Roma, Cidade Eterna, berço do império mais vigoroso da história da humanidade, das motonetas, do trânsito caótico. Também é terra dos papas, agora, para surpresa de todos (principalmente de nós, brasileiros), um argentino.
Não existe ser vivente no mundo que, ao estar nesta cidade monumental, não se deslumbre com os monumentos, com sua história, com sua vitalidade humana. Óbvio que comigo não seria diferente. Amigos perguntaram-me: por que eu estava indo pela terceira vez em menos de cinco anos à mesma capital europeia? E respondi com extrema facilidade antes do embarque e confirmei em cada minuto que por lá andei: existem diversas Romas dentro da mesma Roma. São mais de 2 mil anos expostos nas ruas. E isto não tem preço! Além do mais adoto o melhor meio de transporte para conhecer a cidade: caminhando! Assim, passamos rotas turísticas não tradicionais, mas que têm valor inestimável.
O Vaticano, por exemplo. Temos que caminhar muito para apreciar o seu museu, um dos maiores e melhores do mundo, além de ter de andar aos tropeções, única forma de apreciar a Capela Sistina, onde está a obra-prima de Michelangelo. É proibido tirar fotos. Porém, apesar dos protestos dos guardas, muita gente leva sua recordação pessoal daquele lugar que não encontra par no mundo!
Isto sem falar na gigantesca Basílica de São Pedro. Além da imponência de ser a maior igreja do mundo, ela é recheada de esculturas, como a diáfana e perfeita Pietá. Maria é de uma suavidade segurando seu filho morto, que faz lacrimejar o mais herege dos homens. A estátua de Maria segurando Jesus fica distante uns cinco metros do olhar dos afoitos turistas, atrás de um vidro. Isto aconteceu porque nos ano 1970 um lunático deu uma martelada na mão de Maria dizendo-se filho da mesma! E ele nem era cabeludo!
E, se der sorte, como eu, poderá ver uma missa rezada atrás do Baldaquino de Bernini, o maior escultor barroco da Itália, ou seja, do mundo, ou ver uma missa do próprio Papa. No caso, eu estava por lá em 2011 quando o Benedito XVI rezou uma missa para um monte de carolas e devotas freiras. Tem pessoas que marcam viagens especiais para isto. Eu me achei ali pelo acaso...
Mas vamos sair do território do Vaticano. Aproveitando que citei o Bernini logo acima, recomendo um tour pela Roma de Bernini. Este escultor seria o melhor do mundo, não houvesse Michelangelo existido. Mas o segundo lugar é bastante honroso, neste caso. No século XVII ele deixou sua marca por diversas partes da cidade. Além de esculturas em museus, como a imperdível Galeria Borghese, e em igrejas, como São Pedro ou a esplendorosa Santa Maria del Popolo. Esta última, fica numa praça imperdível, deliciosa para uma boa lagarteada no sol. Fez-me falta o chimarrão.
Falando de praças, Roma é uma privilegiada. São dezenas, sendo das mais bonitas a Piazza Navona. Ela preservou o formato de um estádio de corridas, que o foi no tempo dos romanos, e é cercada por palácios renascentistas e barrocos. Um dos principais e do qual devemos ter orgulho é o Palácio Pamphili. Construído a mando de um papa no século XVII, hoje abriga a embaixada brasileira, ricamente decorada, que pode ser visitada, inclusive com guias que falam a tua língua!
Outra praça imperdível é a Piazza de Espanha, um dos pontos mais procurados pelos turistas. Além das lojas chiques, a escadaria serve de ponto de encontro para enamorados!
Mas o lugar mais esplendoroso de Roma não é o Coliseu, apesar de sua imponência e majestade absurda, dos milhares de turistas diários que lá acorrem. Meu lugar preferido em Roma é o Phanteon. A praça em que ele se encontra é um quadrado cercado por palacetes renascentistas de quatro ou cinco andares, todos com pequenos restaurantes e mesas na rua, com um chafariz e uma coluna egípcia sobre este. Porém, numa das faces deste quadrilátero que, à noite, é iluminado por lâmpadas amarelas que realçam o antigo do cenário, vislumbra-se o Pantheon romano. Abramos novo parágrafo para falar dele.
O Phanteon não é somente deslumbrante. Ele é imponente, hipnótico. Foi inaugurado em 125 d.C. para ser um templo de adoração de deuses pagãos por Adriano e teve a sorte (melhor, nós todos tivemos a sorte grande) de um papa resolver, ao invés de o pôr abaixo, transformá-lo numa igreja cristã. Aleluia, irmãos! Foi das mais sábias decisões papais até hoje. Circular, este templo possui o maior teto em largura que existe sem uma coluna de sustentação. E com um buraco no centro do teto que, incrivelmente, não deixa entrar a água da chuva, nunca. A sensação de estar pisando na mesma pedra que os antigos romanos pisaram, praticamente, intacto por quase dois mil anos é indescritível.
Há muito mais para ver e descobrir nesta cidade. Precisa diversas visitas para conhecer a Roma dos filmes e, aos poucos, encontrar a sua própria Roma.