Croeso! (bem-vindo!). Você está no País de Gales, destino europeu relativamente pouco conhecido dos brasileiros, mas pertinho de Londres, a duas horas de trem, partindo da estação de Paddington. Com 272 quilômetros de comprimento, 192km de largura e 3 milhões de habitantes, o país tem nada menos do que 641 castelos. Isso em números oficiais, porque há quem contabilize 900.
Muitos, aliás, não estão em pé, são ruínas. Os galeses apregoam que tratase da maior quantidade de castelos por quilômetro quadrado do mundo. Construções imponentes, suas torres e salões abrigam histórias de amor e muito ódio, com relatos de execuções sanguinolentas.
A terra onde nasceram Richard Burton, Anthony Hopkins e Catherine Zeta-Jones, atores que dispensam apresentações, é também o berço de Merlim, ele mesmo, o mago. E, segundo consta na história, foi cenário das lutas do Rei Arthur.
O país é entrecortado por vales e montanhas suaves, onde pastam rebanhos e mais rebanhos de ovelhas. Há 15 milhões de animais, o que dá cinco ovelhas por habitante. Além disso, três parques nacionais são a alegria dos esportistas, dos amantes do trekking e da canoagem, mas também de quem só quer ficar contemplando. Conheça, a seguir, um pouco deste país tão pequeno quanto cheio de surpresas e experimente pensar nele como seu próximo destino de férias. Uma vez estando lá, ao fim de cada dia cheio de descobertas, é preciso relaxar em uma refeição à base (adivinhe!) de carne de carneiro, acompanhada de um bom vinho, porque ninguém é de ferro. Iechys da! (saúde!).
Cardiff, cosmopolita e ancestral
A duas horas de trem ou de carro de Londres, Cardiff é ponto de partida natural para começar a visita ao País de Gales, nação que fala uma língua complicada e tem como símbolo um dragão vermelho. A cidade não é muito grande, apesar de cosmopolita, moderna e bastante agradável. -
Alvo de um enorme projeto de recuperação, que transformou uma área lamacenta em um enorme lago de água doce, a baía é hoje um agradável ponto de encontro. Ao longo da orla, há um grande calçadão, onde as pessoas se deixam ficar calmamente, olhando os barcos, tomando um sorvete, namorando, brincando com as crianças, bebendo um drinque ou fazendo suas refeições em um dos muitos bares e restaurantes da Mermaid Quay.
O contraste entre construções antigas e modernas é visível na baía. O Wales Millennium Centre, aberto em 2004 e ponto de encontro das artes e cultura, mostra uma fantástica arquitetura, com fachada onde se destaca o telhado dourado. O prédio abriga a Ópera Nacional Galesa. Próximo, fica o Parlamento do País de Gales, também grandioso, todo em vidro e aço, com telhado em ondas se projetando para o céu e paredes que refletem as águas da baía.
Dos tempos antigos, ficaram a igreja norueguesa, com suas paredes de madeira pintadas de branco, e o prédio em terracota onde funcionava a administração do porto. O edifício é de 1896; já a igreja, de 1868, foi erguida pelos marinheiros noruegueses responsáveis por levar para o local as vigas de madeira que seriam usadas nas minas de carvão. O contraste entre o vermelho do prédio da administração e o telhado dourado do Wales Millennium Centre é admirável e atrativo certo para as máquinas fotográficas de turistas do mundo inteiro.
Não dá para negar. O centro da cidade é dominado pelo Castelo de Cardiff, que se originou como um forte romano, passou pelas mãos de vikings e normandos e hoje é uma mistura de construções e estilos - do medieval ao mourisco - que foram sendo acrescentados ao longo das eras, conforme se sucediam os proprietários.
O último foi John Patrick Crighton Stuart, o terceiro Marquês de Bute, um dos homens mais ricos do mundo à época. Ele contratou o extravagante arquiteto William Burges, que, entre os anos de 1869 e 1881, finalizaria a versão atual, marcada pelos traços góticos.
A construção majestosa, com suas torres, como a do relógio e a Octogonal, integra-se à malha urbana, impassível em meio ao trânsito veloz. Mas talvez seja o seu interior a parte mais interessante. Uma das salas mais bonitas é a árabe, com um teto todo decorado de mármore islâmico e lápis-lázuli. Era ali que as mulheres se reuniam para conversar, protegidas do mundo exterior por treliças nas janelas turcas.
Depois de conhecer o Castelo de Cardiff, uma boa pedida é circular nas redondezas, cheias de ruas e jardins vitorianos e eduardianos. Há um mercado coberto do século 19 e, nas ruas principais, como a St. Mary Street, charmosas galerias com teto de ferro. A Royal Arcade, mais antiga, data de 1856. Esse é o lugar para comprar lembranças locais e fazer um lanche em um dos bistrôs.