A capital da República Checa não se destaca por espaços fechados como museus e óperas, mas pelas surpresas que suas ruas e monumentos históricos oferecem ao turista. Andar pela cidade é a melhor forma de conhecer as belezas de Praga.
Apesar da dificuldade do idioma, não é difícil transitar entre as ruas de nomes longos, muitas vezes impronunciáveis. Além disso, os checos são abertos àqueles que se interessam pelas belezas do país, o que não impede certa confusão entre os visitantes. Poucos são aqueles que falam inglês fluente, mesmo em guichês de museus e lojinhas de suvenires.
A vantagem é a geografia de fácil compreensão e a concentração dos pontos turísticos em áreas próximas da Capital.
Embora Praga seja a maior cidade da República Checa, com 1,2 milhão de habitantes, as principais atrações turísticas se concentram em quatro bairros da cidade: Nove Mesto, Stare Mesto, Mala Strana e Josefov. No Nove Mesto (Cidade Nova), a Praça Venceslau, padroeiro do país, é um bom ponto de partida para o passeio. Foi ali que, em 1968, se deu o combate entre tropas locais e soviéticas, encerrando o período conhecido como Primavera de Praga.
Em 1989, os líderes comunistas foram derrubados do poder pela Revolução de Veludo. Na extensa Avenida Vaclavske Namesti, que se inicia sob a imponente estátua do padroeiro, é possível encontrar barraquinhas de rua com um aroma convidativo. Ao final da avenida, ruelas estreitas parecem um labirinto para os que exploram pela primeira vez a cidade.
As lojas de cristais da boêmia, produto típico da região, também são um indício de que aquele é um dos caminhos preferidos dos turistas. E é logo em frente, no pátio da velha prefeitura, que o visitante se deslumbra com os belos prédios que cercam a praça. O local é um dos pontos altos da cidade.
O espaço reúne cafés charmosos, com mesas na calçada e banquinhas de sorvete durante o verão europeu.
Cidade das cem cúpulas
Os checos não se caracterizam por uma vida religiosa regrada - 70% da população se declara sem religião - mas há templos em Praga - conhecida como a cidade das cem cúpulas - que valem uma visita, seja pela arquitetura, seja pela história. O bairro judeu Josefov, ao norte da Capital, reúne as principais sinagogas da cidade.
O próprio nome da região é uma referência ao imperador do século 18 que teria abolido os símbolos obrigatórios a serem usados pelos judeus checos - uma estrela de Davi amarela ou um determinado modelo de chapéu. Apesar da iniciativa, judeus eram estigmatizados na cidade e só poderiam ser enterrados em um único espaço, o antigo cemitério judeu, aberto para visitação.
Ali, há cerca de 12 mil tumbas, mas o número de enterrados pode chegar a centenas de milhares. Por entre as lápides, é possível ver bilhetes sob pequenas pedras, que guardam pedidos e desejos daqueles que passeiam pelo lugar.
E, para quem pretende conhecer outras referências do passado judeu da região, a melhor opção é adquirir um bilhete único, que dá acesso não só ao cemitério como também a sinagogas de Josefov, belas pela diversidade de suas fachadas e pelo preciosismo da decoração interior.
Para o representante do escritório de turismo checo no Brasil, Luiz Fernando Destro, o leste europeu está despertando maior interesse daqueles que já fizeram turismo nas cidades tradicionais da Europa, como Paris, Roma e Londres.
- Agora, os viajantes querem uma coisa nova dentro do próprio continente - avalia.
E a capital checa é um dos principais destinos dessa aventura fora do eixo convencional.
- Praga é a última dessas cidades antigas que ainda guarda locais onde o tempo parece não ter passado, onde os relógios pararam. Lá, os ponteiros mostram apenas o passado à nossa frente - observa o escritor Jaroslav Seifert (1901-1986), em um de seus textos dedicados à cidade.
Rumo ao castelo
Para chegar ao Castelo de Praga, as lojas e fachadas criativas das casas da Rua Nerudova funcionam como distração para quem se arrisca na subida íngreme. O nome da rua é uma homenagem ao escritor checo Jan Neruda.
O Castelo de Praga é o ponto turístico mais visitado da cidade. Foi ali que reis governaram e onde hoje estão suas tumbas, na bela catedral São Vito, de estilo gótico. O complexo exige tempo para ser explorado, já que inclui, além do palácio real, templos religiosos, galerias de arte, uma torre de pólvora e uma viela dourada.
Com tantos monumentos, os museus de Praga ficam em segundo plano, mas nem por isso merecem ser esquecidos. Se as grandes obras de arte estão expostas em museus da Europa Ocidental.
Encantos do leste
A sinagoga Pinkas é uma das mais singelas, mas nem por isso deixa de causar impacto. Em suas paredes, estão os nomes de todos os judeus desaparecidos durante a II Guerra Mundial. É possível visitar ainda uma exposição com desenhos de crianças presas no campo de concentração de Terezin.
Das 8 mil crianças que foram para a cidade, ao norte de Praga, apenas 242 retornaram para casa. A sinagoga espanhola, por sua vez, chama atenção pela imponente fachada e pelo interior ricamente decorado.
Mas é a velha-nova sinagoga que recebe maior número de curiosos. O templo, o mais antigo da Europa Central, localiza-se logo no início do bairro, numa discreta rua de pedra. O espaço é tão pequenino que é preciso se abaixar para passar pela pequena porta.
Os templos da capital checa, conhecida como a cidade das cem cúpulas, merecem ser visitados devagar, sem pressa Capital recebe turistas de todo o mundo, que preferem caminhar pelas ruas