Tem sido um ano seco. A primeira metade de 2012 registrou índices pluviométricos abaixo da média histórica, causando perdas na agricultura e pecuária e refletindo em um mau desempenho econômico.
Mas, para um dos principais pontos turísticos do Rio Grande do Sul, a falta de chuva trouxe um aspecto positivo. As aves que colorem a primavera da Lagoa do Peixe, em Tavares, no sul do Estado, chegaram mais cedo.
Isso se dá porque a baixa precipitação deixou trechos que normalmente têm até 70 centímetros de altura de água com entre 10 e 15 centímetros, ficando apenas uma fina lâmina d'água.
A rigor, o local só não teve solo rachado pela seca porque algumas rajadas mais fortes de vento acabaram conduzindo água do mar para a laguna.
Segundo o analista ambiental Pablo Faldo, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), administrador do parque, o baixo nível da água proporcionou a chegada de algumas aves que normalmente só aparecem na região nas épocas mais quentes e de menor nível de água, como a primavera.
- Acredito que os animais, por uma questão global, antecipem a viagem em busca de alimento e, ao passar por aqui, percebem que há peixes em abundância, com fácil acesso, e acabam vindo capturá-los - comenta.
Faldo diz também que esse é um bom período para os apaixonados por fotografia - a variabilidade de espécies e os voos rasantes dos animais proporcionam belas imagens. Há empresas que organizam passeios para a observação das aves.
Onde fica
Tavares está localizada entre o Oceano Atlântico e a Lagoa dos Patos, no sul Estado. Fica a 230 quilômetros de Porto Alegre e a 128 quilômetros de Rio Grande (que só tem acesso por balsa para São José do Norte). Tem cerca de 6 mil habitantes. Com dunas, banhados, capões de matas nativas, faróis, tornou-se um local com um vasto ecossistema.