Minha família resolveu passar um final de ano diferente em um país de contos de fada e um natal mais fraterno. O primeiro lugar a ser visitado foi Bergatreute, no sul da Alemanha, próximo a Ulm, às margens do Lago Constança. Nesta cidade, fomos presenteados com uma nevasca, onde os carros pareciam embrulhados pra presente, e na feira de Natal, com comidas típicas (salsichas, pães variados e o gluwine - o nosso quentão). Encontramos um povo alegre e amistoso que, apesar da neve, leva sua família para a rua para aproveitar os festejos natalinos, vivendo assim seis meses ao ano.
Contando um pouco sobre a tradição, já que vivenciamos por estarmos hospedados na casa da família de minha irmã, observamos coisas interessantes tais como: ao visitar um vizinho e achar lindo seu pinheiro, oferecem licor. A maioria destas árvores é natural, enfeitadas no dia 23 de dezembro até 6 de janeiro, pois vão ser retiradas e levadas pelos moradores para um mesmo local onde formarão uma grande fogueira, que é acesa dia 21 de fevereiro para "espantar a bruxa do inverno", época onde nada de plantação sobrevive e, conforme acaba o fogo, será a estação vindoura, boa ou não aos produtores.
Na véspera do Natal, após a visita à igreja para assistir ao presépio vivo, fomos para casa, abrimos os pequenos presentes e seus belos cartões com mensagens, jantamos e fomos jogar cartas. Em todo lugar, só pais e filhos se reúnem para os festejos - a família mais numerosa se encontra para o almoço do dia seguinte.
Partindo do Sul, visitamos o centro da Alemanha, e, depois, fomos para Berlim que, dizem, será a "Paris do leste". Lá, permanecemos por cinco dias, visitando cidades próximas como Potsdam e Templin, onde encontramos um povo mais sério, sofrido e traumatizado com os horrores da guerra. Convivemos com pessoas que viviam em Berlim Oriental e sentimos a diferença entre o Norte e o Sul.
A cidade de Berlim nos presenteou com a ilha dos museus: visitamos o Pergamon, e encontramos o fabuloso Altar de Pergamon (estrutura dedicada a Zeus, construída no século 2 a.C.). Outro lugar encantador foi a Porta de Ishtor, oitavo portal da cidade de Babilônia, construído com azulejos azuis brilhantes com detalhes de dragões amarelos.
Finalizando a visita cultural, fomos ao Museu de História da Alemanha, onde aprende-se muitas lições de vida, e ao que restou do Muro de Berlim, também situado às margens do Rio Spree.
Para concluir a viagem, fomos para Frankfurt, onde a beleza e a caracterização da Romer Praça, com casas no estilo enxaimel, nos deixaram com uma impressão maravilhosa deste país e nos faz orgulhar de abrigar muitos de seus descendentes.
*Proprietária de agência de turismo, 49 anos, de Uruguaiana