Galos de madeira que se erguem do alto dos casarões de Treze Tílias. Animais exóticos em Piratuba. E o locomóvel fabricado em 1900 que ainda funciona em Água Doce. Para reparar em detalhes assim só mesmo deixando o carro de lado e vencendo a preguiça: para conhecer o meio-oeste catarinense de verdade, circule a pé. Primeiro, porque a maioria dos municípios por lá são pequeninos, com poucos habitantes. Segundo, porque eles estão cheio de surpresas agradáveis.
Afinal, só em uma caminhada dá para flagrar conversas em alemão - típico de Treze Tílias - ou cruzar com pessoas usando roupão de banho pelas ruas - supercomum em Piratuba. Há também Porto União e suas mais de cem cachoeiras e corredeiras, Seara e sua coleção de 80 mil insetos, e Itá, com as impressionantes torres submersas da igreja como último resquício da cidade velha inundada em 1996.
fotos: Vani Boza
Os banhistas
Há mirantes, cachoeiras e parques para visitar - o Três Pinheiros tem passeio de pôneis, mais de cem espécies de animais exóticos e ornamentais, degustação de cachaça produzida lá mesmo. Há ainda a Usina Hidrelétrica de Machadinho, com seis comportas que proporcionam uma queda dágua de 90 metros de altura.
Os hotéis locais oferecem boas alternativas, como noites de bailes e café coloniais. O Thermas de Piratuba Park Hotel tem o Espaço Wellness, com massagens, ofurô e spa de pés e mãos. O Hotel Fazenda do Engenho tem passeios a cavalo, de charrete, trenzinho, cabo de aço e trilhas.
E, claro, não deixe de reservar um dia à Maria Fumaça mais famosa do Estado. Construída na Bélgica em 1906, a locomotiva a vapor continua em funcionamento com passeios de quatro horas que atravessam os limites do Estado e seguem até a cidade gaúcha de Marcelino Ramos.
Como não poderia deixar de ser, o famoso Parque Termal de Piratuba também merece uma boa visita. As águas são aquecidas a 38ºC, vindas de uma fonte natural a 30 metros de profundidade. O complexo tem mais de 20 piscinas variadas: rasas, fundas, semiolímpicas, cobertas e ao ar livre.
Os austríacos
Em Treze Tílias, há uma fábrica de cerveja. E outra de vinho. Há também duas de chocolate. E uma de sorvete. E, claro, também há a famosa fábrica de leite, Tirol. Juntas, elas tornam a pequena cidade quase autossustentável: muito do que se consome e se oferece aos turistas sai de lá mesmo. E a maioria está aberta à visitação.
Há uma única coisa que não vem de Treze Tílias e, mesmo assim, faz muito sucesso por lá: a edelweiss. Dizem que, depois de colhida, a flor típica da Áustria e dos gelados Alpes dura mais de cem anos. A edelweiss virou o principal símbolo de Treze Tílias e ninguém sai de lá sem levar uma para casa: a flor é vendida pelas lojinhas in natura, em colares, bijuterias e broches.
Treze Tílias é também a cidade das coleções. Tem os mais de 5,2 mil canecos de chope de Leonardo Boesing, à mostra no seu restaurante, o Bier Haus. E tem também os 3.755 mil chaveiros, as 850 canetas e as 141 garrafinhas em miniatura de Valter Felder, expostas no restaurante do Parque Lindendorf.
Aliás, Treze Tílias também é a cidade dos parques. O Lindendorf é um dos mais visitados, e não por acaso. Lá existe outra Treze Tílias, em miniatura. A minicidade, feita pelo próprio Valter, traz réplicas de 48 construções originais. No mais, o Lindendorf oferece comida, música e dança bem típicas da Áustria, além de trilhas e um lago com carpas alaranjadas. Outro parque é o dos Sonhos, onde há um labirinto verde e onde está a fábrica de sorvetes. Há ainda o Parque do Imigrante, com capela, via-sacra e lago com pedalinho.
A vinícola Villaggio Grando é uma das atrações de Água Doce, que sedia o maior parque eólico de Santa Catarina
Os enólogos
Em Água Doce, que sedia o maior parque eólico do Estado, há outro local que também virou atração imperdível: a vinícola Villaggio Grando. O portal de entrada fica às margens da SC-451, mas, para chegar à fábrica, o visitante trafega por alguns quilômetros de estrada de chão cercada por grandes parreirais de uva.
A vinícola tem 13 anos e uma história curiosa para contar. Antes, o proprietário, Maurício Grando, nem sequer sonhava em fabricar vinhos: tinha uma das maiores madeireiras da região. Um dia, um cliente francês visitou o estabelecimento e ficou admirado ao ver o quanto a área era propícia para a produção de vinhos. Na mesma época, um amigo colocava à venda as terras onde, mais tarde, instalaria-se a Villaggio. Maurício fechou a madeireira e apostou todas as fichas na vinícola. Deu certo.
No espaço para degustação, inaugurado há dois anos, a vista para o lago e o pôr do sol enchem os olhos. No terreno de 2 mil hectares ainda há duas cachoeiras.