Região de Barranco, na capital peruana, é um convite a uma bela e gastronômica noite
Encantei-me rapidamente com Lima. Viajei ao Peru com o objetivo principal de conhecer Machu Picchu e me surpreendi com a capital do país. E com duas atrações em especial, cuja existência descobri apenas na cidade.
Primeiramente, gostei da cidade pela limpeza. Impressionante para uma capital latina. Não se vê papel no chão, e até as lixeiras são asseadas. Em segundo lugar, comecei logo a me sentir seguro com a simpatia dos moradores.
Sempre, em grande quantidade, estão dispostos a te dar informações e ajudar a localizar lugares em mapas. No final, adorei o transporte público. Os pequenos ônibus são velhos, decrépitos quase, mas andam rápido, são limpos e baratos.
Peguei apenas um táxi, com o mesmo motorista na chegada e na saída da cidade, no translado entre aeroporto e hotel. Foi ele que me recomendou duas atrações que não estavam no meu roteiro: o Circuito Mágico das Águas e a Ponte dos Suspiros. Valeram a viagem e merecem a recomendação.
As mágicas fontes do Parque da Reserva
Um circuito de tirar o fôlego. É assim que se sente o viajante ao final de um passeio noturno pelo peruano Circuito Mágico das Águas. Menos divulgado em roteiros turísticos do que deveria, o show é digno do adjetivo que o denomina: mágico. Com sorte, o turista fará o roteiro em uma noite sem chuva. Mas, mesmo sob mau tempo, o passeio é válido.
Música, água, luz e projeções transformam o Parque da Reserva, em Lima, em uma festa molhada e tecnológica. O passeio pelo conjunto de 13 fontes instaladas no histórico local é impressionante. Jatos de água brincam com o público, literalmente, em alguns chafarizes. No labirinto, o turista entra em um circuito plano, até o centro. Depois, o negócio e tentar escapar da água, que jorra aleatoriamente para qualquer lado. Ou seja, banho certo.
Ao contrário do labirinto, é calmante e reconfortante a fonte que serve de telão para a dança de uma grande e virtual bailarina. A cortina de água faz com que a dançarina permaneça flutuando quase à frente e sobre o espectador. Ou melhor, sobre centenas de câmeras e filmadoras tentando guardar de recordação as cenas do espetáculo.
O passeio pelo Parque da Reserva guarda essa sequência de descobertas. As inusitadas fontes vão surgindo ao longo do caminhada. Sempre há uma boa surpresa na rota. Uma delas é a fonte que jorra água a 80 metros de altura e ajudou o Circuito Mágico das Águas a entrar no Guinness Book. O show do parque foi classificado como o maior circuito de fontes de água em parque público do mundo desde 2007, quando foi construído. Além de recordista, ele revigorou o local histórico de Lima: o Parque da Reserva e seu conjunto urbanístico, construído em 1929 para homenagear os soldados que defenderam a cidade durante a Guerra do Pacífico.
Ponte dos amores e dos muitos bares
Outro passeio que merece algumas horas dos turistas, em Lima, e que soube por um taxista, é chegar na região de Barranco e visitar a Ponte dos Suspiros. Também como o Circuito Mágico das Águas pelas fontes, é de tirar o fôlego.
No entorno da pequena ponte de madeira há convite explícito para o encerramento da noite. Ou para a noite forte. São dezenas de bares e restaurantes com vista para o Oceano Pacífico. Gastronomicamente, recomendo uma bela e farta taça do tradicional ceviche. Para comer admirando o horizonte e bebendo pisco sour.
fotos: Thiago Copetti
Assim com o Parque da Reserva, onde fica o Circuito Mágico das Águas, a ponte também é histórica e lendária. Construída durante o reinado do primeiro prefeito, Don Enrique Monterroso Barranco, foi parcialmente destruída em 1881 e reconstruída mais tarde. Localizada a oito metros de altura, tem 44 metros de comprimento e três metros de largura.
De acordo com a tradição, quem atravessar a ponte sem respirar terá atendido um desejo, geralmente romântico. Vi mulheres andando de costas na ponte, o que também me fez pressupor que faça parte da lenda, que inspirou uma famosa canção peruana, de Chabuca Granda, La Puente de Los Suspiros.