de costa a costa. A rua principal é repleta de lojas de suvenires que vendem objetos que fazem os olhos dos motociclistas brilharem.
Scottsdale
É parte da Grande Phoenix. Vale a visita no centro histórico, que mais parece um cenário de filmes do Velho Oeste. Uma boa opção para passear, ouvir histórias sobre a cidade e apreciar a gastronomia baseada na culinária mexicana é o passeio guiado a pé.
Uma atração famosa é o Desert Botanic Garden, o jardim botânico onde há a maior quantidade de plantas do deserto do mundo, com mais de 50 mil espécies, a maioria cactos. A entrada custa U$ 20, e há visitas guiadas.
Antelope Canyon
Foto: Luciane Bemfica, Agência RBS
Antelope Canyon
Imagine duas paredes de rochas sinuosas que não se encostam e você andando entre elas com os pés na areia. Há milhões de anos, a água e o vento esculpiram as paredes de arenito e lapidaram formas onduladas. A iluminação no cânion varia conforme a posição do sol sobre a fenda.
O cenário de cores, formas e texturas é tão deslumbrante que é difícil acreditar que as rochas foram desenhadas pela força da água. As visitas custam US$ 25 por pessoa e só podem ser feitas com guias, partindo em jipes da cidade de Page. Eles ficam atentos à previsão do tempo para evitar riscos de uma inundação-relâmpago.
Fique ligado
*A gastronomia tem muita influência mexicana. Há pratos apimentados em qualquer esquina.
*O clima é quente e seco no Sul (em Phoenix e arredores) e bem frio (com neve) no Norte.
*O imposto sobre compras no Arizona está na média da maioria dos Estados americanos: 5,6%. Na Flórida é 6%, na Califórnia, 7,25%, e, em Nova York, 4%.
*A repórter viajou a convite do Escritório de Turismo do Arizona