Minha aventura em Lima começou logo que desci do avião. Fui recepcionada por cinco peruanos muito queridos, que logo me acompanharam em um táxi para a casa do meu host. Quando ainda estava no Brasil, um intercambista que já estava morando em Lima me comentou que o trânsito da capital lembrava o da Índia. Pensei que fosse exagero, mas assim que o táxi começou a rodar constatei que ele estava certo. Até motocars (como os tuc-tuc) eles têm, só faltam mesmo as vacas.
O trânsito não obedece muito às regras, e a buzina é a forma de comunicação mais eficiente. Confesso que, circulando pela cidade, vi muitos possíveis acidentes, que, aos 45 do segundo tempo, foram evitados. Até agora não vi nenhum de fato, mas realmente não consigo entender como é possível. Os carros, ônibus e motos fecham uns aos outros o tempo todo. E não pensem que as pessoas discutem e se indignam com isso, somente usam a buzina para evitar o pior e seguem seu rumo, com pressa de chegar ao destino final. Sim, o trânsito em Lima é acelerado.
Mas nem só de desordem vive o tráfego da capital, também de transporte informal. Imagine um micro-ônibus, mais ou menos do tamanho de uma lotação, mas com muito menos luxo. Na porta deste está um cobrador que fica gritando para onde o bus, como eles chamam, está indo. Haja voz! Eles vão narrando as principais ruas ou bairros por onde o transporte passa. E, assim como na lotação, as pessoas sobem e descem do ônibus em qualquer lugar que desejem, basta avisar o cobrador.
Transporte em ônibus malconservados (Daniela Lago / Arquivo Pessoal)
A passagem é cobrada de acordo com a distância percorrida, o valor varia de 50 centavos de soles, para os que fazem um trajeto curto, até três soles para os que vão mais longe. E, assim como grande parte dos nossos ônibus, em horário de pico, a galera vai mais apertada que sardinha enlatada. A maioria dos microbús são carros velhos, com o chão sujo e o estofado puído. Sem contar o espaço pequeno entre um assento e outro. Pode até não ser um problema para a maior parte dos peruanos, de estatura mais baixa, mas as minhas pernas dificilmente cabiam, quase sempre eu me sentava de lado - e olha que nem sou tão alta, tenho 1m67cm.
A grande vantagem que encontrei no transporte informal é que, como há muitas conduções circulando, passam com frequência, e assim ninguém perde tempo esperando pelo transporte. Sem contar que o preço da passagem é mais justo. Mas Lima está tentando melhorar: já foi criada uma linha de ônibus mais moderna, que circula basicamente em corredores - evitando o trânsito - e ainda tem letreiros indicando a próxima parada.
*Jornalista, 24 anos, de Porto Alegre