O canal é hoje o grande orgulho panamenho, mas foi durante gerações uma ferida sangrando no meio do país. O próprio nascimento da nação, em 1903, decorre dos interesses relacionados à obra. Quando o Senado da Colômbia rejeitou um tratado com os Estados Unidos para a abertura da passagem entre os oceanos, os norte-americanos instigaram o Panamá a declarar-se independente. Para evitar uma reação colombiana, mandaram sua poderosa marinha à região.
Semanas depois da independência, um tratado garantiu aos Estados Unidos a soberania perpétua sobre uma faixa de terra entre o Atlântico e o Pacífico com 80 quilômetros de comprimento e 16 quilômetros de largura, o trecho mais estreito das Américas, onde seria construído o canal. Da noite para o dia, o Panamá viu-se dividido em duas metades. Para entrar nessa zona, os panamenhos tinham de apresentar passaporte.
(Itamar Melo/Agência RBS) 14 mil embarcações usam o canal a cada ano. A travessia leva oito horas
Durante todo o século 20, o domínio norte-americano sobre a faixa do canal feriu o orgulho de uma nação. Protestos acumularam-se, algumas vezes com repressão brutal e mortes. Em 1977, sem poder mais se opor à tensão crescente, que punha em risco seus cidadãos, os Estados Unidos concordaram em assinar um tratado para a devolução gradual do canal. Mylin Samaniego, uma panamenha de 35 anos que se formou em língua portuguesa no Brasil, lembra que as crianças de sua geração faziam excursões anuais com a escola até o Morro Ancón, o mais alto da Cidade do Panamá, de onde era possível avistar o canal ao qual não tinham acesso. Lá no alto havia sido instalada a maior bandeira panamenha, a única que nunca desce e cuja manutenção custa US$ 500 ao mês.
- Minha geração se acostumou a ir até lá para cantar o hino nacional e para ouvir dos professores que um dia iríamos dirigir o canal - emociona-se Mylin.
(Adriana Franciosi/Agência RBS) O investimento na obra de ampliação do canal é de US$ 5 bilhões
Os incríveis números do Canal do Panamá
O esforço
- Um trem carregado com todo o material escavado para a construção do canal teria comprimento equivalente a quatro vezes o diâmetro da terra.
O tráfego
- 14 mil embarcações usam o canal a cada ano. A travessia leva oito horas.
A arrecadação
- Hoje o canal do Panamá arrecada entre US$ 2 milhões e US$ 4 milhões ao dia. Por ano, são US$ 2 bilhões.
- Para atravessar de um oceano a outro, os navios pagam em média US$ 100 mil, de acordo com a carga. O máximo já pago de pedágio por uma embarcação foi US$ 409 mil.
- O gasto compensa. Um barco pode economizar até US$ 2,3 milhões usando o canal, em lugar de circular todo o continente.
As eclusas
- No oito minutos necessário para fazer um navio mudar de nível, 104 milhões de litros de água são movidos na câmara da eclusa
A ampliação
- Quando a ampliação do canal estiver completa, em 2014, ele comportará navios com até 12 mil contêineres. Hoje o limite é de 4,9 mil contêineres.
- O investimento na obra é de US$ 5 bilhões
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