Selecionada pela Aiesec Porto Alegre, ONG que promove intercâmbios, passei três meses morando e trabalhando como trainee no maior campo de refugiados da Hungria.
É sempre muito interessante trabalhar em um lugar com pessoas de diferentes culturas, conhecer culturas e religiões com as quais tinha contato apenas na teoria em meu bacharelado em Relações Internacionais. Morando dentro do campo de refugiados, trabalhei com pessoas de 32 países, entre eles Afeganistão, Irã, Iraque, Kosovo, Sérvia, Somália, Sudão e Eritreia.
Hoje posso dizer que nunca aprendi tanto como com a troca cultural que tive. Todo dia acontecia algo que me surpreendia. Dentro do campo existe um mundo completamente desconhecido. Com o convívio no almoço ou no jantar, no convite para conhecer o quarto da família, ou mesmo para um simples café, eu ouvi suas histórias.
Descrições cheias de saudade e emoção de como é largar tudo para trás e ir, com a família ou sozinhos, com crianças recém-nascidas, de um, dois ou três anos de idade, para um país totalmente desconhecido, com pessoas, cultura e língua diferentes.
Percorrer inúmeros países, de carro ou a pé, para fugir de um país que sofre com guerra, opressão, governo totalitário, perseguição, fome ou doenças. À procura do sonho de uma vida melhor, sem preconceitos, sem medo e em busca da certeza de cada dia. Essas pessoas estão tentando começar uma vida nova. Lá elas esperam. Esperam por uma resposta, por um emprego, por um refúgio e pelo próximo dia.
Pessoas que, ao contarem suas histórias, têm muito para ensinar. Ao ouvi-las, percebemos que temos muito para aprender. Tenho muito respeito por todas elas e por tudo que passaram para chegar até lá. Um intercâmbio ou uma simples viagem podem nos ensinar o verdadeiro significado das palavras dignidade e tolerância.
*Bacharel em Relações Internacionais e mestranda em Ciência Política, 23 anos, nascida em Três de Maio, moradora de Porto Alegre
Aprendizado
Leitora conta como foi passar três meses em um campo de refugiados na Hungria
Ana Bárbara trabalhou com pessoas de 32 países, entre eles Afeganistão, Irã, Iraque, Kosovo, Sérvia, Somália, Sudão e Eritreia
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: