Com a rede hoteleira lotada e a presença estimada de cerca de 500 mil turistas, o Carnaval é uma das datas que mais movimentam o litoral gaúcho no ano. Com isso, o cenário das praias muda com a presença de turistas e foliões — e não é somente na beira-mar, apesar da praia lotada neste domingo (11) de sol e mar com água escura.
É durante esse período que muita gente aproveita para dar uma pausa na correria do trabalho e descansar. Mais do que isso, em alguns casos, aproveita-se para reunir a família toda para um passeio no litoral.
Na praia de Atlântida Sul, em Osório, um grupo de 20 pessoas da mesma família decidiu sair de Candelária, no Vale do Rio Pardo, e alugar uma casa para se hospedar por seis dias neste período de Carnaval. Entre 16 adultos e quatro crianças, o objetivo foi fugir da rotina e reencontrar os parentes.
— Lá ninguém tem tempo para nada, ninguém se vê. A gente combina de se encontrar, mas nunca acha tempo. Então aqui é uma forma de compensar — conta Anselmo da Silveira, que entrou no clima de descontração do Carnaval e aceitou o desafio de pintar o bigode de rosa.
A logística para acomodar tanta gente não é simples. De Candelária a Atlântida Sul são quase 300 quilômetros e quase quatro horas de viagem, com todos divididos em sete carros. Depois, na chegada à casa alugada, são separados oito colchões em três quartos e na sala, além de três barracas na garagem e no pátio.
— A gente comenta que esse é um desafio de trazer vários núcleos familiares, de personalidades diferentes — ressalta Sarah Silveira.
Além do deslocamento, também tem aqueles itens essenciais. Em relação ao papel higiênico, por exemplo, a família precisou comprar 30 rolos para os dias de veraneio. Ao preservar a tradição gaúcha, o grupo consome quatro cuias de chimarrão por dia. Já na alimentação, somente no final de semana de Carnaval, foram mais de 30 quilos de carne e 60 pães. A divisão é feita entre todos, enquanto um fica encarregado de juntar a verba e fazer o “rancho”.
Dentro de casa, a disputa maior é pelos dois banheiros.
— De tardezinha, os que voltam primeiro da praia já vão tomando banho. Nisso, os que ficam lá já vão avisando: “vai que daqui a pouco tô chegando”— diverte-se Douglas Freitas.
Questionados sobre o motivo de escolherem viajar todos juntos, alguns brincam: “fui obrigado”, “não tive escolha”. Mas, no fim das contas, Bethy Silveira conclui e todos concordam:
— Uma praia sozinha não tem graça. Tem que ficar só a gente no guarda-sol ou fazer amizade com outras pessoas. Todos nos damos bem, no final das contas.
Movimento maior neste ano
A vinda da família de Candelária é apenas um exemplo de um litoral com movimento maior do que em 2023 neste período de Carnaval. Conforme o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Cesion Pereira, o consumo no setor nas cidades da região está em torno de 8% maior do que no ano passado.
— Atribuo o aumento a dois fatores: janeiro foi um mês de muita chuva e a previsão para o Carnaval está se confirmando com muito calor, e o outro é por ser início do mês, e o pessoal está com o pagamento de salários ainda recente — avalia.
Um supermercado de Xangri-Lá comprova essa evolução ao ter tido um aumento de 30% a mais no movimento em relação ao ano passado e a mesma elevação se comparado com outros finais de semana dentro do verão atual.
— No começo da temporada, o pessoal procura mais produtos de limpeza e itens de cesta básica. Agora, no Carnaval, temos um incremento nas vendas de carnes e bebidas. Por isso, trouxemos funcionários de outras lojas da rede do interior para reforças as equipes de operacional e atendimento aqui — explica Claudia De Camillis, gerente operacional.
Já em Capão da Canoa, o secretário municipal de Turismo, Marcelo Ramos, aponta crescimento em diversos setores. A grande maioria dos turistas, segundo ele, seguem sendo de Porto Alegre e Região Metropolitana, além da Serra.
— Rede hoteleira lotada, restaurantes com filas, beira-mar com cada centímetro de areia disputado. Estamos numa crescente e em comparação ao ano passado — comemora.
Coleta de lixo reforçada
Com as cidades litorâneas cheias de turistas, o descarte de resíduos também sofre um reflexo. Nesse caso, em Capão da Canoa, a estimativa parcial da Secretaria de Meio Ambiente é de que já houve um aumento de 80% na quantidade de lixo recolhido em relação à média semanal.
A empresa responsável pela coleta opera com 12 caminhões e mais três reservas, quatro vezes por dia.