É incrível como mundos diferentes, o rústico e o moderno, o passado e o presente, podem conviver lado a lado. Em uma viagem recente ao Panamá, fiquei impressionado com os contrastes que vivenciei. É um belo país, com conexão para diversas ilhas caribenhas, povo dócil e praias azul-turquesa.
A apenas 100 quilômetros da Cidade do Panamá, a "Dubai Latina", com seus arranha-céus e cara de metrópole em expansão econômica, conheci a tribo Tusipono, que habita a aldeia Emberá. Lá, às margens do Rio Chagres, os índios compartilham as condições primitivas da sua cultura ancestral: vivem da caça, da agricultura de subsistência que a floresta lhes oferece. Com vestes coloridas e alegria contagiante, são também muito festivos e hospitaleiros e têm uma culinária pitoresca deliciosa.
É exatamente a diversidade que chama a atenção no Panamá e torna esta viagem uma experiência enriquecedora. O modo de vida dos índios Tusipono forma um "canal cultural" com nosso modo de vida de caos urbano, consumo e compromissos atrelados à ditadura do relógio. A multiplicidade é marcante também na capital panamenha: a exuberância das compras, a intensa vida noturna, o trânsito complicado e o boom da construção convivem com a tradicional música local e a falta de opções de trabalho aos dóceis panamenhos, acostumados à colonização americana por mais de 20 anos.
Prédio da moderna FF Tower (foto: Paulo Tergolina)
É assim que o moderníssimo prédio da FF Tower, uma revolucionária torre em espiral construída em apenas dois anos, em 2009, faz vizinhança com um metrô ainda em construção. Projetado pelo arquiteto panamenho Pinzón Lozano, o prédio lembra a forma do DNA humano ou as curvas de um parafuso; tem 242,80m de altura, 52 andares de escritórios e está localizado no coração financeiro da Cidade do Panamá. É um cenário de luxo e turismo que coexiste em meio a promessas de avanço econômico, cercado por matas, índios e praias que ainda habitam este paraíso em seu próprio ritmo.
*Engenheiro civil, 57 anos, morador de Porto Alegre