Aproximadamente cem israelenses, na maioria famílias com filhos pequenos, se amontoaram em um barco com o fundo de vidro em uma manhã recentemente para um cruzeiro de duas horas ao redor da baía desse balneário animado no Mar Vermelho, na ponta meridional de Israel. As principais atrações: a reserva de coral subaquático, o recife de golfinhos e visitas turísticas ao longo da fronteira do Egito com a Península do Sinai.
Não é sempre tão tranquilo aqui na única cidade verdadeiramente oferece lazer em Israel, localizada em uma junção estratégica de Israel, Jordânia, Arábia Saudita e o Egito.
Altos estrondos sacudiram o céu de Eilat no início de agosto enquanto as forças do exército israelense utilizavam o sistema de defesa antimíssil Cúpula de Ferro para proteger a cidade, interceptando um míssil disparado do Sinai. O pequeno aeroporto local foi fechado por duas horas em função dos alertas de terror vindos do Sinai, onde as forças egípcias estão combatendo militantes islâmicos. Ao norte do Sinai, próximo à fronteira com Gaza e Israel, os militantes assassinaram 25 agentes policiais egípcios em um ataque contra os seus micro-ônibus em agosto.
Porém, não houve nenhuma sensação de ameaça por aqui recentemente, apenas multidões de pessoas de férias, israelenses na maioria, que afluem para cá todos os anos no alto verão.
- Se houvesse outro foguete, iríamos considerar o cancelamento - afirmou Sagit Winter, de 37 anos, que estava hospedada com o marido e filhos no hotel Princesa perto da fronteira com o Egito, embora a mãe tivesse sugerido que ela não fosse.
Eilat é "um dos símbolos do verão", disse.
Os visitantes, em sua grande maioria, descansavam sob guardas-sóis no calor de 41 ºC da tarde. Campistas lotavam uma faixa de areia a alguns metros da travessia da fronteira de Taba. Crianças pulavam de um píer na água refrescante, inabalados pela presença iminente de um barco de patrulha cinza como aço da marinha. Do outro lado da estrada, um soldado vigiava um caminho íngreme que leva até a fronteira que Israel está se apressando para concluir, com as forças aqui em alto alerta de mais ataques de foguetes ou de infiltrações.
No entanto, os israelenses disseram que vieram para cá a fim de se desligar, a esse ponto habituados aos possíveis perigos e exibindo um tipo de estoicismo que os líderes israelenses elogiam como sendo "resiliência nacional". Outros chamariam isso de dormência.
- Um foguete caiu perto de nossa casa em Rishon LeZion - disse Anat Cohen, de 34 anos, veranista que trabalha em uma empresa de alta tecnologia, se referindo a um foguete lançado pelos palestinos de Gaza durante uma ofensiva israelense por lá em novembro do ano passado.
- E daí, não devemos sair para lugar algum? - disse, enquanto posava para uma foto em família no convés de um barco com o marido e três filhos.
- Pensamos no assunto, não há razão para negar isso, mas estamos aqui mesmo assim - declarou Ori Harel, de 27 anos, desenvolvedor de software de Kfar Saba, ao norte de Tel Aviv.
- Se você excluir todos os lugares que já tiveram foguetes, você acabaria ficando em casa - disse.
Muitos visitantes disseram que não estavam acompanhando as notícias porque estavam em modo de férias.
- Você vem aqui para fugir das pressões habituais - declarou Roei Nehemia, de 39 anos, de Jerusalém, acrescentando que ele confiava no exército de Israel e na proteção de Deus.
O Tenente-General Benny Gantz, o comandante do exército israelense, também estava passando férias em Eilat com a família, mas teve de voltar às pressas para Tel Aviv para reuniões após vários foguetes lançados do Líbano atingirem o norte de Israel em agosto.
A economia de Eilat, que tem aproximadamente 60 mil residentes permanentes, é altamente dependente do turismo. Quando os hotéis estão lotados, a população da cidade quase duplica, segundo as autoridades da cidade. A outra principal fonte de renda é um porto comercial usado principalmente para negociar com o Extremo Oriente, que juntamente com a base naval, ocupa um pedaço da limitada costa do balneário e é algo que ofende a visão.
Em uma pesquisa sobre o turismo interno encomendada pelo Ministério do Turismo de Israel em 2012, muitos israelenses se queixaram de que Eilat era quente, lotada e cara. Contudo, era também o primeiro destino de férias que vinha à mente entre os que participaram da pesquisa, que disseram que o lugar era longe o bastante para proporcionar a sensação de estar no exterior. Segundo as estatísticas do ministério, quase 75% da população de 8 milhões de habitantes de Israel passaram férias pelo menos uma vez por ano em Israel.
Mais ou menos 90% da afluência para Eilat é israelense, segundo as autoridades municipais. Turistas estrangeiros tendem a visitar mais no inverno; a cidade está incentivando mais deles com uma série de festivais de música planejada para os meses de inverno.
Durante uma visita recente a Eilat, o Ministro do Turismo de Israel, Uzi Landau, disse que a sua equipe continuaria a promover Eilat internacionalmente.
Por outro lado, qualquer planejamento parece meio precário.
Comparando com o histórico de turbulência doméstica no Egito, o Brigadeiro-General Yoav Mordechai, o principal porta-voz do exército, disse que as ameaças na fronteira do sul de Israel estavam aumentando e que as forças de elite israelenses estavam operando na região. Tem havido muitos ataques com mísseis contra o balneário nos últimos tempos. Até agora, os que atingiram caíram inofensivamente em áreas abertas dentro e ao redor da cidade, embora em 2010 um míssil provavelmente direcionado a Eilat tenha atingido o balneário de Aqaba perto da Jordânia, matando um taxista.
Há dois anos, oito israelenses foram mortos e mais de 30 feridos perto de Eilat quando homens armados abriram fogo contra veículos israelenses que carregavam soldados e civis viajando pela Rota 12, que se estende ao longo da fronteira egípcia. Atualmente, a não ser pelos campos do exército israelense e os postos egípcios pontilhando a paisagem extraordinária do deserto, a Rota 12 parece quase abandonada.
Após a interceptação do míssil em agosto, que provocou apenas um pânico momentâneo no balneário, dois artistas internacionais cancelaram a participação no Festival Anual de Jazz do Mar Vermelho em Eilat. Em uma coletiva de imprensa, o diretor artístico do festival, Dubi Lenz, chamou um deles de "medroso".
Tzigi Proper da Associação de Hotéis de Eilat disse que houve "dois ou três" cancelamentos após o míssil ter sido interceptado aqui. Todavia, ela disse que Eilat estava quase completamente lotada para o Rosh Hashaná, o Ano Novo judeu que ocorreu no começo de setembro, com a ocupação do hotel em 98%.
Na Praia Norte de Eilat, cheia de hotéis de luxo, alguns turistas franceses tomavam sol.
- Você conhece dos riscos antes de vir para cá - afirmou Sara Sitruk, de 23 anos, que trabalha com marketing em Paris e estava trajando um biquíni laranja brilhante.
- Eu venho aqui no verão nos últimos 10 anos. Tentamos ter uma mentalidade israelense - acrescentou.