Em algumas viagens, não acontece nada de extraordinário. Em outras, parece que você vive boas, engraçadas e curiosas histórias por todo lugar onde passa. Você tropeça nelas no meio do caminho.
Esse foi o caso da minha última viagem ao Canadá, em dezembro passado, a convite da Comissão Canadense de Turismo (CTC, na sigla em inglês). Semanas atrás, contei neste espaço duas delas, passadas na província de British Columbia. Mas foi Whistler, uma das mais famosas estações de esqui o país, que reservou as maiores surpresas. Contarei duas histórias que ocorreram no mesmo dia, intercaladas.
1. O ator de Hollywood
Recém-chegados a Whistler, às 15h, famintos, fomos ao Milestones Grill & Bar. Mal havíamos sentado, quando o José Mauro Nassar, representante do CTC que nos acompanhava, abordou efusivamente um homem que passava. Logo percebi: era o ator Ray Liotta, de filmes como Os Bons Companheiros e Hannibal. O Zé disse o quanto admirava o trabalho dele, tirou uma foto e estendeu a mão para um cumprimento. Liotta prometeu que, mais tarde, daria o aperto de mão requisitado.
O ator ficou pelo restaurante, vendo TV em frente à lareira. Até comentamos, com amargura: qual é a chance de esse ser hollywoodiano cumprir o prometido? Queimamos a língua. Liotta, ao ir embora, passou pelo Zé e o cumprimentou.
Mas o melhor ainda viria. À noite, fomos jantar no badalado restaurante Araxi. Ainda nos ajeitávamos à mesa quando um homem abraça por trás o Zé, que estava sentado, e beija a sua bochecha. Quem era? Ray Liotta!
Com o faro jornalístico apurado, o editor de fotografia do jornal paulista Diário do Grande ABC, Ari Paleta, sacou a câmera e começou a fotografar.
- Por que vocês tiram tantas fotos? - perguntou Liotta.
E como não tirar? O restaurante inteiro, boquiaberto, ficou achando que o Zé era alguém muito importante. Aliás, não preciso dizer que a relação entre o Zé e o Ray virou tema de muitas piadas durante a viagem.
2. A mulher no café
Um pouco antes do jantar, passamos em um Starbucks. Como não havia lugar para sentar, dividimos a mesa com uma moça que trabalhava ao laptop. Como brasileiros que somos, logo puxamos conversa.
O tempo todo fiquei admirando as madeixas louras da mulher. Papo vai, papo vem, decidi fazer uma pergunta:
- Como você consegue deixar o cabelo cacheado desse jeito?
A moça virou os olhos para mim e, em um gesto rápido, colocou as belas madeixas sobre a mesa.
- É uma peruca - disse ela, tranquilamente.
Por um momento, surgiu o desconforto com a possibilidade de a moça estar em quimioterapia ou coisa parecida. Mas, por baixo da peruca, ela tinha presos os cabelos escuros com mechas grisalhas.
- Só não gosto do meu cabelo - justificou.
Então tá, né... Depois dessa, nos despedimos. Nossos olhares denunciavam: ops, isso foi constrangedor.
*Editora do caderno Viagem
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