Tudo que eu queria em Granada era relaxar na praia. Eu tinha uma pilha de livros de bolso, protetor solar e reservas para massagem balinesa. Era meu primeiro regresso ao Caribe em 10 anos, e minhas primeiras férias na praia em praticamente esse mesmo tempo. A perspectiva de dias eternos de sol, romances açucarados e ioga matinal pareciam um paraíso.
Eu tinha um bom motivo para passar algumas noites nesta ilha remota, 160 quilômetros ao norte da Venezuela: era meu aniversário de 40 anos. Queria fazer um retiro e refletir, mas depois dos 40 anos, era de se esperar que eu me conhecesse melhor. Dia após dia de vagabundagem sem qualquer preocupação no meu resort boêmio luxuoso, onde eu me dividia entre meu bangalô - um dos 16 na encosta da propriedade - e uma cadeira preguiçosa na pequena praia particular, por mais indulgente e quase espiritual que pareça, termina cansando. Queria estimulação, não ficar parada.
Felizmente, não faltam atividades no crescente setor turístico de Granada. Com luxuriantes florestas tropicais e vilarejos agitados, fábricas de noz-moscada e plantações de cacau, a ilha está cheia de delícias naturais e agrícolas. Na verdade, o apelido de Granada é Ilha das Especiarias, e abundam aventuras sensoriais. Deixei meu nariz escolher o caminho.
Existem várias maneiras para circular pela ilha de 310 quilômetros quadrados, incluindo locação de veículos e ônibus públicos. Porém, a mais fácil - e mais informativa - é alugar um táxi com o motorista junto. Foi assim que me vi rodando numa minivan ao lado do taxista Elvis.
Barracas de frutas
Estávamos a caminho da fazenda Belmont, propriedade de 300 anos que produz especiarias como canela, cravo-da-índia, louro, gengibre, noz-moscada e flor de noz-moscada, além de suprir a Grenada Chocolate Co. de cacau orgânico para a fabricação de barras de chocolate. Enquanto Elvis navegava pelas estradas tortuosas e montanhosas em direção ao lado oriental da ilha, levando-nos por barracas de frutas cheias de fruta-pão, mangas e bananas, cabras presas a postes telefônicos e casas pintadas em tons pastel cobertas por buganvílias e apoiadas em palafitas, ele me deu uma aula rápida sobre a história agrícola de Granada.
Chocolate e cerveja
Com 160 hectares, a fazenda Belmont está encravada num morro verde. Fileiras de palmeiras-reais alinhadas no caminho ao longo da vegetação silvestre, contendo de tudo, de tamarindeiros imponentes a bergamoteiras baixinhas. Cabras voltadas para produção leiteira pastavam numa área cercada. Uma guia de fala mansa levou um pequeno grupo de turistas a um celeiro cavernoso, onde o cheiro das sementes de cacau fermentando, ainda brancas e pegajosas, permeava o ar.
Enquanto a moça explicava o processo - secagem, torrefação, moagem, conchagem -, ela nos levou para fora, onde as sementes adquiriam um tom marrom sob o sol tropical. Porém, a experiência da fazenda surgiu de verdade dentro da loja, onde é possível comprar de tudo, de trufas ao rum até abacaxi coberto de chocolate, ou então "patê de manga", um bombom doce e pastoso recoberto de chocolate amargo.
Na volta, Elvis sugeriu irmos pela costa oeste. "Temos várias vistas do mar no lado oeste", ele respondeu ao fazer uma curva e virmos a água turquesa diante de nós. Logo depois, o motorista estacionou numa banca à beira da estrada e pediu duas cervejas caribenhas. Não sei se foi o efeito do gosto residual do chocolate ou a visão do Caribe, mas bebi uma das melhores cervejas da minha vida.
Meredith Kohut / The New York Times
Ilha adentro
Tendo agora explorado todo o perímetro de Granada, decidi que era hora de me aventurar ilha adentro, o que me levou a outro motorista: Lenox. Enquanto subíamos as montanhas do interior, samambaias viçosas se perfilavam na estrada e bambus faziam reverências sobre a cabeça, criando um túnel verde. O ar se tornou drasticamente mais fresco. Nós havíamos ingressado no Parque Nacional Grand Etang (foto ao lado).
Mandioca, cravo-da-índia, noz-moscada, canela, hibisco, maracujá, carambola, abacaxi, abacate, inhame, banana, manga, coco, graviola, cana-de-açúcar - a picada surrada na qual começamos a jornada era um sonho para botânicos.